sábado, 21 de julho de 2012

O meu trabalho "A Ressurreição"


Hoje venho partilhar convosco este meu trabalho “A Ressurreição”. Trata-se de um trabalho que iniciei em Novembro de 2003 e já estamos em 2012. será que já está completo?

Não acho, pois há sempre novidades sobre este tema surgindo. Pelo menos, nesta altura, parece-me que está o mais atualizado que nos é possível.

Espero que seja importante na vida de cada um de vós.❐

A Ressurreição”


de Maria de Portugal


Apresentação do tema


Ouvi um astrólogo dizer que em 2004 se inicia uma nova era cósmica, a Era da Espiritualidade, Era da Verdade porque se inicia o signo astrológico Aquário, que é do Ar, para a humanidade e, portanto tudo o que é falso será descoberto. Interessante!

Este tema “A Ressurreição” é o tema que me proponho trabalhar durante o ano de 2004.

Assim começo a escrever sobre este tema que é muito aliciante. Desde as civilizações antigas que há povos que crêem na vida para além da morte, crêem na existência da alma ou na existência do espírito, mas pouco mais se sabia e a compreensão deste mistério religioso tem estado sempre relacionado com o corpo físico. Este terceiro milénio trouxe mais alguns esclarecimentos e é à luz desses conhecimentos que tenciono traçar a evolução deste tema no conhecimento humano na minha condição de leiga.

Lagos, 20 de Novembro de 2003

Venho atualizar este trabalho e publicá-lo neste meu blogue “Conviver e Acreditar” para o partilhar com aqueles e aquelas que, por algum motivo, talvez porque estes temas também lhes sejam importantes, vão lendo o que vou pensando, reflectindo, escrevendo e partilhando pela necessidade que todos os que escrevem, têm de partilhar.

São mais umas boas-novas sobre o Senhor Jesus Cristo que passei a conhecer e gostaria de partilhá-las com todos aqueles e aquelas para quem estes temas são importantes.

Lagos, 03 de Maio de 2012

Índice

Apresentação do tema .......................................1

Introdução .............................................................. 2

A Ressurreição no Antigo Testamento ............  2

A Ressurreição segundo a Palavra de Jesus Cristo ...............................................................................  5

1- Percurso de Jesus Cristo .............................5

2- Jesus Cristo segundo S. João 44

A Ressurreição no tempo da Igreja Primitiva 53

Cartas de S. Paulo 58

Cântico do Amor 63

A prática cristã dos baptizados 67

Carta de S. Tiago …..................................74

Cartas de Pedro 75

Cartas de S. João ….............................. 76

Carta de Judas …................................. 77

Problemas da Igreja Primitiva 77

A Ressurreição nos textos apocalípticos 78

O terceiro milénio e a ressurreição 80

Epílogo …........................................... 81

Introdução


Todos nós temos consciência que se iniciaram novos tempos com o início do Terceiro Milénio. Houve uma grande luta que certamente não está terminada, mas inauguraram-se os tempos da espiritualidade porque agora JESUS CRISTO é Senhor e Rei da humanidade e Deus reina sobre a Sua Criação.

Os novos tempos, da Espiritualidade, implicam uma abertura para o conhecimento do ser humano na sua essência: o seu interior. Nos finais do século passado, tantas vezes se afirmou que os seres humanos conhecem tanto de tudo o que os rodeia, mas é tão grande a sua ignorância relativamente a si próprios. É verdade; mas cá está a oportunidade para se conhecerem. No entanto, continuam a ser verdade as palavras proferidas por Jesus Cristo e parafraseadas por mim agora: quem é de Deus pára, escuta, raciocina sobre o assunto, aceita. Quem não é de Deus, recusa tudo e não há testemunho ou milagre que o converta porque a conversão é sempre interior; só para quem abre o coração, esse está pronto para a mudança. Os outros mudarão sempre para pior, pois ninguém fica como está.

Primeiro, há que compreender o que é a ressurreição. Esta é condição sine qua non.

Ressurreição – acto de ressurgir ou de reaparecer vivo depois de ter morrido; ressurgimento.

Reanimação – acto ou efeito de fazer com que o coração, que deixou à pouco de trabalhar, volte a funcionar; fazer recuperar o uso dos sentidos.

A partir daqui há que tentar perceber o ser complexo que cada um de nós é. Muitos mal-entendidos há porque havia necessidade de compreender e praticar outras coisas primeiro como a relação com o outro, com a natureza e com Deus; a Família de Deus; humildade e dignidade; justiça, perdão e penitência, misericórdia, Amor-do-coração e Amizade, Paz e Concórdia, Respeito pelo semelhante independentemente da raça, cor, religião, estatuto social, sexo, ... Pode-se saber muito sobre o ser complexo que nós somos e a ressurreição; mas sem isto ninguém se salva.

É sobre isto que este tema será trabalhado. Nunca ficará tudo dito. Nem Deus, o Pai, Jesus Cristo pretendem isso de mim. Este trabalho é apenas um pontapé de saída. A partir daqui cada um fará as suas reflexões; terá as suas vivências, chegará às conclusões que o seu nível de desenvolvimento lhe permitem. Deus, o Pai e muita da Sua Família habitam em todos os que se interessam por estes assuntos e com todos querem comunicar e a todos querem informar. Só das trocas de impressões entre todos nós, chegaremos a uma Verdade mais global, mas nunca acabada. Isso Deus, guarda para Si.

Mãos à obra, meus amigos!

Lagos, 26 de Novembro de 2003

A Ressurreição no Antigo Testamento


    • “Reuniram-se todos os anciãos de Israel e vieram ter com Samuel a Ramá. Disseram-lhe: - Estás velho e os teus filhos não seguem as tuas pisadas. Dá-nos um rei que nos governe como têm todas as nações.

Samuel pôs-se em oração. O Senhor disse-lhe:

- Ouve a voz do povo em tudo o que te disser, pois não é a ti que eles rejeitam, mas a Mim para que Eu não reine mais sobre eles. Fazem o que sempre têm feito: abandonam-Me para servir divindades. Atende-os, mas expõe-lhes solenemente os direitos do rei que reinará sobre eles.

Referiu Samuel todas as palavras do Senhor ao povo que lhe pedia um rei e disse-lhes:

  • Eis como será o poder do rei que vos há-de governar:
    • tomará os vossos filhos para guiar os seus carros e a cavalaria e para correr diante do seu carro;
    • fará deles chefes de mil e chefes de cinquenta, empregá-los-á nas suas lavouras e nas suas colheitas, na fabricação das suas armas e dos seus carros;
    • tomará as vossas filhas como suas perfumistas (serão massagistas?), cozinheiras e padeiras;
    • há-de tirar-vos também o melhor dos vossos campos, das vossas vinhas e dos vossos olivais e dá-los-á aos seus servidores;
    • cobrará o dízimo das vossas searas e das vossas vinhas para o dar aos seus cortesãos e ministros;
    • tomará os vossos servos e as vossas servas, os melhores de entre os vossos mancebos e os vossos jumentos para os colocar ao seu serviço;
    • cobrará também o dízimo dos vossos rebanhos e vós próprios sereis seus servos.

Então clamareis por causa do rei que vós mesmos escolhestes, mas o SENHOR não vos ouvirá.

O povo não quis ouvir Samuel e disse:

- Não! Precisamos de ter o nosso rei! Queremos ser como todas as outras nações. O nosso rei administrará a justiça; marchará à nossa frente e combaterá por nós em todas as guerras.

Samuel comunicou ao SENHOR e o SENHOR disse-lhe:

  • Faz o que te pedem e dá-lhes um rei.”(1 Samuel 8,4-22)

  • “Pilatos perguntou ao povo que se encontrava reunido:

- Qual quereis que vos solte: Barrabás ou Jesus chamado Cristo?

Os sumos sacerdotes e os anciãos persuadiram a multidão a pedir Barrabás e exigir a morte de JESUS CRISTO. O povo respondeu:

- Barrabás!

Pilatos pergunta-lhes: - Que hei-de fazer de JESUS chamado CRISTO?

  • Seja crucificado! – respondeu o povo.
  • Que mal fez Ele? – pergunta-lhes Pilatos.
  • Seja crucificado! Seja crucificado! Que o Seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos! – respondeu-lhe o povo judaico.” (S. Mateus 27,15-26)

  • Tu, malvado, pretendes arrancar-nos a vida presente, mas o Rei do Universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna, se morrermos fiéis às Suas leis.

(...) Vale a pena morrermos às mãos dos homens quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó rei, não ressuscitarás para a Vida.” (II Macabeus 7,1-14)

  • Nesse tempo virá a salvação para o teu povo, para aqueles que estiverem inscritos no Livro de Deus. Muitos dos que dormem no pó da terra acordarão

(esta expressão não está correcta porque não corresponde aos mortos para o mundo da Alma. Para o mundo da Alma estão vivos aqueles que pensam e raciocinam, isto é, têm os respectivos espírito (do mundo das almas) e alma juntos. São livres. Estão mortos aqueles que têm a alma no Hades (sem espírito – só alma, mas fazem a sua vida) porque são autómatos, isto é, obedientes a toda a ordem do Presidente. A criatividade é do Espírito de Deus. As outras almas foram destruídas, as que viveram para o prazer e/ou para o ter no seu egoísmo.)

Uns acordarão para a vida eterna; outros para a vergonha e o horror eterno.

(Isto é, aqueles que estão mortos no Hades voltarão a nascer com alma nova, mas o mesmo espírito numa oportunidade de conseguirem passar a sua vida na Terra sem vícios. Se o conseguirem, ressuscitam e ficam com Jesus Cristo e Maria no Mundo da Liberdade e Amizade e Comunhão. Se não conseguirem, as suas almas serão destruídas. Não haverá mais Hades.)

Os sábios (os possuidores da Sabedoria) resplandecerão como a luz do firmamento

(os que, vivendo fisicamente na Terra, forem dignos de ser habitados por pessoas celestes da Nova Criação – filhos de Deus – recebem uma alma nova e uma pessoa e nascerá uma estrela para cada um que os guiará e alimentará a sua fé e cada estrela resplandecerá eternamente no firmamento)

e os que tiverem ensinado a muitos o caminho brilharão como estrelas por toda a eternidade. (Daniel 12,1-3)

  • “... reza-se ainda hoje: não haverá injustiças nos Seus dias porque todos serão santos e o seu Rei será o Ungido do Senhor. É a esperança messiânica intacta na chegada do filho de David, na reedificação de Jerusalém e na expectativa da reunificação de todos os que andam dispersos.” (texto do documentário “Nas Pegadas de Cristo” da Rádio Televisão Italiana)

Comentário: Deus não tem de cumprir os nossos planos; nós, sim, devemos cumprir o plano de Deus para todos e cada um de nós se realmente queremos a salvação de todo ou de parte de cada um de nós e a sua reunião com Jesus Cristo e Maria e confiados a Deus e ao Pai.

Deus é Misericordioso porque perdoa todas as nossas faltas desde que nós queiramos e aceitemos nos converter para o Bem e transformar a nossa maneira de ser e de agir. DEUS é Justo; Ele é o Rei do Universo. Após a conversão, todos os convertidos se sentem sempre justiçados porque entregam a Deus todo o mal e todo o bem que lhes fazem.

Todos serão santos – Sabemos que a superfície da Terra é para homens e mulheres com seres interiores de várias proveniências e de vários níveis de evolução. Estamos todos em estágio, vivendo uma oportunidade de crescermos interiormente pelo sofrimento. Uns conseguirão resistir aos maus com o auxílio de Jesus Cristo e de Deus; outros conseguirão resistir aos vícios com o auxílio de Jesus Cristo e de Deus; outros não conseguirão porque não têm fé e viverão revoltados e serão destruídos. Todos serão santos – deve ser uma afirmação relativa aos vivos do mundo dos Vivos que coexiste com este mundo material da Terra e nos vários níveis da atmosfera. Todos são santos porque vivem sem vícios; os casais unem-se para procriar e vivem em paz, harmonia e amizade.

  • Mais vale uma vida sem filhos possuindo a virtude, pois a imortalidade está na virtude.(...)

Tendo-se tornado agradável a Deus, foi amado por Ele e, como vivia entre pecadores, foi transferido por Deus. Foi arrebatado a fim de que a malícia não lhe corrompesse a alma. (...) chegado rapidamente à perfeição, atingiu a plenitude de uma longa vida (celeste). A sua vida era agradável ao Senhor, por isso Ele se apressou a tirá-lo do meio do mal.”

(Livro da Sabedoria 3,4,5)

Comentário: O objectivo primeiro de qualquer ser humano é transmitir vida, pois só assim a espécie consegue existir e progredir. Agora há várias maneiras de transmitir vida: pela procriação (ou pela Palavra ou pela adopção) e aqui também há duas maneiras: pela via do ser natural ou pela via do ser celeste. Quem escolhe a via do ser natural, fica preso à Terra; passa a pertencer-lhe. Quem abdica desta procriação, após a menopausa pode aceitar que o seu ser celeste procrie e aí passa a pertencer ao céu porque deu vida (novos seres humanos) ao céu. Também pode ser mãe de adopção natural e depois da menopausa o ser corpo celeste ser mãe.

A Ressurreição segundo a Palavra de Jesus Cristo


1 – Percurso de Jesus Cristo


Acho que devo começar esta parte reflectindo sobre o testemunho que Jesus Cristo nos dá de Si. As informações são reunidas a partir do Evangelho de S. Mateus principalmente por este ter sido a testemunha ocular e íntimo de Jesus Cristo e também porque me parece que Jesus Cristo escolheu Levi, depois Mateus, para que este escrevesse e desse testemunho de tudo o que presenciou e escutou de Jesus Cristo. Levi era publicano, isto é, cobrador de impostos (para os romanos) e foi no seu local de trabalho que Jesus Cristo o chamou. A resposta de Levi foi imediata e alegre e ofereceu um banquete em sua casa em honra de Jesus Cristo e para festejar a sua nova vida, de discípulo de Jesus Cristo. Não era feliz devido ao desprezo dos seus irmãos de raça.

Como apóstolo saiu da Palestina para anunciar a Boa Nova na Etiópia onde foi martirizado. As suas relíquias encontram-se depositadas na cripta da famosa catedral de Salerno em Itália. S. Mateus escreveu o seu evangelho entre os anos 70 – 80 da nossa era.

Parece-me que cada um dos apóstolos foi escolhido para uma missão completamente diferente.

Percorramos o evangelho de S. Mateus:

1.Em menino, Jesus Cristo, com certeza, terá frequentado a escola da sinagoga. Não esquecer que Maria teve a anunciação do Anjo, as manifestações de pessoas credíveis como Simeão e Ana e sabia que o Seu Filho era o Filho de Deus, não poderia deixá-l’O analfabeto e Ele deveria conhecer as coisas de Deus, Seu Pai

  • José e Maria regressaram aflitos ao Templo de Jerusalém e passados três dias foram-no encontrar sentado entre os doutores da Lei a conversar com eles. (...)Jesus Cristo respondeu-lhe: - Por que me procurastes? Não sabeis que Eu devo estar na casa de Meu Pai? (S.Lucas 2,41-52)

Com certeza Jesus Menino frequentou a escola da sinagoga.

Na verdade, Jesus Cristo foi gerado pelo poder do Espírito Santo, mas José, esposo de Maria, registou-O e aceitou-O como seu filho, como se tivesse sido gerado por ele, José.

Maria era uma mulher jovem e casada pela lei judaica com José; tinha obrigação de cumprir os seus deveres de esposa e ambas as famílias a pressionavam para isso. Só passados quatro a cinco anos após o casamento, este se terá consumado.

Pensando sobre o Natal de Jesus Cristo, tenho andado a pensar naquela viagem de três dias de Nazaré a Belém que José e Maria fizeram para o recenseamento, pois Jesus Cristo nasceu no ano do recenseamento romano na Palestina.

Começando pelo princípio: Maria era uma jovem de dezassete anos segundo o calendário lunar usado na época, virgem, como era obrigatório naquela época para jovens solteiras. Vivia com Zacarias, sacerdote, irmão de sua mãe, Ana, (que já tinha falecido e o seu marido, Joaquim, também) e Isabel, sua esposa, e viviam em Ain-Karim, a 6 km de Jerusalém1. José, apesar de viver em Nazaré, era de Belém e as famílias de Zacarias e de José eram ainda familiares. José mostrou-se interessado em Maria, pedindo-a em casamento e Zacarias aceitou. O compromisso estava firmado.

Então Maria recebe a visita do Anjo Gabriel e fica grávida por graça do Espírito Santo. Enquanto Maria continuava a viver com os seus tios, José estava a viver temporariamente em Jerusalém, em casa de familiares e só de vez em quando aparecia em Ain-Karim porque os transportes, naquela altura, não eram nada que se assemelhasse aos atuais e olha para o ventre de Maria e acha-o volumoso e, nervoso, pergunta-lhe o que se passa. Maria, a pouco e pouco e cheia de lágrimas, vai-lhe narrando o que lhe tinha vindo a acontecer desde os esponsais. José fica mesmo desorientado, sem saber se acreditar, que dizer, que fazer e a maldizer tudo e todos. Perguntou a Maria se os seus tios sabiam e ela disse que não. Então decidiu não pedir reparação a Zacarias e fala com ele o seu desejo de levar Maria consigo para Nazaré, para a sua casa. Zacarias aceitou radiante e lá partiram os dois e Jesus Cristo já no ventre de Maria. José, não mencionando nada a Maria, ia com muita raiva de tudo o que estava a acontecer e decide repudiá-la em silêncio2. José não tinha tido relações sexuais com Maria e não iria ter; o Anjo também tinha comunicado com José, mas durante o sono «José, não temas receber Maria como tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo.» Assim perante todos, ele era o marido de Maria e o pai do bébé, mas na intimidade seria reservado e não teria relações sexuais com ela!

Decidiu levá-la para Jerusalém e depois seguiria para Nazaré.

Maria andava muito apreensiva com o seu futuro e a sua gravidez e José quase sempre zangado sem Maria perceber porquê. O anjo Gabriel visita Maria durante o seu sono e informa-a: "Inquietas-te em vão. A tua tia (por afinidade) Isabel também concebeu um filho e já está no sexto mês de gravidez."(Lc 1,36)

Maria fica numa excitação, conta a José e diz-lhe que tem de ir visitá-la para lhe prestar ajuda já que ela era como se fosse sua mãe. Foi criada por ela e por seu tio, Zacarias.

  • Mas como? Há pouco tempo viemos de lá e ninguém falou no assunto. Nem tu sabias!
  • O anjo disse-me e os anjos não mentem! - respondeu-lhe Maria.

José condescende e Maria lá segue para Ain-Karim, enquanto José permanece em Jerusalém por causa do seu trabalho.

Durante os últimos quase três meses até ao nascimento do bebé de Isabel, Maria permaneceu com os tios e José foi visitá-los duas vezes.

Nasceu um menino e foi-lhe dado o nome de João. Maria regressou a casa, em Jerusalém. José disse-lhe:

- Maria, isto não pode continuar assim: viveres com um pé aqui e outro pé na casa dos teus tios. Vamos já para Nazaré.

Assim foi. Passaram cinco meses.

Entretanto foi publicado um édito do imperador César Augusto para que houvesse recenseamento em todo o império romano; na Palestina, este ocorreu por volta do ano 6 a.C. quando era governador da Palestina, Herodes, o Grande, que faleceu no ano 4 d.C. e era governador da Síria, Públio Sulpício Quirino. Este erro sobre a data do nascimento de Jesus Cristo deve-se a um erro de cálculo de Dionísio, o Pequeno (século VI) que é compreensível devido à falta de documentos e instrumentos técnicos que o pudessem apoiar neste cálculo. Nunca esquecer os perigos de vida que corriam todos aqueles que se relacionassem com o nome de Jesus Cristo, após a sua ascensão. Assim Jesus Cristo nasceu exatamente por volta do ano 6 a.C..

Então aproximava-se a data do recenseamento em Belém e era exigido a todos os cidadãos que se recenseassem no concelho onde tinham nascido. José pertencia à linha de David e tinha nascido em Belém. Maria já estava com a gestação do seu bebé bem avançada, mas José não podia deixar de comparecer para se recensear em Belém e à sua família para bem de todos e havia datas a cumprir. Maria e José foram a Belém recensear-se e Jesus Cristo lá nasceu.

Narra o Evangelho de S. Lucas que "Maria estava no nono mês da sua gravidez". Logo me ocorre a diferença de calendários: S. Lucas e o nascimento de Jesus Cristo ocorreram num tempo e num lugar de calendário lunar. Quando estes textos foram traduzidos para português já era tempo e lugar do calendário solar; será que os tradutores tiveram isto em atenção?

Em segundo lugar, ocorre-me que José gostava muito de Maria; por isso a pediu em casamento. Ora se Maria estivesse prestes a dar à luz, por muita vontade que José tivesse de recenseá-la, nunca a levaria numa viagem de três dias pelo sofrimento que isso implicava para ela e também pela atrapalhação que José passaria e falta de meios para lhe dar assistência no parto. Era o primeiro filho para ambos, mas José sabia que não se gostaria de ver em tal situação durante a viagem. Ele não permitiria que Maria se metesse ao caminho, apesar de querer muito que ela se recenseasse com ele. Não, Maria não poderia estar com o tempo de gestação acabado; senão ela não faria esta viagem.

Acredito que Maria estaria aí pelo seu sétimo mês de gestação pelo nosso calendário, talvez próximo do oitavo. Ambos imaginaram que Maria faria a viagem sem problemas e depois esperariam o nascimento do bebé em casa de familiares de José que dariam a assistência devida na altura do parto. Maria levou o enxoval do bebé consigo e lá partiram os dois com Maria montada na burrinha. Só que o tempo que José pensou levar em viagem certamente duplicou ou triplicou porque o andamento da burrinha no seu caminhar provocava mal-estar e dores a Maria no seu estado de gravidez bastante avançada e a marcha abrandava e Maria descia da burrinha para se distender um pouco no chão e aliviar as dores. José deu consigo muitas vezes arrependido de a ter trazido; mas que fazer? Voltar para trás seria pouco mais ou menos o mesmo percurso que avançar e lá iam avançando e Maria sustendo as dores quanto podia e pedindo a José para pararem quando não aguentava mais e José cobria-se de suores. Todos passavam e eles cada vez ficavam mais para trás.

Foram dos últimos a chegar a Belém; por isso não encontraram lugar em nenhuma hospedaria, pois quando chegaram a Belém, esta cidade-vila estava cheia de gente que, como o José, tinha nascido no concelho, mas morava longe. Todas as hospedarias estavam cheias e José não conseguiu lugar em nenhuma delas nem/ou por causa do bebé estar prestes a nascer.

Já nos limites de Belém e perante mais um “não”, José desesperou. Vendo o seu desespero, o dono da hospedaria cedeu-lhes a ramada. Não seria o lugar ideal para um bebé nascer, mas era melhor do que acontecer na rua sem nenhum resguardo. José agradeceu e lá se encaminhou com Maria e a sua burrinha, em cima da qual Maria fez o percurso de Nazaré a Belém.

José aconchegou umas palhas e Maria deitou-se tapada com as mantas que tinham trazido, enquanto José saiu a buscar água e algum alimento para os dois. Quando regressou, tal não foi o seu espanto quando viu Maria com um menino ao colo embrulhado na sua roupinha trazida por Maria. Ele não queria acreditar, mas era verdade: Maria já tinha o seu bebé ali, à vista. Correu à hospedaria a pedir uma parteira que a examinasse para saber se estava tudo bem com ela e com o menino. Era noite, seria difícil! - disseram-lhe na hospedaria – Mas, pela manhã, ficasse descansado que teria uma mulher experiente para vê-la. Tinha a sua palavra. – disse-lhe o estalajadeiro.

Finalmente José dirigiu-se com calma para a ramada. A noite não estava fria, mas húmida e lá se deitou ao lado de Maria e do Menino para ficarem mais quentinhos.

Entretanto uma luz brilhava no céu e não era uma estrela. Era completamente diferente delas. Vários astrólogos a viram e pensaram: É este o sinal pelo qual estávamos esperando. O Rei dos reis já nasceu. Onde terá acontecido? Quem será ele?

Os astrólogos daqueles tempos eram pessoas muito importantes e muito desejadas. Os reis só tomavam decisões, após ouvi-los. Na verdade, eram eles que governavam porque os reis só faziam o que os magos (assim se chamavam naquela época) lhes diziam e aconselhavam. Mesmo que desejassem muito fazer o contrário, não se atreveriam porque não queriam as consequências que o mago tinha avisado que aconteceriam, se o rei teimasse em fazer o que queria. Os magos viviam muito bem, eram muito respeitados e eram os cientistas da época.

Mais uma vez, os magos sabiam o que mais ninguém sabia: o Rei dos reis tinha nascido e só eles o sabiam. Aquela luz o testemunhava e aquela luz era Cristo. Mas Cristo não avisou apenas os magos. Aquela luz apareceu perto dos pastores com um anjo. Eram pastores que, de madrugada, tinham saído com os seus rebanhos para passarem o dia na serra. Disse-lhes o anjo:

- Esta noite, na cidade de David, nasceu-vos o Salvador que é o Messias, o Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.

De repente, os pastores que já estavam cheios de medo com a presença daquela luz e do anjo, ouviram uma multidão de vozes, sem verem ninguém, cantando:

- Glória a Deus nas alturas e paz na Terra a todos os de boa-vontade. (S. Lucas 2, 8-15)

Os pastores ficaram extasiados com aquela manifestação divina (teofania) e após, decidiram ir a Belém ver o que tinha acontecido e que o Senhor lhes dera a conhecer.

Entretanto já era manhã cedo, Maria e José esperavam a parteira e decidiram pôr o Menino na manjedoura perto da vaca que estava na ramada e da sua burrinha e fizeram a sua higiene.

O estalajadeiro saudou-os e trouxe um jarro com o qual ordenhou a vaca e ofereceu o leite para o Menino beber e os pais também. Também lhes ofereceu pão e chouriço. A parteira entrou e ficou com Maria, enquanto José saiu com o estalajadeiro que se sentia uma pessoa muito feliz.

Chegaram os pastores e contaram ao estalajadeiro e a José o que lhes tinha acontecido. O estalajadeiro e José ficaram estupefactos. Sai a parteira e diz a José: - A sua mulher está bem e o Menino também. Ela é uma santa. Cuide bem dela!

Quanto lhe devo? - pergunta-lhe José e ela diz: - Nada! Nada! E sai, benzendo-se muitas vezes. José entra na ramada, preocupado. O que se passa, Maria?

Está tudo bem! - diz-lhe ela.

Podemos entrar? Queremos ver o Menino. É o Messias! - dizem os pastores. Entrem! Entrem! - disse-lhes José. Eles ajoelharam-se em frente do Menino e as ovelhinhas circundaram-nos balindo, contentes. Os pastores ofereceram os queijos que tinham, pão e leite.

Chegaram mulheres com fruta e uma sopa quente para eles e para verem o Menino e assim foi toda a manhã.

Depois chegaram familiares de José que acorreram para conhecer o Menino, não sabendo que lá estava José. Reconheceram-se e ficaram muito contentes. Levaram José, Maria e o Menino para sua casa. José agradeceu, comovido.

Manhã cedo da noite em que nasceu, já Jesus Cristo estava a receber prendas; bem simples, é verdade; mas prendas com o coração.

ramada = abrigo feito nos campos para recolha de gado.

ordenhar = espremer as tetas de um animal-fêmea para lhe extrair o leite.

Depois foram viver com o Menino para Jerusalém, para casa dos familiares, parentes que José lá tinha para que Maria tivesse todo o apoio que necessitasse neste período pós-parto.

Ainda viviam na casa destes familiares, em Jerusalém, quando Jesus Cristo tinha vinte e quatro meses, segundo o calendário lunar, e apareceu lá um forasteiro, vidente, vindo de Damasco que se dirigiu ao palácio real em Jerusalém, querendo prestar homenagem ao futuro rei do mundo. Como a família real não tinha filhos com cerca de dois anos de idade, este forasteiro foi procurá-lo fora do palácio real e por comunicações divinas encontrou o Menino com Maria e os familiares de José na sua casa de Jerusalém. José não estava em casa porque estava a trabalhar na sua actividade de carpinteiro/construtor de barcos.

Este forasteiro ajoelhou-se diante de Jesus Cristo, abençoou-o, abraçou-o e entregou a Maria prendas caras, jóias que ela nunca tinha visto. Maria não sabia que fazer e as lágrimas corriam pelo seu rosto. Entretanto chegou José que os familiares tinham ido chamar. O forasteiro identificou-se a José; era Isaac, rei da Síria, e pediu que em nenhuma circunstância o identificassem fosse a quem fosse. Pediu a José que saísse de Jerusalém com o Menino o mais depressa possível porque o rei Herodes preparava a morte para Jesus. José agradeceu imenso e nessa mesma noite saíram de Jerusalém para o Egipto3. Durante a noite, José também fora avisado por um anjo para saírem para o Egipto.

Como o forasteiro não regressou ao palácio real a informar o rei Herodes onde se encontrava o Menino que seria o rei do mundo, Herodes mandou matar todos os meninos, do sexo masculino, de dois anos para baixo em Jerusalém e por todo o seu território. Foi uma chacina de inocentes como não há memória.

José, Maria e Jesus Menino foram viver para o Egipto e lá ficaram até à morte do rei Herodes, o Grande. Depois regressaram para Nazaré.

Aí souberam que os tios de Maria, Isabel e Zacarias (sacerdote), já tinham falecido e João tinha sido entregue a uma comunidade, a dos Essénios, na Judeia, com quem foi criado e aprendeu as Escrituras e o seu modo de viver. Toda a sua vida, João Baptista fica ligado a esta comunidade, saindo apenas para pregar. Nesta comunidade, Jesus Cristo permanece algum tempo quando a Bíblia diz que Ele se retirou para o deserto.

Assim foi!

2.Até aos trinta e três anos de idade, segundo o calendário da época e da região, Jesus Cristo viveu em Nazaré com Maria, Sua mãe, ao Seu cuidado porque ela era viúva e Jesus Cristo não tinha casado. Jesus Cristo tinha dezasseis anos quando José, Seu pai adoptivo, faleceu. Ele herdou a profissão do Seu pai adoptivo, José, como não poderia ser de outra maneira e assim a família vivia da Sua profissão de carpinteiro/construtor de barcos. Ele sempre fora muito perfeito no Seu trabalho. Ao princípio, achavam-no uma criança para assumir assim uma família. Depois, devido à qualidade do Seu trabalho, foram continuando clientes da casa. Os irmãos, filhos de José e de Maria, sua esposa, iam-n’O ajudando na medida das suas possibilidades.

3.Assim quando Jesus Cristo tem trinta e três anos, segundo o calendário local e da época, e toma conhecimento da pregação e baptismos de João Baptista, deixa a Sua casa e a Sua profissão. A Sua mãe fica ao cuidado dos irmãos e Ele dirige-se ao encontro de João Baptista e pede-lhe o baptismo. João Baptista reconhece-O como Filho de DEUS, mas baptiza-O.
  • Tendo Jesus Cristo sido baptizado por João, o Baptista, e estando em oração, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea de pomba e ouviu-se uma voz que disse:

- Tu és o Meu Filho muito amado; em Ti pus todas as Minhas Qualidades.” (S. Lucas 3,31-32)

Ambos conversam e Jesus Cristo retira-se para o deserto. Acredito que tenha ido viver com o mesmo grupo, os Essénios, na Judeia, que criou João Baptista e com quem João Baptista vivia quando não estava a pregar. Terá sido um retiro para Jesus Cristo: uma aprendizagem de uma nova forma de vida; a possibilidade de conversar e trocar ideias com pessoas que tinham muito em comum consigo; uma oportunidade de cimentar as ideias que Lhe fervilham a mente. Não esquecer que Jesus Cristo era carpinteiro/construtor de barcos, sabia ler e era conhecedor da Torá.

Quanto tempo terá passado com os essénios? Meses? Um ano, dois?

  • Na transfiguração de Jesus Cristo “(...) ainda Pedro estava a falar, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a Sua sombra e uma voz dizia da nuvem: - Este é o Meu Filho muito amado n’O qual pus todas as Minhas qualidades. Escutai-O.” 1) (S. Mateus 17,1-9)

  1. Acredito que é Deus, o Altíssimo que Se está manifestando sobre a nuvem, o Pai.

4. Enquanto no deserto,

  • Jesus Cristo foi tentado por Satanás e vivia com os animais selvagens e os anjos serviam-n’O.” (S. Marcos 1,12-15)

Claro que tudo isto de que nos fala o evangelho não são seres naturais, mas seres celestes, alguns incarnados certamente.

Naturalmente Jesus Cristo sabe que João Baptista foi preso. Então Ele regressa imediatamente à Galileia, a Nazaré; penso que já com ideias muito claras sobre a maneira de organizar o Seu futuro. Jesus Cristo tinha agora trinta e seis anos. 

De seguida, vai habitar em Cafarnaúm por razões bíblicas e/ou teológicas, sim; mas também por razões familiares. Sabemos que nas bodas de Canaã, Jesus Cristo, já com os Seus discípulos, não queria fazer o milagre, mas Sua mãe, Maria, pô-l’O em cheque. Por quê essa situação? Por que é que Jesus Cristo, a partir do momento que sai de casa, deixa de chamar a Maria, mãe, chamando-a de mulher?

Acho que temos de fazer aqui um intervalo e pensar nas crianças e adultos sobredotados. Jesus Cristo era um sobredotado e isso porque era Filho de Deus. O que é um sobredotado? É alguém a quem Deus, o Pai dotaram com dons bastante desenvolvidos, geralmente com o intuito de fazer a história avançar numa determinada área na Terra. Depois claro que há os oponentes; aqueles pouco inteligentes, mas espertos que detêm o poder na Terra a vários níveis e que fazem os possíveis e impossíveis para conservar ou adquirir o poder em detrimento dos mais competentes. É a luta incessante entre os filhos das trevas e os filhos do Dia, do Bem, dos Afectos. Pois bem, o sobredotado é bastante inteligente, criativo, com bastante raciocínio; com “mãos perfeitas” como diz o povo; aquele que “quando os outros começam a perceber, ele já está a chegar a conclusões”. Jesus Cristo era Filho de Deus e só por isso Ele já era sobredotado o que não significa que os sobredotados sejam filhos de Deus pelo nascimento; não se trata disso.

O que se passa é que é muito bom ter um sobredotado à mão para nos orientar e ajudar no dia-a-dia, mas ... e que raiva ter um sobredotado à mão a nos fazer sombra e a nos sentirmos ignorantes e estúpidos ao pé dele.

Na minha opinião de leiga, Jesus Cristo não se sentiu apenas usado e mal amado durante a Sua vida pública, mas desde bem cedo. Ele também demonstra essa amargura numa altura em que regressou a Nazaré depois de ter multidões de gente a acorrer de todos os lados para escutá-l’O, para se sentirem com dignidade ...

  • Tendo chegado à sua terra, Nazaré, ensinava os habitantes na sinagoga, de modo que todos se enchiam de assombro e diziam:

  • De onde lhe vem esta sabedoria e o poder de fazer milagres?
  • Não é Ele o filho do carpinteiro?
  • Não se chama sua mãe Maria e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?
  • Suas irmãs não estão todas entre nós?
  • De onde lhe vem, pois tudo isto?

E estavam escandalizados por causa d’Ele. Mas Jesus Cristo disse-lhes: - Um profeta só é desprezado na sua pátria e em sua casa.

E não fez ali muitos milagres por causa da falta de fé daquela gente.” (S. Mateus 13,54-58)

Contudo Jesus Cristo sempre mostrou obediência a sua mãe segundo os padrões de conduta em que foi educado, mas não satisfação. Certamente resolvia todos os problemas da família e vizinhos desde pequeno sob as ordens da mãe. Maria, nesta altura não era a Maria (do Céu) porque, quando Jesus já tinha quatro anos, Maria começa a cumprir os seus deveres de esposa, depois de muita pressão dos familiares de ambos os lados. Era importante para José ter filhos seus, do seu sangue, segundo a tradição judaica. Acho que Jesus Cristo não deve ter aceitado bem esta situação. No entanto o parto de Maria (que ocorreu em Dezembro do ano do recenseamento do imperador romano César Augusto) não foi natural, mas celeste, pois Jesus Cristo era Filho de Deus. Há um cântico de Natal que nos conta que, depois de Maria estar aconchegada no estábulo, José foi à procura de alimento e água. Quando regressou Maria já tinha o bebé ao colo; José ficou estupefacto. De manhãzinha, conta-se, José foi buscar parteiras para verificarem e testemunharem que o menino tinha saído da barriga de Maria, mas nela não havia qualquer sinal de, por onde; pois o seu hímen estava intacto e o seu corpo também.

Há pessoas celestes médicas e parteiras e elas fazem o parto e tiram os seus bebés através do ventre materno com as mãos. O parto de Maria não foi natural como já ouvi ser afirmado por pastores cristãos.

Quando os seus outros filhos já estão com as suas vidas orientadas e famílias formadas, Maria entra para a comunidade de Seu filho e começa a ser discípula de Jesus Cristo; desliga-se dos outros filhos, mas traz consigo as duas filhas mais novas; com certeza, Maria volta, a pouco e pouco, a ser novamente Maria (do Céu) porque pessoa nova da Nova Criação, novamente limpa de qualquer vício e sempre mãe de Jesus Cristo.

Ao começar a Sua vida pública, Jesus Cristo adquiriu a liberdade de já não necessitar de ser obediente a Sua mãe, Maria. Também para se desligar da família natural e estar totalmente com a Sua Família Celeste. Por isso não podia continuar a chamá-la de mãe porque tinha cortado todas as Suas ligações com a Sua família natural.

  • Estava Ele a falar à multidão, quando apareceram Sua mãe e Seus irmãos que, do lado de fora, procuravam falar-Lhe. Disse-Lhe alguém:

- A Tua mãe e os teus irmãos estão lá fora e querem falar-Te.

Jesus Cristo respondeu ao que Lhe falara: - Quem é a minha mãe? Quem são os meus irmãos? E indicando com a mão os discípulos, acrescentou: - Aí estão minha mãe e meus irmãos; pois todo aquele que fizer a vontade de Meu Pai que está no Céu, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” (S. Mateus 12,46-50)

A partir do momento do Seu baptismo, Jesus Cristo conscientemente passou a trabalhar apenas para a Família Celeste e os Seus discípulos passaram a ser a Sua família na Terra que estava a seu cargo e era sua responsabilidade. Assim Jesus Cristo volta a ter laços com a Sua mãe desta vez como Sua discípula.

Seja qual for a família natural, nunca será perfeita porque perfeita só pode ser a grande família celeste onde todos são perfeitos. A família natural é ecuménica do ponto de vista sobrenatural. Construam-se uns aos outros! – pedem-nos Deus, Pai, Jesus Cristo.

5.Chegado a Cafarnaúm, Jesus Cristo está feliz. Tem tudo pela frente. Tem uma casa sua, um grupo a formar e a instruir; tem uma Mensagem a transmitir à humanidade. Tudo está claro na Sua mente. Vai formar um grupo de crentes em Deus, mas a Sua filosofia de vida não tem nada a ver com a dos essénios; o Seu caminho é diferente. Jesus Cristo não encontrou o Amor de Deus, os afectos e a Vida naquele lugar e na disciplina daquelas pessoas. Ele sabia das Escrituras:

  • Maldito (...). Será como o cardo na estepe que nem percebe quando chega a felicidade: habitará na aridez do deserto. Bendito (...) é como a árvore plantada à beira da água.” (Jeremias 17,5-8)

Também sabia:

  • O Senhor (...) deu-nos esta terra onde corre leite e mel.” (Deuteronómio 26,4-10)

O Seu caminho, com todos aqueles que O aceitarem como líder, ou melhor, como Mestre, será um caminho doce, alegre e cheio de Vida e Amizade e Amor-do-coração como é a Vida no Pai.

    • Por que não jejuam os Teus discípulos?

- Porque eles estão em festa; têm o Senhor consigo.”

Parafraseio eu das palavras de Jesus Cristo. Com Jesus Cristo e Maria, os ressuscitados, homens e mulheres, vivem, trabalham e dançam. Toda a pessoa nova da Nova Criação vive permanentemente em festa porque Deus, o Pai e Jesus Cristo e Maria vivem nele(a).

  • Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e uma muralha de bronze.” (Jeremias 1,17-19)

Assim é!

Cafarnaúm é uma cidade situada à beira-mar junto do Lago de Tiberíades e passou a ser a Sua cidade e Jesus Cristo começa a pregar:

- Convertei-vos porque está próximo o Reino do Céu!

E caminhando ao longo do grande lago foi convidando SIMÃO, após Pedro, e seu irmão ANDRÉ; TIAGO, filho de Zebedeu, e o seu irmão JOÃO. Todos pescadores. Agora já com quatro discípulos e, portanto na qualidade de Mestre, percorre com eles toda a Galileia lendo a Torá nas sinagogas, explicando as leituras e ensinando os presentes. A quem encontrava doente, curava sem receber recompensa.

  • Todos quantos tinham doentes com diversas enfermidades, levavam-lhos e Jesus Cristo impondo-lhes as mãos a cada um deles, curava-os. Também de muitos saíam demónios que gritavam e diziam:

- Tu és o Filho de Deus. (S. Lucas 4,41)

Passou a ser conhecido por toda a Galileia e regiões em redor até onde pudesse chegar a notícia naqueles tempos.

  • Ao romper do dia saiu e retirou-se para um lugar solitário. As multidões procuravam-no e, ao chegarem junto d’Ele, tentavam retê-l’O para que não se afastasse delas. Jesus Cristo disse-lhes:

- Tenho de anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também às outras cidades, pois para isso fui enviado.

E foi para a Judeia ensinar nas sinagogas.” (S. Lucas 4,42-44)

Grandes multidões passaram a segui-los, fossem para onde fossem.

  • A Sua fama espalhava-se cada vez mais, juntando-se grandes multidões para O ouvirem e para que os curasse dos seus males. Sempre que Lhe era possível, Jesus Cristo retirava-se para lugares solitários e aí entregava-Se à oração.

Um dia, quando Jesus Cristo ensinava numa sinagoga, estavam também lá sentados alguns fariseus e doutores da Torá, que tinham vindo de todas as localidades da Galileia, da Judeia e de Jerusalém e o poder do Senhor levava-O a realizar curas. - (...) para que saibais que o Filho do Homem tem, na Terra, o poder de perdoar os pecados; ordeno-te – disse ao paralítico – levanta-te; pega na tua enxerga e vai para a tua casa.

No mesmo instante, o homem ergueu-se, pegou na sua enxerga e foi para sua casa glorificando Deus. Todos ficaram estupefactos e glorificaram a Deus, dizendo:

- Hoje vimos maravilhas!” (S. Lucas 5,17-26)

Atualmente, aos apelos à conversão de Jesus Cristo, a Sua Igreja – responsáveis e povo – responde:

- Nós somos todos pecadores: nascemos pecadores e havemos de morrer pecadores. Não há nada a fazer! Nós somos pecadores. É da nossa natureza!

Que atitude e resposta daria Jesus Cristo aos responsáveis da Sua Igreja atualmente?

  • Certa vez, era enorme a multidão que os seguia. Olhasse para onde olhasse Jesus Cristo só via gente de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sídon que acorrera para O ouvir e ser curada dos seus males. Toda a multidão procurava tocar-Lhe, pois emanava de Jesus Cristo uma força que a todos curava. (O Filho de Deus estava n’Ele; Ele era o Filho de Deus) (S. Lucas 6,12-19)

Então Jesus Cristo soube que tinha chegado o Seu momento. Reúne os Seus numerosos discípulos, entre eles os apóstolos, e sobem ao monte.

Rodeado pelos Seus discípulos e na qualidade de Mestre, JESUS CRISTO faz o Seu grande discurso: O Sermão da Montanha e ouvindo a sua voz prolongar-se nos ecos por aqueles montes, vales e planície, Jesus Cristo ensina toda aquela gente e todos ficam extasiados, sem fome nem sede como se o tempo tivesse parado e só Ele existisse:

  • Felizes os pobres de espírito porque deles é o Reino dos Céus (têm um coração grande);
  • Felizes os que choram porque serão consolados;
  • Felizes os mansos porque possuirão a Terra;
  • Felizes os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados;
  • Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia;
  • Felizes os puros de coração porque estarão com Deus;
  • Felizes os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus;
  • Felizes os que sofrem perseguições por causa da justiça porque deles é o Reino do Céu.
  • Felizes sereis quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós por Minha causa. Exultai e alegrai-vos porque será grande a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.
  • Vós sois o sal da Terra e a luz do mundo. Que as vossas boas obras vos iluminem entre a humanidade e glorifiquem o vosso Pai que está no Céu.
  • Vinde até Mim, vós, todos os que estais sobrecarregados, cansados, oprimidos e Eu aliviar-vos-ei. Confiai-vos a Mim e aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis a Paz.”(S. Mateus 11,28-29)
  • Vim levar à Perfeição os Preceitos de Deus e os Profetas. Se não superardes os doutores dos Preceitos e os fariseus, não entrareis no Reino do Céu.
  • Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal de Deus; quem lhe chamar imbecil será réu diante do Conselho de Deus e quem lhe chamar louco será réu da Geena do fogo.
  • Com o teu adversário mostra-te conciliador, enquanto caminhardes juntos; (enquanto andardes na Terra)
  • Todo aquele que olhar para uma mulher desejando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração.
  • Não jureis de maneira nenhuma. Seja este o vosso falar: sim, sim; não, não. Tudo o que for além disto, procede do espírito do mal.
  • Não oponhais resistência ao mau. Se alguém te bater na tua face direita, oferece-lhe também a outra; se alguém quiser pleitear contigo para te tirar a túnica, dá-lhe também a capa; se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, caminha com ele duas; dá a quem te pede e não voltes as costas a quem te pedir emprestado.
  • Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Assim tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu. Sede perfeitos como é Perfeito o vosso Pai Celeste.
  • Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita para que a tua esmola permaneça em segredo. (Assim Deus pode recompensar-te)
  • Quando orares, entra no teu quarto mais secreto; fecha a porta e reza em segredo a teu Pai.
  • Se perdoardes aos outros as suas ofensas, também o vosso Pai Celeste vos perdoará a vós. Se não lhes perdoardes as suas ofensas, também o vosso Pai Celeste não vos perdoará as vossas.(Esta é regra para todos e cada um de nós.)
  • Quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto para que o teu jejum não seja conhecido dos outros.
  • Não acumuleis tesouros na Terra, mas acumulai tesouros no Céu; pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. (O tesouro é composto pelas boas obras que são sempre acções praticadas a favor dos outros e reproduzem-se por cem, por mil a favor daquele(a) que as pratica.)
  • Se os teus olhos tiverem brilho, todo o teu corpo andará iluminado. Se os teus olhos estiverem doentes, toda a tua alma andará pelas trevas. Se os teus olhos estiverem doentes, que grandes serão as trevas em que anda a tua alma. Tu serves o dinheiro e não a Deus.
  • Não vos preocupeis dizendo: - Que comeremos? Que beberemos? Que vestiremos? O vosso Pai Celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a Sua misericórdia e tudo o mais vos será dado por acréscimo. A cada dia, as suas preocupações.
  • Não julgueis para não serdes julgados; conforme o juízo com que julgardes, sereis julgados; a medida que usardes para os outros, Deus utilizará para convosco.
  • Pedi e ser-vos-á dado; procurai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á; pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; ao que bate à porta, esta abrir-se-á. Se os maus dão coisas boas aos seus filhos; mais o vosso Pai dará coisas boas àqueles que lhas pedirem.
  • O que quiserdes que vos façam; fazei-o primeiro aos outros, sem distinção.(A Lei do Retorno existe em Deus; o que se semeia, é o que se recolhe; há o tempo para semear e o tempo seguinte para colher tudo o que fomos fazendo aos outros: bem e/ou mal.)
  • Como é estreito o caminho e apertada a porta que leva à Vida e como são poucos os que encontram esse caminho e essa porta!
  • Toda a árvore boa dará bons frutos e toda a árvore má dará maus frutos. Toda a árvore que não dá bons frutos, é cortada e lançada ao fogo. (Pelas obras conhecerão os falsos cristãos. Quem pratica o mal, não é cristão.)
  • Só entra no Reino do Céu, aquele(a) que faz a vontade de Meu Pai que está no Céu; aquele que escuta as Minhas palavras e as põe em prática. (S. Mateus 5,1-7,27)

  • Por que Me chamais Senhor, Senhor e não fazeis o que Eu digo?” (S. Lucas 6,46)

6. Será que Jesus Cristo amou? Sabemos que amou tanto os seus discípulos que deu a vida por eles. Mas amou Ele uma mulher? Pelo que sei, amou sim e muito!

Jesus Cristo era homem, homem mesmo e era o Filho de Deus e, por isso Ele era perfeito; já tinha ultrapassado a charneira das tendências do natural, mas Deus é Amor e Jesus Cristo, sendo Filho de Deus e sendo homem também amou uma mulher, muito!

Na Sua adolescência, amou muito uma adolescente, Teresa, e gostavam muito um do outro, mas mal a mãe, Maria, deu conta do que estava a acontecer, zangou-se com ambos, separou-os e acabou o relacionamento logo no início.

Também sabemos que “acompanhavam Jesus Cristo os Doze Discípulos e algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios (isto é, estava muito doente completamente dominada pelo mal que lhe tinham lançado para o seu corpo); Joana, esposa de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras que os serviam com os seus bens.”(Lc 8, 2-3)

Maria Madalena (isto é, de Magdala, localidade que fica perto de Cafarnaún, na margem do Mar de Tiberíades), nos textos bíblicos, volta a aparecer junto à cruz (Mt 27,56) também na sepultura de Jesus Cristo (Mt 27,61), junto do túmulo aberto (Lc 24,10) e foi a primeira a ver Jesus Cristo ressuscitado e a anunciá-l'O (Jo 20,11-18.17-18 nota) “Disse-lhe Jesus Cristo: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou: «Rabbuni!» que significa 'Mestre'. Jesus Cristo disse-lhe: «Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes 'Subo para o meu Pai que é o vosso Pai; para o meu Deus que é o vosso Deus'.»

Agora não confundamos! Esta Maria não é a mulher que se aproxima de Jesus Cristo e O lava com as suas lágrimas e O perfuma com o perfume de aloés do frasco de alasbastro. Esta mulher não era conhecida dos discípulos; por isso o seu nome não aparece, não está identificada.

Esta Maria também não é a Maria de Betânia, localidade que fica perto de Jerusalém.

Esta Maria, de Magdala, era mais velha um ano e meio (segundo o calendário lunar hebraico) do que Jesus Cristo. Quando Jesus Cristo a conheceu, ela era viúva de um dos generais de Herodes e os seus filhos (um rapaz e uma rapariga) já tinham as suas vidas próprias, independentes da mãe.

Um dia, ela estava no jardim da casa de uma amiga e surge aquele belo homem de cabelos e olhos castanhos que lhe diz: «Como estás? Disseram-me que estás doente e queres ser curada.»

Maria ficou sem respiração quando olhou para Ele e saiu-lhe um 'Sim' assim por um fio de voz. Ele deu uma gargalhada, mas estava muito perturbado. Depois Ele curou-a e ela perguntou-lhe se poderia aderir à comunidade.

Maria de Magdala vendeu todos os seus bens, entregou esse dinheiro à comunidade e passou a viver nela. Este grande amor que ambos sentiam, fez com que ambos guardassem fidelidade um ao outro e Maria O acompanhasse sempre para todo o lado.

Relativamente ao primeiro marido de Maria, era treze anos mais velho do que ela e quando faleceu a família dele prometeu-a ao seu irmão que entretanto tinha enviuvado e era o mais velho dos irmãos. Ela recusou-se a aceitá-lo em casamento e vivia muito pressionada.

Quando souberam que ela tinha vendido todos os bens com o apoio dos amigos e entrado para a comunidade, o cunhado prometido a si jurou que lhe mataria o marido se ela voltasse a casar.

Várias vezes Jesus Cristo a pediu em casamento, mas Maria, receando sempre a concretização da ameaça do cunhado, nunca aceitou; preferiu continuarem noivos, prometidos um ao outro. Jesus Cristo aceitou a situação.

Quando este seu cunhado morreu, Maria disse que agora já poderia casar-se com ele, mas já não estava em idade de ter filhos. E o tempo foi passando sem tomarem uma decisão definitiva.

Um dia Jesus Cristo começa a dizer que o seu fim estava próximo. Entraram todos em pânico. 'E agora? Precisamos de um herdeiro!' Jesus Cristo desatou a rir à gargalhada e deixou-os nas suas conjecturas.

Eles escolheram para esposa de Jesus Cristo, Maria de Betânia porque ela era descendente de David e do círculo dos íntimos de Jesus Cristo. Maria de Betânia tinha uma grande admiração, díriamos 'adoração' por Jesus Cristo. Ela aparece nos Evangelhos “Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua Palavra.” (Lc 10,39; Jo 11,1-3)

Quando alguns discípulos falam a esta Maria sobre a possibilidade de ela se casar com Jesus Cristo, ela deu pulos de contente. Nesta altura, Jesus Cristo tinha quarenta e quatro anos de idade e Maria tinha vinte e um anos, segundo o calendário lunar hebraico.

Os discípulos pedem para falar a Jesus Cristo em privado. Expõem-lhe tudo o que os inquieta e o seu projecto de casamento com Maria de Betânia e a aceitação desta. Jesus Cristo ouve tudo com atenção, pede um tempo e expõe tudo a Maria (de Magdala). Quando começa a compreender tudo, lágrimas correm pelo rosto de Maria sem cessar e ela mantém-se em silêncio. Jesus Cristo pergunta-lhe: 'Que me dizes'? Maria levanta-se, vira o seu rosto para Ele e diz-lhe: 'Faz o que tens a fazer' e sai para se recolher.

Jesus Cristo não tomou nenhuma decisão. Entretanto Lázaro, irmão de Marta e de Maria, vem pressionar Jesus Cristo para que o casamento se realize e os seus planos, caso aconteça algo a Jesus Cristo. Jesus Cristo aceita e vai falar com Maria de Betânia.

Jesus Cristo não ama Maria de Betânia, mas gosta muito dela.

Foi um casamento sem grandes festas. Foram convidados apenas os mais próximos. Jesus Cristo pediu a Maria de Betânia para continuar a viver com os irmãos que ele viria a casa sempre que lhe fosse possível. Passado pouco tempo, Maria já estava grávida e Jesus Cristo tinha no ventre de Maria um filho legítimo, seu herdeiro. Um ano passado, este filho nasceu e Jesus Cristo deu-lhe o nome de Samuel. Passados uns meses, Maria de Betânia volta a ficar grávida, mas na Páscoa desse ano, acontece o que esperavam: Jesus Cristo é preso, morto e ressuscita para glória de Deus e bem da humanidade. Jesus Cristo tinha quarenta e seis anos e Maria de Betânia vinte e três.

Maria de Betânia não se aproxima do Calvário.

Estava combinado passarem a Páscoa todos juntos na casa onde aconteceu a Última Ceia, mas Jesus Cristo pediu a Maria e aos irmãos para não irem. Falou, em particular, com Lázaro e este concordou com tudo. Nessa Páscoa foram para casa de José de Arimateia. Este estava a par dos planos de Jesus Cristo. Quando lhes vieram comunicar que Jesus Cristo tinha sido preso, José de Arimateia disse para Lázaro:

- Está na hora de partirem.

O menino, Samuel, ficou com José de Arimateia e a sua família e Maria de Betânia com a sua irmã, Marta, e o seu irmão, Lázaro partiram num barco com as passagens compradas por Jesus Cristo e entregues a José de Arimateia.

A viagem de barco foi calma e Maria passou-a bem. Estava grávida de 4-5 meses. O destino da viagem era o porto de Lacóbriga e depois seguirem para norte fazendo o percurso que Jesus Cristo já tinha feito e chegarem à comunidade de Tiago, no norte. Contudo o barco foi assaltado e levado para a Córsega. Estavam completamente entregues a si próprios. Foi assustador, mas devido à gravidez de Maria, uma viúva condoeu-se deles e levou-os a viver na sua propriedade em Aix-en-Provence. Ela era francesa, da Provença. Havia trabalho suficiente para eles. Lázaro aceitou e lá partiram com a senhora para a sua casa.

No caminho, ela falou-lhes da sua fé e eles aceitaram sem manifestar que tinham uma fé idêntica. Era um começar de novo!

O tempo foi passando; eles foram ficando. Marta casou; Lázaro casou. Maria recusou-se sempre a voltar a casar. Vestia de negro como sinal exterior da sua viuvez. No tempo próprio, Maria deu à luz uma linda menina a quem deram o nome de Sara porque era uma mulher bíblica a quem Maria admirava. Quando a menina começou a andar, vestia-a de negro em memória de seu pai, Jesus Cristo, que tinha falecido e ressuscitado.

Depois as pessoas conhecidas começaram a criticá-la por uma menina tão novinha andar vestida de preto. Não estava certo e ela foi pensando, foi pensando no assunto até que condescendeu e a menina passou a andar vestida como as outras meninas. De Samuel, não teve mais notícias. Naquele tempo os meios de comunicação e os correios não eram o que são hoje; a perseguição era enorme quando saíram e todos falavam em dispersar. Maria queria muito regressar para ver o seu filho, saber como as coisas estavam; mas as incertezas e as dúvidas eram muitas. Ali tinham uma família amiga, trabalho, um lar. Se regressasse, que teria? E possivelmente perderia aquilo que tinha agora.

De Samuel, filho de Jesus Cristo e de Maria de Betânia, sabemos que viveu na casa de José de Arimateia como sobrinho de um dos seus filhos até à idade de quatro, cinco anos quando José de Arimateia faleceu, mas antes contou-lhe sobre a sua identidade e entregou-lhe documentos que ele devia guardar com muito zelo.

Alguns membros da comunidade cristã foram ficando por ali dispersos por propriedades rurais onde trabalhavam. Maria de Magdala estava numa dessas propriedades como governanta e pediu para si a custódia do menino. A princípio mostraram-se relutantes, depois aceitaram devido ao estatuto de Maria junto de Jesus Cristo e da comunidade. Todos tratavam Samuel com muito respeito e veneração. Aos dezasseis anos, Samuel foi adoptado por Paulo, antes Saulo, e Paulo deu-lhe o nome de Timóteo e passou a acompanhar Paulo para todo o lado na evangelização, sempre muito discreto, muito assumido no seu trabalho e muito responsável, mas sem protagonismos. Não queria isso para si!

Quanto a Sara, a sua família foi ganhando a pouco e pouco estatuto social em Aix-en-Provence e também na comunidade cristã e ela foi crescendo educada naquela fé e maneira de viver. Com dezoito anos, Sara casou com Manuel, um dos netos daquela senhora que os recolheu e que tinha um estatuto elevado naquela sociedade e Sara teve dois filhos, a mais velha, uma menina a quem põs o nome de Maria como sua avó e ao segundo filho, um rapaz, põs o nome de Samuel como seu irmão de quem a mãe falava cada vez mais numa preocupação cada vez maior.

Começaram a surgir na Provença, evangelizadores cristãos que falavam sempre a Maria de Betânia sobre a Palestina e sobre as comunidades cristãs, mas de Samuel não sabiam nada até que um dia, Paulo, escutando tantos relatos sobre a Provença e sobre Maria de Betânia e seus irmãos, decide lá ir evangelizar com Timóteo. Maria já é uma senhora de alguma idade, escuta-os com muita atenção e louva a Deus sem cessar. Falece pouco tempo depois.

Lázaro pede para falar em particular a Paulo. Fala-lhe da comunidade cristã da Lusitânia para onde Jesus Cristo os tinha enviado, mas que não tinham conseguido lá chegar. Conta-lhe tudo o que Jesus Cristo lhe tinha contado e pede-lhe a mesma discrição que Jesus Cristo lhe tinha pedido. Paulo aquiesceu com a cabeça e não mais mencionou o assunto. Paulo e Timóteo regressam às suas viagens de evangelização e a vida na Provença vai decorrendo normal e pacata, mas feliz para todos.

7.S. Lucas escreveu um dos evangelhos sinópticos por volta dos anos 80-90. Era médico de profissão e foi discípulo de S. Paulo. Na composição deste evangelho, S. Lucas utilizou grande parte dos materiais comuns a S. Marcos e S. Mateus, além dos que lhe são próprios e dos contactos com o evangelho de S. João. Todos os materiais da tradição estão marcados pelo trabalho do autor que se reflecte quer na sua ordenação, quer no vocabulário, quer no estilo.

  • Jesus Cristo ensinava nas sinagogas e todos O elogiavam. Segundo era Seu costume, Jesus Cristo entrava em dia de sábado na sinagoga e levantava-se para ler. Entregavam-Lhe um livro de um profeta e, desenrolando-o, Ele lia algumas passagens. Depois, enrolava o livro, entregava-o ao responsável e sentava-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos n’Ele. Todos davam testemunho a Seu favor e se admiravam com as palavras repletas de graça divina que saíam da Sua boca porque falava com autoridade.” (S. Lucas 4,14-30)
  • Encontrava-se na sinagoga um homem que tinha um espírito maligno, o qual se pôs a bradar em voz alta: - (...) Sei quem tu és: o Santo de Deus! Jesus Cristo ordenou-lhe:

- Cala-te e sai desse homem!

O demónio arremessando o homem para o meio da assembleia, saiu dele sem lhe fazer mal algum.

Dominados pelo espanto, diziam uns aos outros:

- Ordena com autoridade e poder aos espíritos malignos e eles saem!

A fama de Jesus espalhou-se por todos os lugares daquela região. (S. Lucas 4,33-44)

  • Jesus Cristo foi para Cafarnaúm, a cidade onde morava. Um centurião tinha um servo que estava quase a morrer e enviou a Jesus Cristo alguns judeus de relevo para Lhe pedir que viesse salvar-lhe o servo.

Chegados perto de Jesus Cristo suplicaram-Lhe insistentemente: - Ele merece que lhe faças isso, pois ama o nosso povo e foi ele quem nos construiu a sinagoga.

Então Jesus Cristo decidiu-se a acompanhá-los. Não estavam já longe de casa quando o centurião lhes mandou dizer por uns amigos: - Não Te incomodes, Senhor, pois não sou digno de que entres debaixo do meu tecto, pelo que nem me julguei digno de ir ter contigo. Mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. (...)

Ouvindo estas palavras, Jesus Cristo sentiu admiração por ele e disse à multidão que O seguia: - Digo-vos: nem em Israel encontrei tão grande fé.

Quando os enviados chegaram à casa do centurião encontraram o servo de perfeita saúde.” (S. Lucas 7,1-10)

  • Quando Jesus Cristo com os Seus discípulos se dirigiam para uma cidade chamada Naim, seguidos de uma grande multidão, perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de uma viúva que vinha acompanhada de muita gente da cidade. Jesus Cristo compadeceu-se dela e disse-lhe: - Não chores!

Aproximando-se do caixão, tocou-lhe e os que o transportavam, pararam. Disse então Jesus Cristo:

- Jovem, ordeno-te: - Levanta-te.

O morto sentou-se e começou a falar e Jesus Cristo entregou-o a sua mãe. O temor apoderou-se de todos e davam glória a Deus dizendo: - Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visita o Seu povo.

A fama deste milagre espalhou-se pela Judeia e por toda a região.” (S. Lucas 7,11-17)

  • Um fariseu convidou Jesus Cristo para uma refeição na sua casa. Quando Jesus estava à mesa, uma mulher pecadora entrou na casa do fariseu com um frasco de alabastro com perfume para Jesus Cristo. Colocando-se por detrás d’Ele e chorando, começou a banhar-Lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os seus cabelos. Beijava os cabelos de Jesus Cristo ungindo-os com o perfume.

Vendo isto, o fariseu disse para consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que Lhe está a tocar porque é uma pecadora.»

Então Jesus Cristo disse-lhe: - Simão, tenho uma coisa para te dizer.

  • Fala, Mestre!disse o fariseu.
  • (...) Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não Me deste água para os pés; ela, porém banhou-Me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Não Me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-Me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo e ela ungiu-Me com perfume. Por isso digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados porque muito amou (muito Me ama); mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama (pouco Me ama). Depois disse à mulher:

  • Os teus pecados estão perdoados.

Começaram, então, os convivas a dizer entre si:

- Quem é este que até perdoa os pecados?

E Jesus Cristo disse à mulher:

- A tua fé te salvou. Vai em paz! (S. Lucas 7,36-50)

  • Jesus Cristo ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus. Acompanhavam-n’O os doze discípulos e algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades e que os serviam com os seus bens.” (S. Lucas 8,1-3)
  • Certo dia, Jesus Cristo subiu, com os seus discípulos, para uma barca e disse-lhes:

- Passemos à outra margem do lago.

E fizeram-se ao largo. Enquanto navegavam Jesus Cristo adormeceu. Um turbilhão de vento caiu sobre o lago; eles ficaram inundados e em perigo. Os discípulos aproximaram-se d’Ele e despertando-O, disseram-Lhe:

  • Mestre, Mestre, estamos perdidos!

Jesus Cristo levantando-se, ameaçou o vento e as águas que se acalmaram e veio a bonança. Disse-lhes depois:

- Onde está a vossa fé?

Cheios de medo e admirados, diziam entre eles:

«Quem é este homem que até manda nos ventos e nas águas e eles obedecem-lhes?»

Quando desceram da barca no concelho dos gadarenos1) veio ao seu encontro um homem da cidade que estava possesso de vários demónios e dormia nos túmulos. Ao ver Jesus Cristo prostrou-se diante d’Ele, gritando em alta voz:

- Que tens a ver comigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Não me atormentes!

(...) Jesus Cristo perguntou-lhe: - Qual é o teu nome?

- Legiãorespondeu. Certamente devido ao facto de muitos demónios terem entrado nele e suplicavam a Jesus Cristo que não os mandasse para o abismo e os deixasse entrar na grande vara de porcos que andavam por ali a pastar no monte. Jesus Cristo permitiu. Os demónios saíram do homem e entraram na vara de porcos que se lançou do alto do precipício para o lago e afogou-se.

Ao verem isto, os guardadores dos porcos fugiram e levaram a notícia à cidade e aos campos. As pessoas saíram para ver o que tinha acontecido. Vieram ter com Jesus Cristo e encontraram o homem de quem tinham saído os demónios, sentado a Seus pés, vestido e em perfeito juízo. Os que tinham visto contaram-lhes como o possesso tinha sido salvo e toda a população da região de Gádara pediu a Jesus Cristo que se afastasse deles, pois estavam possuídos de grande temor. Jesus Cristo subiu para a barca e afastou-se dali. O homem, de quem os demónios tinham saído, pediu-Lhe para ficar com Ele. Jesus Cristo disse-lhe:

- Volta para a tua casa e conta o que Deus fez por ti.

Então este homem passou a anunciar tudo o que Jesus Cristo lhe fizera e dissera por aquelas terras. (S. Lucas 8,22-39)

1) Se S. Lucas e S. Marcos nos dizem que eles aportaram na terra dos gerasenos, S. Mateus diz-nos que eles aportaram na terra dos gadarenos ou Gádara. Os factos mostram-nos que é S. Mateus que nos conta a verdade, pois Gádara fica a este da região da Galileia, depois de atravessarmos o Lago de Tíberíades ou Genesarei e a terra dos Gerasenos ou Gerasa fica a norte da região da Galileia sem qualquer relação com o Lago Generasei. É só consultarmos um mapa da época. Jesus Cristo afirma aos discípulos que O acompanham: Passemos à outra margem do lago!

São as tais confusões que a oralidade provoca!

2º - Se analisarmos o mapa da Palestina do tempo de Jesus Cristo, verifica-se que a Galileia era governada por Herodes Antipas, segundo filho de Herodes, o Grande e a Decápole, região onde se situava o concelho de Gádara, pertencia à província romana da Síria e era habitada por gentios. Então Gádara, fazendo parte da Síria, era território estrangeiro para os palestinos, isto é, para os judeus, pois o islamismo só surge no século VII, VIII.

3º - O Lago de Tiberíades faz fronteira entre a Galileia a oeste e a Decápole a Este. A cidade de Jesus Cristo era Cafarnaúm, na margem do Lago, fazendo parte da Galileia. Ao passar para a outra margem com os Seus discípulos, Jesus Cristo estava a passar de uma terra de gente crente num só Deus para uma terra estrangeira crente em várias divindades. Acredito que o vento e as águas eram guardiães dos crentes para que não entrassem em terras pagãs, terras sem Deus porque entregues a divindades. Outros teriam recuado e voltado para trás. Mas Jesus Cristo tinha um propósito: lançar semente nesta terra de gentios. Assim enfrentou o vento e as águas e estes acalmaram.

4º - Quando iam a atravessar o lago, Jesus Cristo adormeceu. Acho que não foi pelo cansaço, pois o dia deveria ir alto. Adormeceu para que o Seu Ser Celeste, a Sua pessoa irem conhecer a outra margem e aproximar aqueles que d’Ele precisavam.

5º - Acredito que Jesus Cristo queria evangelizar e ajudar esta gente que precisava tanto, fazendo milagres; mas tinha a certeza de que pelo menos um conseguiria converter e só por isso já tudo valeria a pena. Encontrou-o logo, mal pôs os pés em terra e converteu-o. Só que, se para os judeus os porcos são animais impuros e não lhes tocam por nojo; para estes gentios eram riqueza e sustento. Acho que Jesus Cristo queria mostrar a esta gente que, se os porcos eram importantes para eles, pois Ele era muito mais importante para eles do que os porcos que Ele enviou para o precipício e o lago.

Os gentios, apesar da façanha de Filho de Deus, que ninguém mais tinha conseguido; dominados pelas divindades, recusaram o que Jesus Cristo poderia fazer por eles dando-lhes a graça de Deus. Estavam magoados pelos porcos que tinham perdido e o dinheirinho que isso representava. Mandaram Jesus Cristo embora E FICARAM SEM A Graça de Deus.

Que fez o Filho de Deus?

Não reclamou; não (se) explicou; não se zangou; não prometeu; mas sacudiu o pó das Suas sandálias e entrou na barca com os Seus discípulos e voltou para a Sua terra, desiludido.

No entanto a viagem não foi em vão: houve uma conversão que, com a graça de Deus, daria muito fruto. Tudo tinha valido a pena!

  • Ainda estava Ele a falar, quando alguém da casa do chefe da sinagoga veio dizer: - A tua filha morreu. Não continues a incomodar o Mestre!

Mas Jesus Cristo que tinha ouvido tudo, respondeu: - Não tenhas receio; crê somente e ela será salva.

Ao chegar a casa, não deixou entrar ninguém com Ele a não ser Pedro, João e Tiago assim como o pai e a mãe da menina. Todos choravam e pranteavam. Jesus Cristo disse:

- Não choreis porque ela não está morta, mas dorme.

E por saberem que ela tinha morrido, troçavam de Jesus Cristo1); mas Ele, tomando-a pela mão, chamou-a, dizendo em voz alta: - Menina, levanta-te!

O espírito voltou-lhe e imediatamente se levantou. Jesus Cristo mandou que lhe dessem de comer. Os pais ficaram estupefactos e Ele ordenou-lhes que não dissessem a ninguém o que tinha acontecido. (S. Lucas 8,49-56)

1) A judiação dos ignorantes. Apesar do conhecimento que tinham de Jesus Cristo e de, na impotência deles, se terem socorrido d’Ele; na altura, acharam que sabiam mais do que Ele e judiaram d’Ele. Mais uma vez Ele não lhes deu qualquer atenção e mostrou quem era.

8.Nesta altura, as multidões já não os largavam e Jesus Cristo e os Seus discípulos não conseguiam tomar as refeições nem descansar porque as pessoas são muito egoístas e só conseguem ver as suas necessidades.

  • Naqueles dias, Jesus Cristo foi para o monte fazer oração e passou a noite a orar a Deus. Quando nasceu o dia, convocou os discípulos e escolheu DOZE dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: Simão a quem chamou PEDRO e ANDRÉ, seu irmão; TIAGO, JOÃO, FILIPE e BARTOLOMEU; MATEUS e TOMÉ; TIAGO, filho de Alfeu, e SIMÃO, chamado o zelota; JUDAS, filho de Tiago e JUDAS ISCARIOTES, que veio a ser o traidor. Dá-lhes o poder de expulsar os espíritos malignos e de curar todas as enfermidades e doenças e envia-os depois de lhes dar as instruções.” (S. Mateus 10,1-42)

Isto é, Deus veio habitar neles; eles, cheios da graça de Deus, tornaram-se pessoas novas da Nova Criação. Também instruiu os apóstolos para que eles se soubessem conduzir nas novas situações que pudessem surgir. E depois Jesus Cristo partiu, acho que acompanhado de dois ou três dos discípulos e um deles seria Mateus, a ensinar e pregar pelas cidades onde os apóstolos já tinham estado. Ele nunca andaria sozinho. Um Mestre nunca anda sozinho.

Jesus Cristo escolheu o grupo mais heterogéneo que Lhe foi possível com o intuito de atingir os mais diversos sectores e transmitir a Sua Mensagem ao maior número de grupos que pudesse influenciar. Ele já sabia que “se aprende a caminhar, caminhando” e assim tinha a oportunidade de, a diferentes perspectivas de vida e religião, comunicar a Boa Nova do Reino dos Céus. Poderia ser que conseguisse mudar algumas mentalidades; abrir novos caminhos de vida ...

Ele abriu a Porta e nunca pressionou ninguém ...

  • Não tenhais ouro, nem prata ou cobre em vossos cintos, nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; pois o trabalhador merece o seu sustento.” (S.Mateus 10,9-10)

Esta frase pode ser dividida em duas partes:

1ª parte – Qualquer viajante não deve trazer consigo nada de valor para não despertar a cobiça de outros e pôr a sua vida em perigo e naqueles tempos muito menos, pois só podia contar com a sua defesa. Os discípulos de Jesus Cristo, por serem filhos de Deus, mais estavam expostos ao perigo. Além de poderem ser atacados para os roubarem, também estavam sujeitos a encontrar quem se divertisse a lhes fazer mal. Por tudo isto não deviam, de maneira nenhuma, chamar a atenção de quem os visse.

2ª parte – os discípulos são trabalhadores do povo de Deus; então é este povo que deve prover o seu sustento; pois eles trabalhavam a tempo inteiro e não apenas nas horas livres.

  • Ao regressarem, os apóstolos contaram a Jesus Cristo tudo o que tinham feito. Tomando-os consigo, Jesus Cristo retirou-se para um lugar afastado, na direcção de uma cidade chamada Betsaida. Mas as multidões que tal souberam, seguiram-n’O. Jesus Cristo acolheu-as e pôs-se a falar-lhes do Reino de Deus, curando os que necessitavam. Já começava a anoitecer. Eram cerca de cinco mil homens, não contando as mulheres e as crianças. (...)

Responderam: - Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.

Disse Jesus Cristo: - Trazei-mos cá!

Depois de ordenar à multidão que se sentasse na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu e pronunciou a benção; depois partiu os pães e deu-os aos discípulos e estes distribuíram-nos pela multidão. Todos comeram e ficaram saciados e, com o que sobejou, encheram doze cestos. (S. Mateus 14,13-22)

  • Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (S.Mateus 16,24-28)

renuncie a si mesmo” – diga não ao egoísmo que habita em si.

tome a sua cruz” – aceite todos os sofrimentos de todo o tipo que lhe surjam infligidos pelo mal, pois só assim vai deixando o egoísmo e caminhando para a Vida e a comunhão já que o mal não quer que ninguém faça peregrinação para a comunhão.

siga-Me” – aceite-Me como Mestre, Protector, Salvador, Senhor e confie-se a Deus e ao Pai, isto é, ponha toda a sua confiança em Nós e não se arrependerá. Eles aliviarão todos os sofrimentos causados pelo mal.

  • Não se vendem dois pássaros por uma pequena moeda? E nem um deles cairá por terra sem o consentimento de Deus.” (S.Mateus 10,24-31)

Nada do que nos acontece é por acaso ou por causa daqueles que vemos. Todos nós somos moradias ou dos das trevas ou dos Vivos. E nesta luta pela sobrevivência passa-se por muito, mas passaremos sempre por menos, se formos fiéis e atentos ao nosso Deus, ao Pai, a Jesus Cristo, à Rainha, à Mãe do Céu (…) porque Eles sabem muito melhor do que nós como podemos vencer esta luta da Vida e da morte. Por que consente Deus que soframos?

Por um lado, porque quer que cresçamos na fé; que sejamos pessoas melhores; que estejamos cada vez mais em comunhão e é o sofrimento que nos retira dos nossos egoísmos. No entanto, nunca estaremos sozinhos e Deus só nos colocará à prova na medida das nossas possibilidades.

Por outro lado, porque Deus só nos perdoará, se nós perdoarmos tudo que nos façam e se não fizermos mal nenhum a ninguém, independentemente do que nos façam. Caso contrário, nada ficará por pagar e não é Deus que castiga, mas Ele entrega cada um a quem este escolheu para o seu próximo pelas obras que praticou, pelo caminho que escolheu, por aqueles que escolheu para modelos e não há nada que justifique seja o que for. E não há apoio ou auxílio.

    • Não vos preocupeis nem como haveis de falar nem com o que haveis de dizer. Na própria altura vos será inspirado o que tiverdes de dizer (ou fazer).” (S.Mateus 10,19-21)

Enquanto nos for possível fazer algo e for da nossa vontade fazê-lo, permanecemos e nada nos acontecerá. Quando já não nos for possível isso; faleceremos e partiremos, depois do julgamento e decisão.

No entanto este consentimento de Deus, muitas vezes, inclui muita dor. Quando estamos desatentos e mais concentrados no nosso ego e quebramos regras estabelecidas, Deus perde a favor das trevas. Este mundo material, natural ou de ilusão é ecuménico e tem regras que ambos os lados têm de cumprir; senão o outro lado exige a morte.

  • Ou admitis que a árvore é boa e então dará bom fruto; ou admitis que a árvore é má e então dará mau fruto porque pelo fruto se conhece a árvore. A pessoa boa, do seu bom tesouro (com dons do bem), tira coisas boas (pratica o bem; faz boas obras). A má, do seu mau tesouro, só tira coisas más. Cada um será justificado ou condenado pelas palavras que foi proferindo.” (S.Mateus 12,33-37)
  • Tudo o que entra pela boca, passa para o ventre e é expelido em lugar próprio; mas o que sai da boca, provém do coração. É o mal que provém do coração que torna o homem impuro. Do coração provêm as más intenções, os assassínios, os adultérios, as prostituições, os roubos, os falsos testemunhos e as blasfémias. É isto que torna o homem impuro.” (S.Mateus 15,17-20)

  • Se o teu irmão (semelhante) te ofender; vai ter com ele e repreende-o a sós. Se te der ouvidos, terás ganho o teu irmão.

b) Se o teu irmão não te der ouvidos, toma contigo mais uma ou duas pessoas para que toda a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas.

c) Se o teu irmão se recusar a ouvir as testemunhas, comunica a questão à Igreja.

d) Se o teu irmão se recusar a atender a própria Igreja, seja ele para ti como um pagão ou um cobrador de impostos.” (S.Mateus 18,15-18)

  • “Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício.”(S.Mateus 9,13)

A divindade do sacrifício é um e o Deus da misericórdia é Outro; pois só o Amor e Amizade ficam e Deus é Amor.

  • Deita-se o vinho novo em odres novos.”(S.Mateus 9,16-17)

Deus não pode dar-se e fazer Sua morada assim como Jesus Cristo num corpo das trevas, pois nascemos pertencendo às trevas.

O planeta Terra tem, em geral, quatro mundos e quatro senhores diferentes: tem o mundos dos Vivos, da Paz, da Alegria, da Verdade, (...) dos Afectos Tranquilos e Duradouros sobre a Terra; tem o mundo material(terrestre) e o mundo da Ilusão, do sonho(aquático) na Terra e tem o Mundo da escuridão ou das Trevas, do prazer sob a Terra. Todos estes seres humanos coabitam na Terra. A partir do momento em que somos gerados pertencemos ao mundo sob a Terra – mundo sensual. Para nascermos pessoas novas, o invólucro – a nossa pele sensual – é destruído e ganhamos um invólucro novo e somos transformados interiormente ganhando por fim uma alma nova e uma pessoa nova e a Graça de Deus e Jesus Cristo e Maria virem fazer em nós morada. A Vida e a Amizade só se podem derramar numa alma dos Vivos. Agape não é caridade, mas Amizade e Amor-do-coração, cujo fruto é a caridade.

  • Ninguém acende uma candeia para a cobrir com um vaso ou para a esconder debaixo da cama; mas coloca-a no candelabro para que vejam a luz aqueles que entrem. Não há coisa oculta que não venha a manifestar-se, nem escondida que não se saiba e não venha à luz.

Vede, pois como ouvis porque àquele que tiver, ser-lhe-á dado; mas àquele que não tiver, ser-lhe-á tirado mesmo o que julga possuir.” (S. Lucas 8,16-18)

É importante tentar compreender estas palavras de Jesus Cristo. Pede-se o discernimento e percebe-se que há três níveis diferentes neste texto:

1º - Esta candeia tem a ver com a luz que brilha dentro de nós (aura) quando Deus em nós habita pelas nossas boas obras. Então estas palavras são para os apóstolos e discípulos. Os discípulos tinham recebido a graça de evangelizar e curar também porque Jesus Cristo tinha-lhes dado Vida de Si; então Deus estava em cada um deles e cada um deles era uma candeia cheia de luz, irradiando luz. Todos os seres celestes das trevas ou do dia vêem esta luz.

2º - Não valia a pena eles não se quererem identificar por receio porque no inconsciente de cada um dos outros, eles estavam identificados e mais cedo ou mais tarde os outros ganhariam consciência desse facto. Isto tanto vale para os que têm luz como para os que não têm luz. Mais cedo ou mais tarde cada um deles será identificado como realmente é porque o ser natural de cada um dos outros ganhará essa consciência e Deus providenciará porque Ele AMA, protege e usa de equidade e misericórdia para os misericordiosos; não só quem é, mas o que tem feito.

3º - Assim aquele que tem Deus em si e as suas obras dão testemunho disso, ganhará ainda mais da graça de Deus, mais feliz será com muitos mais. No entanto, aquele que só foi fazendo algumas boas obras, com tibieza e outras más; a pouca graça de Deus que tem em si, afastar-se-á porque o Senhor das trevas e do mal tomará conta dele pelas más obras que faz, pelo seu egoísmo. O seu interior fica em plena escuridão, a morte toma conta dele, vão surgindo a doença, a depressão, a perda, a destruição ...; pois só Deus é construção e renovação. Assim é! Daí o aviso aos Seus discípulos.

  • Disse-Lhe alguém: - A tua mãe e os teus irmãos estão lá fora e querem falar-Te. Jesus Cristo respondeu-lhe: - Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos? E indicando com a mão os discípulos que O acompanhavam, acrescentou:

- Aí estão a minha mãe e os meus irmãos; pois todo aquele que fizer a vontade de Meu Pai que está no Céu, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”(S. Mateus 12,47-50)

  • Jesus Cristo perguntou: - Quem Me tocou?

Como todos o negassem, Pedro e os discípulos que estavam com Ele, disseram: - Mestre, é a multidão que Te aperta e empurra.

Jesus Cristo insistiu: - Alguém Me tocou, pois senti que saiu de mim uma força.

Vendo que não tinha passado despercebida, a mulher aproximou-se a tremer e, lançando-se aos pés de Jesus Cristo, contou, diante de todo o povo por que motivo lhe tinha tocado e como ficara imediatamente curada. Disse-lhe Jesus Cristo: - Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz!” (S. Lucas 8,45-48)

Esta mulher devia sentir muito frio e estar gelada porque Deus não estava nela. Deus aquece o nosso corpo – a Vida e o Amor. Por isso, ao tocar na aura de Jesus Cristo que devia estar bem brilhante porque era Filho de Deus, recebeu Vida de Jesus Cristo e em abundância porque Jesus Cristo sentiu o Seu corpo arrefecer e enfraquecer, tal era a carência em que se encontrava a mulher. Seria possivelmente uma pessoa que mencionava o nome de Deus, mas não rezava com temor de Deus e atarefada com o seu dia-a-dia e praticava o mal por pensamentos, palavras, obras e omissões. Alguém que se julgava muito poderoso e que julgava e condenava a torto e a direito. Usava o nome de Deus, mas queria Deus bem distante de si, apesar de acreditar na Sua existência.

  • “Um dos discípulos disse-Lhe: - Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai. Jesus Cristo respondeu-lhe: - Segue-Me e deixa os mortos sepultar os seus mortos.” (S.Mateus 8,21-22)

Deixa os mortos sepultar os seus mortos.” – Esta afirmação tem dois mil anos; então não compreendo como os cristãos continuam a chamar mortos àqueles que partiram? Quem são os mortos? Certamente são aqueles que não têm fé; que não se converteram; que não têm Vida; que têm os seus corpos sempre com frio; que não passaram a pessoas novas da Nova Criação; que não são Vivos; que não fazem parte do mundo dos Vivos porque não são capazes de pensar por si e de deixar o egoísmo e a malvadez.

  • Enquanto orava, o aspecto do rosto de Jesus Cristo modificou-se e as suas vestes tornaram-se de uma brancura fulgurante. Dois homens conversavam com Ele: Moisés e Elias, os quais aparecendo rodeados de glória, falavam de Sua morte que iria acontecer em Jerusalém.” (S.Lucas 9,29-31)

Prefiro o texto de S. Lucas ao de S. Mateus porque S. Mateus preocupa-se em transmitir-nos Jesus Cristo Glorificado que ele conheceu após a Ressurreição de Jesus Cristo para que haja analogia. S. Lucas é mais narrativo mostrando-nos a situação que leva a essa transfiguração: a oração, isto é, Jesus Cristo fala com Seu Pai e pede-Lhe que dê a conhecer aos discípulos da Sua confiança o Seu Ser Glorificado do mundo dos Vivos; o Filho de Deus. Certamente com a justificação de que seria necessário para que os discípulos acreditassem que Ele vivia, após a Sua Ressurreição. Sem o pedido a Seu Pai, tal não aconteceria, não seria visível n’Ele.

Outro facto importante: além de falar a Seu Pai, Jesus Cristo fala com Moisés e Elias. Isto quer dizer que Jesus Cristo tinha dois conselheiros muito importantes que seriam os Seus guias: Moisés e Elias. A Seu Pai, Jesus Cristo pede concretizações; a Moisés e Elias, Jesus Cristo pede conselhos e orientações, pois a Sua missão é de grande responsabilidade e Ele assumiu-a em pleno. Assim Moisés e Elias estão no mundo dos Vivos.

  • Enquanto desciam do monte, Jesus Cristo ordenou-lhes:

- Não conteis a ninguém o que acabastes de ver até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.

Então os discípulos fizeram a Jesus Cristo esta pergunta:

- Então porque é que os doutores da Torá dizem que Elias há-de vir primeiro?

Jesus Cristo respondeu: - Sim, Elias há-de vir primeiro e restabelecerá todas as coisas. Eu, porém digo-vos: Elias já veio e não o reconheceram; trataram-no como quiseram. Também assim hão-de fazer sofrer o Filho do Homem. Então os discípulos perceberam que se referia a João Baptista.” (S. Mateus 17,9-13)

Na Transfiguração Jesus Cristo revela o Filho de Deus. Quando Jesus Cristo refere o Filho do Homem está a falar da Pessoa Celeste que Ele é; príncipe, Filho do Homem. Está a falar do Ressuscitado que veriam após a Sua morte. Todos os que faziam parte de Si têm o Seu nome – JESUS.

  • Desde o tempo de João Baptista até agora o Reino do Céu tem sido objecto de violência e os violentos apoderam-se de João Baptista à força. Quer acrediteis ou não, ele é Elias que estava para vir.” (S. Mateus 11,12-14)

Parece-me que está claro que Elias era João Baptista, isto é, o espírito de Elias era o espírito de João Baptista, mas a alma de Elias estava e estará no mundo dos Vivos e a alma de João Baptista também, em níveis ou mundos diferentes, talvez.

  • Entre os nascidos de mulher não apareceu ninguém maior do que João Baptista até agora; no entanto o mais pequeno do Reino do Céu é maior do que ele.” (S.Mateus 11,11-15)

Nesta frase está claro que João Baptista não pertence ao mundo dos ressuscitados do Céu, ao mundo das pessoas dos Vivos do Céu; talvez pertença ao Mundo da Luz.

  • “Os discípulos aproximaram-se de Jesus Cristo e perguntaram-Lhe em particular:

  • Por que é que nós não fomos capazes de expulsar o demónio e Tu foste?

♥ “Pela vossa pouca fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Muda-te daqui para acolá e ele mudar-se-á. Nada vos será impossível. Esta espécie de demónios não se expulsa senão à força de oração e jejum.” (S. Mateus 17,14-21)

  • Deixai as crianças e não as impeçais de vir ter Comigo, pois delas é o Reino do Céu.” (S.Mateus 19,13-15)

Depois de lhes ter imposto as mãos, prosseguiu o Seu caminho.

Por que é que o céu é o reino das crianças?

As crianças são puras, livres de desejo ou impulso sexuais; confiam, acima de tudo, querem ser amadas e protegidas pela família. Assim é!

  • “- Quem é o maior no Reino do Céu?

Jesus Cristo chamou um menino, colocou-o no meio deles e disse-lhes:

Em verdade vos digo: Se não voltardes a ser como as criancinhas; não podereis entrar no Reino do Céu. Quem, pois, se fizer humilde como este menino será o maior no Reino do Céu. Quem receber um menino como este em Meu nome, é a Mim que recebe.” (S.Mateus 18,1-5)

Este parágrafo tem três pontos muito importantes para todos os crentes:

1º - “Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu.”

Assim ficamos a saber que só entrarão no Reino do Céu, aqueles que estiverem limpos de vícios e limpos dos dons do mal e cheios dos dons do bem, entre os quais a plena confiança em Deus, em Jesus Cristo e Maria, que pratiquem apenas o bem e tenham muitos terços rezados por eles próprios e por todos os outros que precisam e podem ser salvos.

2º - “Será um dos maiores no Reino do Céu, aquele que se fizer humilde.”

No Reino do Céu será maior em importância, aquele que servir mais e que não imponha nada aos outros, mas coopere com os outros sempre numa linha de igualdade e equidade.

3º - “Recebe Jesus Cristo, quem recebe um ou mais meninos(as) por Amor d’Ele.”

Se todos os crentes quisessem receber Jesus Cristo num(a) menino(a) que adoptassem, haveria muito mais crianças felizes, muito menos meninos de rua, muito menos crianças cresceriam sem afectos em grandes instituições e com grandes sofrimentos.

Se alguém escandalizar um(a) destes(as) meninos(as) que crêem em Mim, seria preferível que lhe suspendessem do pescoço a mó de um moinho e o lançassem nas profundezas do mar.” (S.Mateus 18,6)

  • Livrai-vos de desprezar um(a) só dos meninos(as) que crêem em Mim, pois digo-vos que os seus anjos no Céu vêem constantemente a face de Meu Pai e é vontade de vosso Pai que não se perca nem um(a) só destes meninos(as).” (S.Mateus 18,10.14)
  • Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós.

Pelo contrário, quem, entre vós, quiser fazer-se grande, seja o vosso servo;

Quem, no meio de vós, quiser ser o primeiro, seja vosso servo.

Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida para resgatar a humanidade.” (S.Mateus 20,24-28)

  • O Filho do Homem tem de sofrer muito; ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Torá; tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.

Eles, porém não entendiam aquela linguagem porque lhes estava velada e tinham receio de O interrogar a esse respeito.” (S. Lucas 9,22;45)

    • Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus Cristo dirigiu-se resolutamente para Jerusalém e enviou mensageiros à Sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos a fim de Lhe prepararem hospedagem; mas não O receberam porque ia a caminho de Jerusalém.” (S. Lucas 9,51-53)
  • Depois designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os, dois a dois, à Sua frente, a todas as aldeias, cidades e lugares aonde Ele havia de ir.” (S. Lucas 10,1-2)
  • Quem vos ouve é a Mim que ouve; quem vos rejeita é a mim que rejeita; mas quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou.” (S. Lucas, 10, 15-16)
  • Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria dizendo: - Senhor, até os demónios se sujeitaram a nós em Teu nome!

Disse-lhes Jesus Cristo: - Olhai que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões e domínio sobre todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrais-vos antes, por estarem os vossos nomes inscritos no Céu.” (S. Lucas 10,17-20)

  • “Mestre, que hei-de fazer para alcançar a Vida eterna?

Cumpre os mandamentos: não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe; faz aos outros o que queres que façam a ti.

Se queres ser perfeito, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois vem e segue-Me.

Um discípulo disse: - Então quem é que se salva?

Os homens e as mulheres, por si só, não conseguem salvar-se; mas a Deus tudo é possível.”

  • Se queres ser perfeito, vende tudo o que tens e dá testemunho de Mim.” (S. Mateus 19,16-21; S. Lucas 10,27)
  • Sede perfeitos como Perfeito é o Pai que está nos céus.” (S.Mateus 5,48)

  • Há eunucos que nasceram assim do seio materno;

há os que se tornaram eunucos pela interferência dos homens;

há aqueles que se fizeram eunucos a si mesmos por amor do Reino do Céu.”(S.Mateus 19,10-12)

  • “Pedro disse a Jesus Cristo: - Nós deixámos tudo e seguimos-Te. Qual será a nossa recompensa?

No dia da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do Homem se sentar no seu trono de glória, vós, que Me seguistes, haveis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.

Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do Meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a Vida Eterna. Muitos dos primeiros (da Igreja) serão os últimos (no Reino do Céu); muitos dos últimos (da Igreja) serão os primeiros (no Reino do Céu.) (S.Mateus 19,27-30)

  • Os filhos deste mundo, (isto é, das trevas) casam-se e dão-se em casamento; mas aqueles que forem dignos de tomar parte na Vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os anjos e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus.” (S. Lucas 20, 27-38)

    • Entretanto a multidão tinha-se juntado a ponto de se pisarem uns aos outros.” (S. Lucas 12,1)
    • Depois de alimentar a multidão de cinco mil homens não contando com as mulheres e as crianças, Jesus Cristo obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem, enquanto Ele despedia as multidões. Logo que as despediu, subiu a um monte para orar na solidão. Chegada a noite, estava ali só. A barca encontrava-se já a várias centenas de metros de terra, açoitada pelas ondas, pois o vento era contrário.

De madrugada, Jesus Cristo foi ter com eles na barca caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: - É um fantasma!

E gritaram com medo. No mesmo instante, Jesus Cristo falou-lhes, dizendo: - Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!

Pedro respondeu-Lhe: - Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter conTigo sobre as águas!

Jesus Cristo disse-lhe: - Vem!

E Pedro, descendo da barca, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus Cristo; mas sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou:

- Salva-me, Senhor!

Imediatamente Jesus Cristo estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: - Homem de pouca fé; por que duvidaste?

E quando entraram na barca, o vento amainou. Os que se encontravam dentro da barca, prostraram-se diante de Jesus Cristo, dizendo: - Tu és, realmente o Filho de Deus!” (S. Mateus 14,22-33)

  • Após a travessia, pisaram terra em Genesaré.1) Ao reconhecerem-n’O, os habitantes daquele lugar espalharam a notícia por toda a região. Trouxeram-Lhe todos os doentes, suplicando-Lhe que, ao menos, se deixasse tocar na orla do Seu manto. Todos aqueles que a tocaram, ficaram curados.” (S. Mateus 14,35-36)

1) Acredito que este grande lago, a oeste chamava-se Lago de Tiberíades pela cidade de Tiberíades situada na sua margem oeste. Por outro lado este mesmo lago chamava-se Lago de Genesaré pela cidade de Genesaré situada na sua margem Este.

Acredito que este acolhimento, bem diferente do primeiro, já é o resultado da conversão daquele homem que ficou livre da legião de espíritos.

    • Aproximaram-se então de Jesus Cristo, alguns fariseus e doutores da Torá, vindos de Jerusalém e disseram-Lhe: - Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos antigos? Pois não lavam as mãos antes das refeições.

Respondeu-Lhes Jesus Cristo: - E vós, por que transgredis o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição. Deus, com efeito, disse:

- Honra teu pai e tua mãe! E ainda: - Quem amaldiçoar o pai ou a mãe, seja punido de morte. Mas vós dizeis: - Seja quem for que diga a seu pai ou a sua mãe: os meus bens, de que poderias beneficiar, são oferta sagrada, esse já não está obrigado a socorrer o pai ou a mãe. E assim, em nome da vossa tradição, anulastes a Palavra de Deus.

Os discípulos aproximaram-se d’Ele e disseram-Lhe: - Sabes que os fariseus ficaram escandalizados por Te ouvirem falar assim?

Ele respondeu: - Deixai-os! São cegos a conduzir outros cegos.” (S. Mateus, 15,1-20)

  • Jesus Cristo partiu dali e retirou-se para os lados de Tiro e Sídon.” (S. Mateus 15,21-28)
  • Partindo dali, Jesus Cristo foi para junto do mar da Galileia. Subiu ao monte e sentou-se. Vieram ter com Ele numerosas multidões, transportando coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros que lançavam a Seus pés. Ele curava a todos de tal sorte que as multidões ficaram maravilhadas ao ver os mudos a falar, os aleijados escorreitos, os coxos a andar e os cegos a ver. E davam glória ao Deus de Israel.” (S. Mateus 15,29-31)

  • Jesus Cristo, chamando os discípulos, disse-lhes: - Tenho compaixão desta gente porque há já três dias que estão comigo e não têm o que comer. Não quero despedi-los em jejum, pois temo que desfaleçam pelo caminho.

Jesus Cristo perguntou-lhes: - Quantos pães tendes?

Responderam-Lhe: - Sete e alguns peixinhos.

Ordenou à multidão que se sentasse. Tomou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e dava-os aos discípulos e estes à multidão. Todos comeram e ficaram saciados e com os bocados que sobejaram, encheram sete cestos. Ora os que comeram, eram quatro mil homens, sem contar mulheres e crianças.” 1) (S. Mateus 15,32-38)

1) Acredito que houve muitos mais milagres da partilha do pão e do peixe porque houve muitas mais ocasiões propícias como estas conhecidas.

  • Depois de ter despedido a multidão, Jesus Cristo subiu para a barca e veio para a região de Magadan.

Então os fariseus e os saduceus aproximaram-se d’Ele e, para O tentarem, pediram-Lhe que lhes fizesse ver um sinal do Céu.

Ele respondeu-lhes: - Ao entardecer vós dizeis «Vamos ter bom tempo, pois o céu está avermelhado» e de manhã cedo dizeis « Hoje temos tempestade, pois o céu está de um vermelho sombrio». Como se vê, sabeis interpretar o aspecto do céu, mas quanto aos sinais dos tempos, não sois capazes de os interpretar!

Esta geração má e adúltera exige um sinal!

Mas sinal algum lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas (palavra que significa também Espírito Santo.).

E deixando-os lá, afastou-Se.” (S. Mateus 16,1.4)

  • Quando iam a sair de Jericó, uma grande multidão seguiu Jesus Cristo. Nisto dois cegos que estavam sentados à beira da estrada, ao ouvirem falar que Jesus Cristo ia a passar, começaram a gritar: - Senhor, Filho de David, tem misericórdia de nós!

Jesus Cristo parou, chamou-os e perguntou-lhes: - Que quereis que vos faça?

Responderam-Lhe: - Senhor, que os nossos olhos vejam!

Dominado pela compaixão, Jesus Cristo tocou-lhes nos olhos. Imediatamente, eles recuperaram a visão e seguiram-n’O.

9.Jesus Cristo conta-nos:

- A situação estava a ficar difícil em Jerusalém, então Eu tomei um jovem discípulo inteligente e activo de dezassete anos chamado Tiago e partimos em viagem para a Lusitânia. Soldados romanos tinham-Me falado dela. O objectivo era criar uma comunidade crente, firme para que depois esta comunidade se expandisse pela península.

Embarcámos num barco mercante e desembarcámos nesta enseada de Lagos (Praia de S. Roque). Todos foram tomando rumo e só nós os dois restámos na praia um pouco à deriva. Estava a entardecer e pescadores moravam junto à praia. Na casa mais perto, o pescador grelhava peixe e toda a família comia. Nós olhámos para eles e eles para nós e uma rapariguinha de dezasseis anos veio ter connosco a convidar-nos para comer com eles. Nós aceitámos e lá fomos.

Fomos comunicando por gestos e nos entendendo e o pescador disse-Me que era perigoso permanecer neste lugar porque havia gente de todo o lado e ambiciosa. Não se podia confiar em ninguém. O melhor seria partir para norte onde poderia encontrar terras povoadas e gente letrada e de muita fé.

Coloquei o problema da comunicação com as gentes. Então o pescador disse-me que a sua filha, que nos tinha ido convidar quando chegámos, iria comigo e acompanhar-Me-ia sempre. Penso que a rapariga se terá entusiasmado por Tiago. Tinha o cabelo escuro e pele morena. Sem ser bela, era comunicativa e percebia-me bem além de que parecia ser fiel. Aceitei. Ao terceiro dia iniciámos a caminhada.

Só muito mais para norte encontrámos pessoas interessadas em nos escutar e aderir. Também tinha por objectivo estar completamente afastado de romanos e judeus. A zona serrana foi a ideal. Aí conseguimos formar comunidades e comunidades vivas. Também nesta altura já conseguia falar o suficiente para nos entendermos. Entretanto a rapariguinha, que era companheira de Tiago, teve o primeiro filho, de cabelos claros, que morreu com cerca de dois anos de vida e depois teve outro menino, de cabelos escuros e tez morena, que vingou cheio de vida e alegria. Chamava-se Tiago como o pai.

As comunidades iam-se desenvolvendo sem quaisquer resistências e Eu estava feliz. Os naturais do lugar já assumiam as suas comunidades. Então estava na hora de Tiago tomar o meu lugar a supervisionar as comunidades e transmitir a Palavra e de Eu regressar a Jerusalém. Assim fiz. Voltei àquela praia e tomei o barco para a Palestina. Quando lá cheguei, discípulos que estavam no porto, reconheceram-Me e vieram abraçar-Me e imediatamente tomaram conta de Mim. Os mais novos já questionavam os mais velhos sobre Mim. Assim foi e está dito!



Maria de Magdala estava tão feliz! Tinha o seu homem e Mestre de volta são e salvo. Era uma grande Graça de Deus! Tanta orações suas, das comunidades, tantos sacrifícios … , mas Ele tinha voltado são e salvo com a Graça de Deus.

Quando vieram dizer a Maria de Magdala que Jesus Cristo tinha voltado; ela nem perguntou nada, só desatou a correr em direcção ao porto e, quando o encontrou, desatou num choro compulsivo que não conseguia dizer palavra. Abraçaram-se, Jesus Cristo limpou-lhe as lágrimas e lá caminharam todos juntos em direcção a Jerusalém.

Maria de Magdala e Jesus Cristo tiveram um filho a quem puseram o nome de Jonas. Nasceu um ano após terem começado a viver juntos.

Jonas era o braço direito de Jesus Cristo e o orgulho de ambos. Inteligente, usava sempre de sabedoria nas decisões que tinha de tomar e todos confiavam nele. Quando Jesus Cristo faleceu e ressuscitou, Jonas tinha oito anos quase nove, segundo o calendário lunar hebraico da época.

Viveu, cresceu e votou a a sua vida à comunidade cristã; primeiro em Jerusalém e depois em Cafarnaúm, na Galileia e Maria de Magdala estava presente. Nunca casou; considerava que era muito perigoso e traria muito sofrimento. Fez várias viagens de evangelização com outros membros da comunidade e manteve sempre o anonimato. Foi muito respeitado entre os seus. Alimentava-se mal e sofria muito com as perseguições e maus tratos que sofriam. Faleceu aos quarenta e seis anos, como Jesus Cristo, seu pai, de tifo, tuberculoso.

Maria de Magdala, sua mãe, sofreu muito com a perda deste filho, mas foi acompanhando sempre a comunidade e faleceu com mais de oitenta anos de idade. Chegou uma altura em que lhes perdeu a conta.

  • Quando já se aproximavam de Jerusalém, chegaram a Betfagé, junto do Monte das Oliveiras, Jesus Cristo enviou dois discípulos, dizendo-lhes: - Ide à aldeia que está em frente de vós e logo encontrareis uma jumenta presa e com ela um jumentinho. Soltai-os e trazei-mos. E se alguém vos disser alguma coisa, respondereis: «O Senhor precisa deles, respondereis. O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá.» Isto sucedeu para se cumprir o que fora anunciado pelo profeta:

Dizei à filha de Sião

Aí vem o teu Rei ao teu encontro,

Manso e montado num jumentinho

Filho de uma jumenta.

Os discípulos assim fizeram como Jesus Cristo lhes ordenara. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram as suas capas sobre eles e Jesus Cristo sentou-Se em cima. Uma grande multidão estendia as suas capas no caminho, outros cortavam ramos das árvores e espalhavam-nos pelo chão. E todos, quer os que iam à sua frente, quer aqueles que O seguiam, diziam em altos brados:

  • Hossana ao Filho de David!
  • Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor!
  • Hossana nas alturas!

Quando Jesus Cristo entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou em alvoroço. – Quem é este?perguntavam. E a multidão respondia: - É Jesus Cristo, o profeta de Nazaré da Galileia.

Jesus Cristo entrou no templo e expulsou dali todos os que nele vendiam e compravam. Derrubou as mesas dos cambistas e as bancas dos vendedores de pombas, dizendo-lhes: - Está escrito: «A Minha Casa há-de chamar-se Casa de Oração, mas vós fazeis dela um covil de ladrões.»

Aproximaram-se de Jesus Cristo, no templo, cegos e coxos e Ele curou-os. Perante os prodígios que realizava e as crianças que gritavam no templo: - Hossana ao Filho de David! os sumos sacerdotes e os doutores da Torá ficaram indignados e disseram-Lhe: - Ouves o que eles dizem?

Jesus Cristo respondeu-lhes: - Sim. Nunca lestes «Das bocas dos pequeninos e das crianças de peito, fizeste sair o louvor perfeito?!» Depois afastou-se deles, saiu da cidade e foi para Betãnia, onde pernoitou.

Logo de manhã cedo, ao voltar para a cidade, teve fome. Vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-Se, mas não encontrou nela senão folhas. Disse então: «Nunca mais nascerá fruto de ti!» E naquele mesmo instante a figueira secou.

Vendo isto, os discípulos disseram admirados: - Como é que a figueira secou subitamente?

Jesus Cristo respondeu: - Em verdade vos digo: se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que Eu fiz a esta figueira, mas, se disserdes a este monte «Tira-te daí e lança-te no mar» assim acontecerá. Tudo quanto pedirdes com fé, na oração, haveis de recebê-lo.

De seguida foram para o templo. Quando Jesus Cristo estava a ensinar no templo, foram ter com Ele os sumos sacerdotes e os anciãos do povo e disseram-Lhe: - Com que autoridade fazes isto? E quem te deu tal poder?

Jesus Cristo respondeu-lhes: - Também Eu vos faço uma pergunta. Se Me responderdes, digo-vos com que autoridade faço isto. De onde provinha o Baptismo de João? Do Céu ou dos homens?

Mas eles começaram a pensar entre si: «Se respondermos: do Céu. Vai dizer-nos: Por que não lhe destes crédito? E se respondermos: dos homens» ficamos com receio da multidão, pois todos têm João por um profeta.» E responderam a Jesus Cristo:

- Não sabemos.

Disse-lhes Jesus Cristo: - Também Eu não vos digo com que autoridade faço isto.

Então os fariseus reuniram-se para combinar como O haviam de surpreender nas Suas próprias palavras. Enviaram-Lhe os seus discípulos acompanhados dos partidários de Herodes a dizer-Lhe:

- Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas o caminho de Deus segundo a Verdade, sem Te deixares influenciar por ninguém, pois não olhas à condição das pessoas. Diz-nos, portanto o Teu parecer: «É lícito ou não pagar o imposto a César?»

Mas Jesus Cristo, reconhecendo-lhes a malícia, respondeu-lhes:

- Por que Me tentais, hipócritas? Mostrai-Me a moeda do imposto!

Eles apresentaram-Lhe um denário. Jesus Cristo perguntou-lhes:

- De quem é esta imagem e esta inscrição?

  • De César. – responderam-Lhe. Disse-lhes Jesus Cristo:
  • Dai, pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Quando isto ouviram, ficaram maravilhados e, deixando-O, retiraram-se.



Nesse mesmo dia, os saduceus, que não acreditam na ressurreição, foram ter com Jesus Cristo e interrogaram-no: - Mestre, Moisés disse: «Se algum homem morrer sem filhos, o seu irmão casará com a viúva para suscitar descendência ao irmão. (...)

Jesus Cristo respondeu-lhes: - Estais enganados porque desconheceis as Escrituras e o poder de Deus. Na ressurreição, nem os homens terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como anjos do Céu. E quanto à ressurreição dos mortos; não lestes o que Deus disse: «Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob»; não Deus dos mortos, mas dos Vivos é que Ele é Deus.

E a multidão, ouvindo-O, maravilhava-se com a Sua doutrina.

Constando que Jesus Cristo reduzira os saduceus ao silêncio, os fariseus reuniram-se em grupo e um deles, que era legista, perguntou-Lhe para O embaraçar: - Mestre, qual é o maior mandamento da Torá?

Jesus Cristo disse-lhe: - Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente.1) Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo.» Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.

Perguntou-lhes Jesus Cristo: - E vós, que pensais do Messias? De quem é Filho?

Responderam-Lhe: de David. Disse-lhes Jesus Cristo:

- Como é então que David, sob influência do Espírito, Lhe chama Senhor, dizendo: «Disse o Senhor ao meu Senhor: senta-te à minha direita até que Eu ponha os teus inimigos por estrado dos Teus pés. Ora, se David Lhe chama Senhor, como é seu filho?

Ninguém soube responder-Lhe palavra. A partir de então, ninguém mais se atreveu a interrogá-l’O.

Então Jesus Cristo falou assim à multidão e aos Seus discípulos: - Os doutores da Torá e os fariseus instalaram-se na cátedra de Moisés. Fazei, pois e observai tudo o que eles disserem; mas não imiteis as suas obras, pois eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar. Tudo o que fazem, é com o fim de se tornarem notados pelos outros homens. Por isso, alargam as filactérias e alongam as orlas dos seus mantos. Gostam de ocupar o primeiro lugar nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas. Gostam das saudações nas praças públicas e de serem chamados Mestres pelos outros homens.

Quanto a vós, não vos deixeis tratar por Mestres, pois um só é o vosso Mestre (Jesus Cristo) e vós sois todos irmãos. Na Terra, a ninguém chameis Pai porque um só é o vosso Pai; Aquele que está no Céu. Nem permitais que vos tratem por doutores porque um só é o vosso Doutor (médico). O maior de entre vós, será o vosso servo. Quem se exaltar, será humilhado e quem se humilhar, será exaltado. (...)

Ai de vós, doutores da Torá e fariseus hipócritas! Dizeis «Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas.» Deste modo confessais que sois filhos dos que assassinaram os profetas.

Deus envia-vos profetas, sábios, doutores da Torá. Matais e crucificais alguns deles, açoitais outros nas vossas sinagogas e os perseguis de cidade em cidade. Assim cairá sobre vós todo o sangue inocente que tendes derramado sobre a Terra, desde o sangue do justo Abel passando pelo sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar.” (S. Mateus 21,1-24,2)

  1. coração – com todo o afecto; alma – com toda a sensibilidade; mente – com toda a criatividade.
    • Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os Seus anjos, há-de sentar-se no Seu trono de glória. Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas (segundo a sua fé e obras) em dois grupos: as que têm tesouro no céu e as que não têm. Os justos vão para a vida eterna e os outros para o suplício eterno.” (S. Mateus 25,31-46)
    • Como sabeis a Páscoa (judaica) é daqui a dois dias e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado.

Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo reuniram-se no palácio do Sumo Sacerdote que se chamava Caifás e deliberaram prender Jesus Cristo à traição e matá-l’O e diziam: «Que não seja durante a festa para não haver alvoroço entre o povo.» (S. Mateus 26,1-5)

Sabemos que Jesus Cristo sabia as traições e ingratidões por que iria passar e sabemos que há registo disso já nos textos do Antigo Testamento. Então, se calhar, alguns são levados a pensar que foi vontade de Deus que Jesus Cristo, nos últimos dias da Sua vida na Terra, passasse por tudo aquilo que passou. E eu, leiga, digo-vos: - Não, não foi vontade de Deus que isso Lhe acontecesse; mas Deus conhece o passado, o presente e o futuro de qualquer tempo e sabia que o Seu Filho iria passar por tudo aquilo, não porque Ele o quisesse; mas porque os das trevas, dominando quase completamente os seres humanos, não permitiriam que fosse de outra maneira. Claro que esta é a minha opinião que sou leiga sobre o assunto. S. Paulo deixou-nos nas suas cartas:

  • Não sabeis que sois templos de Deus e quem destruir esse templo; Deus o destruirá.” 1)

(1ª Carta de S. Paulo aos Coríntios 3, 16-23)

1) Culpa mordestruição da obra de Deus e do Pai. Não há um só cabelo da cabeça que não Lhes pertença; então o que somos e não se vê...

  • Jesus ensinava todos os dias no templo em Jerusalém e os sumos sacerdotes e os doutores da Torá, assim como os chefes do povo, procuravam matá-l’O. Não sabiam, porém como proceder, pois todo o povo, ao ouvi-l’O, ficava suspenso dos Seus lábios.

Durante o dia, Jesus Cristo estava no templo a ensinar, mas saía para passar a noite no Monte das Oliveiras, em Betânia. Todo o povo, de madrugada, ia ter com Ele ao templo, para O escutar.

Os sumos sacerdotes e doutores da Torá procuravam maneira de fazerem desaparecer Jesus Cristo, mas temiam o povo.” (S. Lucas 18,31-22,1)

  • Então alguns de Jerusalém comentavam: - Não é Este a quem procuravam para O matar? Vede como Ele fala livremente e ninguém Lhe diz nada! Será que realmente as autoridades se convenceram de que Ele é o Messias? Mas nós sabemos donde Ele é, ao passo que, quando chegar o Messias, ninguém saberá donde Ele vem.

Entretanto Jesus Cristo (a quem nada passava despercebido), ensinando no templo, bradava: - Então sabeis quem Eu sou e sabeis de onde venho?! Pois Eu não venho de Mim mesmo; há um Outro Verdadeiro que Me enviou e que vós não conheceis. Eu é que O conheço porque procedo d’Ele e foi Ele que Me enviou.

Procuravam então prendê-l’O, mas ninguém Lhe deitou a mão, pois a Sua hora ainda não tinha chegado. Porém, dentre o povo, muitos creram n’Ele e comentavam: - Quando vier o Messias, será que há-de realizar mais sinais miraculosos do que Este?

Tal comentário do povo a respeito d’Ele chegou aos ouvidos dos fariseus. Então os sumos sacerdotes e os fariseus mandaram guardas para prenderem Jesus Cristo.

Entretanto Jesus Cristo começou a dizer: - Já pouco tempo vou ficar convosco, pois irei para Aquele que Me enviou. Haveis de procurar-Me, mas não Me encontrareis e não podereis ir para o lugar onde Eu estiver.

Os judeus, por isso, disseram entre si: - Para onde tenciona Ele ir que não O podemos encontrar? Tenciona ir até aos que estão dispersos entre os gregos? Que significam estas palavras que Ele disse: «Haveis de procurar-Me, mas não Me encontrareis e não podereis ir para o lugar onde Eu estiver?»

No último dia, o mais solene da festa (a Páscoa judaica), Jesus Cristo, de pé, bradou: - Se alguém tem sede, venha a Mim e quem crê em Mim que sacie a sua sede! Como diz a escritura: «Hão-de correr do Seu coração rios de água viva.»

Ora Ele disse isto, referindo-Se ao Espírito que iam receber os que cressem n’Ele. Com efeito, ainda não tinham o Espírito porque Jesus Cristo ainda não tinha sido glorificado.

Então, entre a multidão de pessoas que escutavam estas palavras, dizia-se: - Ele é realmente o Profeta.

Diziam outros: - É o Messias.

Outros, porém afirmavam: - Mas pode lá ser que o Messias venha da Galileia?! Não diz a escritura que o Messias vem da descendência de David e da cidade de Belém, donde era David?

Deste modo, estabeleceu-se um desacordo entre a multidão. Alguns deles queriam prendê-l’O, mas ninguém Lhe deitou a mão.

Depois os guardas voltaram até aos sumos sacerdotes e aos fariseus que lhes perguntaram: - Por que é que não O trouxestes?

Os guardas responderam: - Nunca nenhum homem falou assim!

E os fariseus afirmaram: - Será que também vós ficastes seduzidos? Porventura creu n’Ele algum dos chefes ou dos fariseus? Mas essa multidão, que não conhece a Torá, é gente maldita!

Nicodemos, que antes fora ter com Jesus Cristo e era um deles, disse-lhes: - Porventura permite a nossa Lei julgar um homem sem antes O ouvir e sem averiguar o que Ele anda a fazer?

Responderam-lhe eles: - Também tu és galileu? Investiga e verás que da Galileia não sairá nenhum profeta!

E cada um foi para sua casa.” (S. João 7,25-53)

  • Jesus Cristo estava a ensinar no templo e afirmou:

- Eu sou a luz do mundo. Quem Me segue, não anda nas trevas, mas terá a luz da Vida. (...)

Eu vou-Me embora. Vós haveis de Me procurar, mas morrereis no vosso pecado. Vós não podereis ir para onde Eu vou.

Vós sois cá de baixo. Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo. De facto, se não crerdes que Eu sou O que sou, morrereis nos vossos pecados.

Perguntaram-Lhe: - Quem és Tu, afinal?

Disse-lhes Jesus Cristo: - Absolutamente aquilo que já vos estou a dizer. (...) Quando tiverdes erguido ao alto o Filho do Homem do Céu; então ficareis a saber que Eu sou O que sou e que nada faço por Mim mesmo, mas falo destas coisas tal como o Pai mas ensinou. E Aquele que Me enviou, está coMigo. Ele não Me deixou só porque faço sempre aquilo que Lhe agrada.

Quando expunha estas coisas, muitos creram n’Ele. Então Jesus Cristo pôs-Se a dizer aos judeus que n’Ele tinham acreditado: - Se permanecerdes fiéis à Minha Mensagem, sereis verdadeiramente Meus discípulos, conhecereis a Verdade e a Verdade vos tornará livres.(...) Todo aquele que comete pecado, é servo do pecado e o servo não fica na família para sempre; o filho é que fica na família para sempre. Pois bem, se o Filho vos libertar, sereis realmente livres. Eu sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-Me porque não aderis à Minha Palavra. Eu comunico o que vi junto do Pai.

Eles responderam-Lhe: - O nosso pai é Abraão!

Jesus Cristo afirmou-lhes: - Se fosseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão! Vós pretendeis matar-Me, a Mim, um Homem que vos comunicou a Verdade que recebi de Deus. Isso não o fez Abraão!

Eles responderam-Lhe: - Temos um só Pai que é Deus!

Afirmou-lhes Jesus Cristo: - Se Deus fosse vosso Pai, ter-Me-íeis Amor, pois é de Deus que Eu saí e vim. Por que não entendeis a Minha linguagem? Por que não podeis ouvir a Minha Palavra?

Vós tendes por pai o diabo e quereis realizar os desejos de vosso pai. Ele foi assassino desde o princípio e não esteve pela Verdade porque nele não há verdade. Quando fala mentira; fala do que lhe é próprio porque é mentiroso e pai da mentira. Por isso não acreditais em Mim que vos digo a Verdade. Quem de vós pode acusar-Me de pecado? Se digo a Verdade, porque não Me acreditais? Quem é de Deus, escuta as palavras de Deus. Vós não as escutais porque não sois de Deus. (...)

Eu sou o Bom Pastor. Eu sou a porta das ovelhas. Se alguém entrar por Mim, estará salvo. Há-de entrar e sair e achará pastagem. Eu vim para que tenham Vida e a tenham em abundância.

Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. Conheço as Minhas ovelhas e elas conhecem-Me assim como o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai. Eu ofereço a Minha vida pelas Minhas ovelhas.

Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil. Também estas, Eu preciso de as trazer e hão-de ouvir a Minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor.

É por isto que Meu Pai me tem Amor; por Eu oferecer a Minha Vida para A retomar depois. Ninguém ma tira, mas sou Eu que a ofereço livremente. Tenho o poder de a oferecer e o poder de a retomar. Tal é o cargo que recebi de Meu Pai. Eu e o Pai somos Um.

As Minhas ovelhas escutam a Minha voz. Eu conheço-as e elas seguem-Me. Dou-lhes a Vida Eterna e nem elas hão-de morrer jamais nem ninguém as arrancará da Minha mão.

Então os judeus voltaram a pegar em pedras para O apedrejarem.

Jesus Cristo afirmou-lhes: - Mostrei-vos muitas obras da parte do Pai. Por qual dessas obras Me quereis apedrejar?

Responderam-Lhe os judeus. – Não Te queremos apedrejar por qualquer obra boa, mas por uma blasfémia: é que Tu, sendo um Homem, fazes de Ti mesmo Deus.

Jesus Cristo respondeu-lhes: - Não está escrito: vós sois deuses? Se ela chamou deuses àqueles a quem dirigiu a Palavra de Deus – e a Escritura não se pode pôr em dúvida – a Mim, a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo, como é que dizeis: «Tu blasfemas.» por Eu ter dito «Sou o Filho de Deus.»

Depois Jesus Cristo voltou a retirar-se para a margem de além-Jordão, para o lugar onde, ao princípio, João tinha estado a baptizar e ali se demorou. Muitos vieram ter com Ele e comentavam:

- Realmente João não realizou nenhum sinal milagroso, mas tudo quanto disse deste Homem era verdade.

E muitos ali creram n’Ele. (S. João 8,12-10,42)

  • “Até entre os chefes, muitos creram n’Ele, mas não o confessavam por causa dos fariseus para não serem expulsos da sinagoga, pois amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.” (S. João 12,42-43)
  • O Conselho decide a morte de Jesus Cristo e “por isso Jesus Cristo já não andava em público, mas retirou-Se de Jerusalém para uma região vizinha do deserto, para uma cidade chamada Efraim e lá ficou com os discípulos.

Estava próxima a Páscoa dos judeus e muita gente subiu a Jerusalém antes da Páscoa para se purificar. Procuravam então Jesus Cristo e perguntavam uns aos outros no templo:

- Que vos parece, Ele virá à Festa?

Entretanto os sumos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde Ele estava, o indicasse para O prenderem.” (S. João 11,45-57)

Uma coisa é Jesus Cristo retirar-Se para um centro religioso talvez, com os Seus discípulos para prepará-los espiritualmente para os tempos de provação e perseguição que já os cercavam e preparar-Se a Si próprio para o sofrimento, humilhação e dor por que iria passar. Outra coisa é, perante o perigo, negar a Sua identidade, querer salvar a vida pequena; isso nem os Seus piores inimigos, com verdade, o podem afirmar. Em nenhuma circunstância, seja com quem for, alguma vez, alguém pôde ser testemunha de que Jesus Cristo Se tenha negado a Si próprio. Só ignorantes e muito insensatos podem fazer tal afirmação acerca d’Ele!

  • Então Judas Iscariotes foi ter com os sumos sacerdotes e disse-lhes: - Quanto me dareis, se eu vo-l’O entregar?

Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. A partir daquele momento Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus Cristo.” (S. Mateus 26,14-16)

  • No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus Cristo e perguntaram-Lhe: - Senhor, onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?

Ele respondeu: - Ide à cidade, a casa de um certo homem e dizei-lhe:

- O Mestre manda dizer «o Meu tempo está próximo. É em tua casa que quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos.»

Os discípulos fizeram como Jesus Cristo lhes ordenara e prepararam a Páscoa.

Ao cair da tarde, Jesus Cristo sentou-Se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, disse: - Em verdade vos digo: um de vós vai entregar-Me.

Profundamente entristecidos, começaram a perguntar-Lhe:

- Porventura serei eu, Senhor?

Ele respondeu: - O que mete a mão no prato coMigo (ao mesmo tempo); esse Me entregará. O Filho do Homem segue o Seu caminho como está escrito acerca d’Ele; mas ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue. Seria melhor para esse homem não ter nascido.

Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou:

- Porventura serei eu, Mestre?

- Tu o disseste. – respondeu-lhe Jesus Cristo.” (S. Mateus 26,17-26)

Era necessário que se cumprisse o que o Espírito Santo anunciou na Escritura pela boca de David a respeito de Judas Iscariotes, que foi o guia dos que prenderam Jesus Cristo. Ele, efectivamente, era um dos nossos e tinha recebido uma parte do nosso ministério. Esse homem, depois de ter adquirido um terreno com o salário do seu crime, (isto é, as trinta moedas de prata por ter entregado Jesus Cristo. Então parece-me que realmente Judas não seria líder de nenhum grupo de iluminados porque o normal seria que entregasse esta fortuna a esse grupo, até para justificação e paz da sua consciência. Ele fazia parte, sim, do grupo dos apóstolos; era apóstolo como os outros onze com a função de administrar os bens e dinheiro da comunidade. Dessa perspectiva, ele era iluminado; já que os apóstolos eram instruídos com muito mais profundidade do que os outros seguidores. Judas pegou nas trinta moedas de prata e foi comprar um bom terreno para resolver a sua vidinha certamente; mas ...) precipitou-se de cabeça para baixo (neste terreno, com uma corda atada aos pés e ao ramo de uma árvore onde estava). Rebentou pelo meio e todas as suas entranhas e sangue se espalharam. (Tinha cinquenta e um anos segundo o calendário da época e do local.) O facto chegou ao conhecimento de todos os habitantes de Jerusalém, a tal ponto que esse terreno foi chamado na língua deles 'Campo de Sangue'.” (Actos 1,16-19)

Jesus Cristo afirmou-lhes: - Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto.

Quem se ama a si próprio, perde-se; quem se preocupa com o seu próximo neste mundo, assegura para si a vida eterna. Se alguém Me serve, que Me siga e onde Eu estiver, aí estará também o Meu servo. Se alguém Me servir, o Pai há-de honrá-l’O.

Agora a Minha alma está perturbada. E que hei-de Eu dizer? Pai, livra-Me desta hora? Mas precisamente para esta hora é que Eu vim! Pai, manifesta a Tua glória!

Veio então uma voz do Céu: «Já a manifestei e voltarei a manifestá-la!»

Entre as pessoas presentes que escutaram, uns diziam que tinha sido um trovão; outros diziam: «Foi um anjo que Lhe falou.»

Jesus Cristo afirmou: - Esta voz não veio por causa de Mim, mas por amor de vós. Agora é o julgamento deste mundo; agora é que o dominador deste mundo vai ser lançado fora. E eu, quando for erguido da terra, atrairei todos a Mim.

Dizia isto dando a entender de que espécie de morte havia de morrer. Aquela gente respondeu-Lhe: - Nós aprendemos na Torá que o Messias permanece vivo para sempre. Como afirmas Tu que o Filho do Homem tem de ser erguido? Mas, quem é afinal esse Filho do Homem?

Jesus Cristo respondeu-lhes: - Por um pouco de tempo ainda a Luz4 está no meio de vós. Caminhai, enquanto tendes a Luz de modo que as trevas não vos apanhem; pois quem caminha nas trevas, não sabe para onde vai. Enquanto tendes a Luz, crede na Luz para vos tornardes filhos da Luz.” (S. João 12,20-36)

  • Jesus Cristo levantou a voz e disse: - Quem crê em Mim, não é em Mim que crê, mas sim n’Aquele que Me enviou. Eu vim ao mundo como luz para que todo o que crê em Mim, não fique nas trevas.

Se alguém ouve as Minhas palavras e não as cumpre, não sou Eu que o julgo, pois não vim para condenar o mundo, mas sim para o salvar. Quem Me rejeita e não aceita as Minhas palavras, tem quem o julgue: a Palavra que Eu anunciei; essa é que o há-de julgar no último dia porque Eu não falei por Mim mesmo, mas o Pai, que Me enviou, é que Me encarregou do que devo dizer e anunciar. E Eu bem sei que este Seu mandato traz consigo a Vida Eterna. Por isso, as coisas que Eu anuncio, anuncio-as tal como o Pai as disse a Mim.” (S. João 12,44-50)

  • Enquanto comiam, Jesus Cristo, tomando uma taça deu graças e disse: - Tomai e reparti entre vós, pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira até chegar o Reino de Deus.

Jesus Cristo tomou então o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos Seus discípulos dizendo:

- Tomai, comei: isto é o Meu Corpo que vai ser entregue por vós. Fazei isto em Minha memória.

Depois da ceia, tomou o cálice, deu graças e entregou-o aos Seus discípulos dizendo:

- Bebei dele todos. Este é o Meu Sangue, sangue da Nova Aliança, que vai ser derramado por muitos para perdão dos pecados. Eu vos digo: Não beberei mais deste produto da videira até ao dia em que beber o vinho novo convosco no Reino de Meu Pai.” (S. Mateus 26,26-29; S. Lucas 22,14-20)

  • Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois Meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.

Jesus Cristo levantou-se da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e atou-a à cintura. Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que atara à cintura.

Chegou então a Simão Pedro e este disse-Lhe:

- Senhor, Tu é que me lavas os pés?

Jesus Cristo respondeu-lhe: - O que Eu estou a fazer, tu não o entendes por agora, mas hás-de compreendê-lo depois.

Disse-Lhe Pedro: - Não! Tu nunca me hás-de lavar os pés!

Respondeu-lhe Jesus Cristo: - Se Eu não tos lavar, nada terás a ver coMigo.

Disse-Lhe então Simão Pedro: - Ó Senhor, não só os pés, mas também as mãos e a cabeça!

Respondeu-lhe Jesus Cristo: - Quem tomou banho (do Céu), não precisa de lavar senão os pés, pois está todo limpo. Vós estais limpos, mas não todos.

Depois de lhes ter lavado os pés e de ter posto o manto, voltou a sentar-se à mesa e disse-lhes: - Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me MESTRE e SENHOR e dizeis bem porque o sou. Ora, se Eu, que sou o MESTRE e o SENHOR vos lavei os pés, também vós vos deveis lavar os pés uns aos outros. Na verdade, dei-vos o exemplo para que, assim como Eu vos fiz, vós façais também.

Em verdade, em verdade, vos digo: não é o servo mais do que o seu senhor; nem o enviado mais do que aquele que o envia.

Uma vez que sabeis isto, sereis felizes, se o puserdes em prática.

Não se perturbe o vosso coração. Na Casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, como teria dito Eu que vos vou preparar um lugar? (isto é, um mundo. O mundo dos seres humanos onde Jesus Cristo é Senhor e Rei.) E quando Eu tiver ido e vos tiver preparado lugar, virei novamente e hei-de levar-vos para junto de Mim a fim de que, onde Eu estou, vós estejais também. E para onde Eu vou, vós sabeis o caminho.

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai senão por Mim. Se ficastes a conhecer-Me, conhecereis também o Meu Pai e já o conheceis, pois estais a vê-l’O. Quem Me vê; vê o Pai. Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. As coisas que Eu vos digo, não as manifesto por Mim mesmo: é o Pai que, estando em Mim, realiza as Suas obras. Eu vou para o Pai e o que pedirdes em Meu nome, Eu o farei de modo que, no Filho, se manifeste a glória do Pai. Se Me pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu o farei.

Se Me tendes amor, cumprireis os Meus ensinamentos e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará o Espírito da Verdade. Ele dará testemunho a Meu favor. E vós também haveis de dar testemunho porque estais coMigo desde o princípio (da Sua evangelização). O Espírito da Verdade há-de guiar-vos para a verdade completa. Ele não falará por Si próprio; mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir. Ele há-de manifestar a Minha glória porque receberá do que é Meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que Pai tem, é Meu.

Se alguém Me tem amor, há-de guardar a Minha Palavra. O Meu Pai o amará e nós viremos a ele e nele faremos morada. A Palavra que vos dou, não é Minha, mas é do Pai que Me enviou.

Quem não Me tem amor, não guarda a Minha Palavra.

O Espírito Santo que o Pai enviará em Meu nome, Esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse. Quando Ele vier, dará ao mundo provas irrefutáveis de uma culpa, de uma inocência e de um julgamento: de uma culpa, pois não creram em Mim; de uma inocência, pois Eu vou para o Pai (se tivesse pecado, teria sido destruído pela morte e não teria acesso ao Pai); de um julgamento, pois o príncipe deste mundo ficou condenado (porque condenou um inocente).

Deixo-vos (o Espírito da) Paz; dou-vos a Minha Paz.

Não vos deixarei orfãos. Eu voltarei a vós!

  • Está a chegar a hora em que já não vos falarei por comparações, mas claramente vos darei a conhecer o que se refere ao Pai. Nesse dia apresentareis, em Meu nome, os vossos pedidos ao Pai. Não vos digo que rogarei por vós ao Pai, pois é o próprio Pai que vos AMA porque vós já Me tendes amor e já credes que Eu saí de Deus. Saí do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e vou para o Pai.

Eis que vem a hora – e já chegou – em que sereis dispersos cada um por seu lado e Me deixareis só; se bem que Eu não esteja só porque o Pai está coMigo. Anunciei-vos estas coisas para que, em Mim, tenhais a paz. No mundo tereis tribulações, mas tende confiança. Eu já venci o mundo.1)

1) Já venceu o mundo porque não caiu em nenhum tipo de pecado e assim ficou livre e inocente de qualquer culpa e quem O condenou, fosse do que fosse, ficou condenado porque condenou um inocente, condenou por maldade, por mentira, por instigação do mal que no(a) próprio habita; mas a culpa mantém-se porque condenou.

Assim falou Jesus Cristo. Depois, levantando os olhos ao céu, exclamou:

Pai, chegou a hora!

Manifesta a glória do Teu Filho de modo que o Teu Filho manifeste a Tua glória, segundo o poder que Lhe deste sobre toda a humanidade a fim de que dê a vida eterna a todos os que Lhe entregaste.

Esta é a Vida Eterna:

Que Te conheçam a Ti, único Deus Verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste.

Eu manifestei a Tua glória na Terra, levando a cabo a obra que Me deste a realizar. E agora Tu, ó Pai, mostra a Minha glória junto de Ti, aquela glória que Eu tinha junto de Ti, antes do mundo existir.

Dei-Te a conhecer a todos que, do meio do mundo, Me deste. Eles eram Teus e Tu mos entregaste e têm guardado a Tua Palavra. Agora ficaram a saber que tudo quanto Me deste, vem de Ti, pois as palavras que Me transmitiste, Eu lhas tenho transmitido. Eles receberam-nas e reconheceram verdadeiramente que Eu vim de Ti e creram que Tu Me enviaste.

É por eles que Eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que Me confiaste porque são Teus. Tudo o que é Meu, é Teu e o que é Teu é Meu e neles se manifesta a Minha glória.

Doravante já não estou no mundo, mas eles estão no mundo e Eu vou para Ti. Pai Santo, Tu que a Mim Te deste; guarda-os em Ti para serem um só como Nós somos!

Enquanto estava com eles, Eu guardava-os em Ti; em Ti que a Mim Te deste. Guardei-os e nenhum deles se perdeu a não ser o homem da perdição, cumprindo-se assim a Escritura.

Mas agora vou para Ti e, ainda no mundo, digo isto para que eles tenham em si a plenitude da Minha alegria. Entreguei-lhes a Tua Palavra e o mundo odiou-os porque eles não são do mundo como também Eu não sou do mundo. Não Te peço que os tires do mundo, mas que os livres do Maligno. De facto, eles não são do mundo como também Eu não sou do mundo.

Faz que eles sejam Teus inteiramente por meio da Verdade; a Verdade é a Tua Palavra. Assim como Tu Me enviaste ao mundo; também Eu os envio ao mundo e por eles totalmente Me entrego para que também eles fiquem a ser Teus inteiramente, por meio da Verdade.

Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em Mim por meio da sua palavra para que todos sejam um só como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu Me enviaste.

Eu dei-lhes a glória que Tu Me deste de modo que sejam um como Nós somos Um. Eu neles e Tu em Mim para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu Me enviaste e que os amaste a eles como a Mim.

Pai, quero que onde Eu estiver estejam também coMigo aqueles que Tu Me confiaste para que contemplem a Minha glória; a glória que Me deste por Me teres amado antes da criação do mundo.

Pai Justo, o mundo não Te conheceu, mas Eu conheci-Te e estes reconheceram que Tu Me enviaste. Eu dei-lhes a conhecer quem Tu és e continuarei a dar-Te a conhecer a fim de que o AMOR que Me tiveste, esteja neles e Eu esteja neles também.

Está a chegar o príncipe deste mundo. Ele nada pode contra Mim, mas o mundo tem de saber que Eu amo o Pai e actuo como o Pai Me mandou. Levantai-vos, vamo-nos daqui!” (S. João 12,20-17,26)

  • Depois de cantarem os salmos, Jesus Cristo saiu então para o Monte das Oliveiras como era Seu costume, após a ceia. Os discípulos seguiram também com Ele. Quando chegaram ao local, Jesus Cristo afastou-se deles a distância de um tiro de pedra aproximadamente e pôs-se a rezar. Então, vindo do Céu, apareceu-Lhe um anjo que O confortava.

Depois de rezar, foi ter com os discípulos e encontrou-os a dormir. Ainda estava Ele a falar, quando surgiu uma multidão de gente. Um dos doze, Judas Iscariotes, caminhava à sua frente e aproximou-se de Jesus Cristo para O beijar como era costume dos discípulos.

Depois disse aos que tinham vindo contra Ele, aos sumos sacerdotes, aos oficiais dos templos e aos anciãos:

- Saístes com espadas e varapaus como se fosseis ao encontro de um salteador. Estive convosco todos os dias no templo e não me deitastes as mãos. Esta é a vossa hora e o domínio das trevas.

Então a multidão apoderou-se de Jesus Cristo e levaram-n’O para a casa do sumo sacerdote. Pedro seguia longe e depois sentou-se no meio da multidão à volta de uma fogueira. (...) enquanto Pedro negava conhecer Jesus Cristo, um galo cantou. Jesus Cristo, voltando-Se, fixou os Seus olhos em Pedro e este recordou-se das palavras de Jesus Cristo e, vindo para fora, chorou amargamente.

Entretanto os que guardavam Jesus Cristo, troçavam d’Ele e maltratavam-n’O e proferiam muitos insultos.

Quando amanheceu, reuniu-se o Conselho dos anciãos do povo, sumos sacerdotes e doutores da Torá, que o levaram ao seu tribunal.

Depois levantaram-se todos e levaram-n’O a Pilatos e começaram a acusá-l’O. Depois Pilatos envia Jesus Cristo a Herodes que também se encontrava em Jerusalém nesses dias.

Ao ver Jesus Cristo, Herodes ficou extremamente satisfeito, pois havia bastante tempo que O queria ver devido ao que ouvia dizer d’Ele, esperando que fizesse algum milagre na sua presença.

Os sumos sacerdotes e os doutores da Torá que lá estavam, acusavam-n’O com veemência. Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo e, por troça, mandou-O cobrir com uma capa vistosa, enviando-O de novo a Pilatos. Nesse dia, Herodes e Pilatos ficaram amigos, pois eram inimigos um do outro.

Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes e o povo e disse-lhes:

- Não encontrei em Jesus Cristo nenhum dos crimes de que O acusais. Herodes tão-pouco. Como vedes, Ele não praticou nada que mereça a morte. (...)” (S. Lucas 22,39-23,24)

Jesus Cristo ainda era mais importante do que qualquer um de nós porque Ele era e é de Deus.

Sabemos mais: sabemos que, no sinédrio, Caifás e apoiantes decidiram matar Jesus Cristo com o pretexto de que os Seus ensinamentos e o chamar-Se Filho de Deus levariam a que o imperador romano invadisse e destruísse a Palestina como medida de retaliação. Matando Jesus Cristo justificariam a sua obediência a Roma e ao imperador. Deram aquela morte atroz a Jesus Cristo e que aconteceu?

Apesar de estar escrito nas palavras de Jesus Cristo “... ressuscite dos mortos como revela o Antigo Testamento; actualmente sabemos muito mais. Sabemos que Jesus Cristo, porque nasceu, era e é (porque continua Vivo) uma União de vários seres que só se apartaram do ser natural quando Jesus Cristo tomou o vinagre e afirmou «Tudo está consumado!»; inclinou a cabeça e entregou o Seu espírito a Deus.

Quando os soldados chegaram a Jesus Cristo, o Seu corpo já não tinha vida; mas, mesmo assim, um dos soldados espetou-Lhe uma lança no peito do lado esquerdo, donde jorrou sangue e água, devido à suspensão da cruz. Porquê lado esquerdo?

Porque os soldados são pessoas treinadas para matar e é sempre no lado esquerdo que espetam a lança para cortarem a aorta donde jorra mais sangue devido à sua largura e a morte do adversário é mais rápida. Ele já estava morto; por isso não havia motivo para o fazerem de outra maneira. O seu objectivo era ficarem com a certeza que Ele morreu realmente; não fosse Ele estar em coma.

Jesus Cristo esteve sempre lúcido; o seu corpo movendo-Se pelas ruas, depois a suspensão na cruz. Jesus Cristo esteve completo na Sua totalidade até ao momento em que entregou o Seu espírito a Deus. Nessa altura, a voz, o Seu ser espiritual, a Sua Alma apartaram-Se. Jesus Cristo tinha quarenta e seis anos de idade segundo o calendário local e da época, a caminho dos quarenta e sete.

Restaram na cruz os Seus ossos materiais e o Seu ser natural. A morte não estava n’Ele, pois não há relatos de qualquer doença ou sinais de doença; então o Seu ser natural estava saudável.

Após ter sido deixado no sepulcro, que aconteceu?

Como os ossos celestes regressaram ao seu mundo, os ossos naturais esfumaram-se, ficaram em nada e Ele ganhou a leveza.

Entretanto os Seus ossos celestes regressaram ao ser natural de Jesus Cristo que recebeu novamente a Sua voz, o Seu ser espiritual, a Sua alma porque nenhum a morte teve possibilidade de destruir; mas agora o Seu corpo estava adaptado ao mundo aéreo enquanto que antes da morte o Seu corpo estava adaptado ao mundo da Terra. A totalidade de Jesus Cristo volta a existir e Ele passa para o mundo dos Vivos deixando apenas as ligaduras no sepulcro.



Deus manifestou a Sua DOR pelo que fizeram ao Seu Filho: Assim era pleno dia e escureceu completamente, isto é, toda a luz se evadiu do interior da abóbada celeste do planeta Terra. Houve na mesma hora um tremor de terra de tal ordem que toda a terra se fendeu e o templo partiu-se ao meio:

  • Por volta do meio-dia as trevas cobriram toda a região até às três horas da tarde. O sol tinha-se eclipsado e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito Jesus Cristo exclamou: - Pai, nas tuas mãos entrego o Meu espírito. Dito isto expirou.” (S. Lucas 23,44-46)

S. Mateus, um dos doze apóstolos que acompanhavam Jesus Cristo, dá-nos o seguinte testemunho ocular:

  • “Jesus Cristo, clamando outra vez com voz forte, expirou.

Então o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo. A terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos, que estavam mortos, ressuscitaram saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus Cristo, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. O centurião e os guardas que com ele guardavam Jesus Cristo, vendo o tremor de terra e o que estava a acontecer, ficaram apavorados e disseram: - Este era verdadeiramente o Filho de Deus!” (S. Mateus 27,51-56)

Tudo isto se passa na sexta-feira à tarde, véspera da Páscoa Judaica e, portanto para S. Mateus a ressurreição de Jesus Cristo aconteceu imediatamente após a morte do Seu corpo físico naquela sexta-feira. No entanto Ele só se dirigiu aos Seus discípulos no domingo seguinte logo desde manhãzinha.

Naquela sexta-feira houve a libertação de todos os seres que faziam parte da totalidade – Jesus Cristo.

Deus quis que este mundo soubesse que teve pleno conhecimento de quem e de tudo o que fizeram ao Seu Filho. Então Ele não ressuscitou dos mortos porque Ele esteve sempre Vivo e na própria Sexta-Feira Santa a Sua totalidade dispersou-se e passou deste mundo material em que vivemos para o mundo dos Vivos, paralelo a este e no primeiro dia da semana a Sua totalidade voltou a existir, a unir-se e durante quarenta dias frequentou os dois mundos e na Quinta-Feira da Ascensão subiu ao alto dos céus para viver para sempre também entre os Vivos.

Ele agora era o Ressuscitado.

A Nova Era estava inaugurada com sucesso!

Passados catorze-dezasseis anos a Judeia torna-se província romana governada só por romanos. Passados quarenta anos, duas gerações, no ano setenta, Jerusalém foi invadida pelas hostes romanas e o templo completamente desfeito e não mais foi reconstruído e um incêndio de enormes dimensões destruiu completamente toda a cidade.

Parece que os romanos não ficaram tão agradecidos pela morte de Jesus Cristo como os judeus esperavam que acontecesse.

Deus não queria que fizessem o que fizeram ao Seu Filho, mas não tinha outra saída para poder resgatar a humanidade, aqueles(as) que o quisessem, às trevas.

Parece-me importante salientar a diferença de tratamento e de relacionamento com Jesus Cristo dependendo de Ele se encontrar na Galileia, em Israel e em Jerusalém, na Judeia. É fácil encontrar essa diferença de carácter entre as duas regiões nestes testemunhos.

2- Jesus Cristo segundo S. João


No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus. No princípio Ele estava em Deus. Por Ele é que tudo começou a existir e sem Ele nada veio à existência.

N’Ele é que estava a Vida de tudo o que veio a existir.

E a Vida era a Luz dos seres humanos.

A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam.

Apareceu um homem enviado por Deus que se chamava João. Este vinha como testemunha para dar testemunho da Luz e todos crerem por meio dele. Ele não era a Luz, mas vinha para dar testemunho da Luz.

O Verbo era a Luz verdadeira que, ao vir ao mundo, a todo o ser humano ilumina.

Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não O aceitou.

Veio ao que era Seu e os Seus não O receberam; mas a quantos O receberam, aos que n’Ele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram de laços de sangue nem de um impulso da carne nem da vontade de um homem, mas sim de Deus.

E o Verbo fez-se Homem e veio habitar connosco.

E nós contemplámos a Sua glória, a glória que tem como Filho do Pai, cheio de Graça e de Verdade.

João Baptista deu testemunho d’Ele ao clamar: «Este era Aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim, passou-me à frente porque existia antes de mim.»

Sim, todos nós participamos da Sua plenitude, recebendo graças sobre graças. É que a Lei foi dada por Moisés, mas a Graça e a Verdade vieram-nos por Jesus Cristo.

A Deus, o Filho que está com Deus e o Pai, foram Eles que O deram a conhecer.” (S. João 1,1-18)

Eis o evangelista S. João!

Nasceu em Betsaida, localidade nas margens do Mar da Galileia. Com o seu irmão Tiago e também Pedro formava o grupo predilecto de Jesus Cristo. Estes quatro primeiros discípulos eram pescadores, analfabetos, judeus e galileus. João assistiu à ressurreição de Jairo e à transfiguração de Jesus Cristo no Monte Tabor. João foi convidado por Jesus Cristo a rezar durante a Sua agonia no monte das Oliveiras. É ele quem está o tempo todo junto de Jesus Cristo na cruz nunca O abandonando.

Foi o apóstolo que mais amou Jesus Cristo, seu Mestre e Senhor. Irmão do apóstolo Tiago e ambos filhos de Zebedeu. São dois dos primeiros quatro discípulos que Jesus Cristo chamou. Adolescente, juntou-se ao grupo e por isso nunca foi tomado muito a sério, quando enfrentava algum do grupo ou quando enfrentava fariseus ou doutores da Torá, no seu amor fervoroso pelo Mestre.

É o discípulo amado. Pode-se afirmar que João é o discípulo que mais penetrou no mistério de Jesus Cristo e que mais intensamente viveu o Amor do Coração de Jesus Cristo; é aquele que pousa a sua cabeça sobre o peito de Jesus Cristo aquando da tristeza do anúncio da traição de Judas Escariotes na Última Ceia.

Ele era inseparável de Jesus Cristo. Onde o Mestre estava, João tinha de estar. Ele não tomou notas, mas presenciou tudo. É uma testemunha e o seu testemunho é precioso, apesar da dificuldade em localizar no tempo cronológico porque não tomou notas na primeira fase da evangelização de Jesus Cristo.

João foi o último dos apóstolos a falecer, de morte natural, já centenário, durante o reinado do imperador Trajano, na cidade de Éfeso, Grécia.

No entanto, quando Jesus Cristo regressa da Lusitânia naquele Domingo de Ramos (para os futuros cristãos) tudo passa a ser diferente para João:

1º - Não é mais um adolescente, mas um homem feito;

2º - Como apóstolo dos primeiros e testemunha presencial de tudo da vida e evangelização de Jesus Cristo; certamente o grupo dos discípulos e apóstolos envidaram esforços para que ele aprendesse a ler e aprendesse as escrituras.

3º - Assim, nesta segunda fase, o apóstolo João já toma notas; não de tudo para escrever uma biografia como fazia S. Mateus; mas das palavras, da Mensagem de Jesus Cristo e nisso utilizou o papel que lhe era fornecido. Atesta esta afirmação o facto de haver afirmações de Jesus Cristo idênticas em lugares e tempos diferentes como é próprio do discurso oral e não é próprio de um trabalho escrito de memória. Ele usou apontamentos que foi tomando ao acompanhar o Mestre e Senhor. Assim ele transmite-nos o que mais nenhum evangelista conseguiu transmitir, tão completamente.

4º - No entanto, João é tímido; não gosta de ser figura pública, prefere o anonimato dos pequenos grupos. Assim se justifica lhe ter Jesus Cristo entregado Sua mãe ao seu cuidado quando estava na cruz. E João ter aceitado e cumprido, tendo certamente casado e tido família que pudesse cuidar de Maria e dele próprio. Assim se justifica também a vida longa que viveu. Foi sempre manso e humilde de coração com o sentido da responsabilidade que assumiu do Senhor.

E com esta personalidade, o apóstolo João só escreve o seu evangelho quando já mais ninguém escreve e porque, apesar de tudo o que foi escrito, ele tem algo que mais ninguém disse ou escreveu e por isso sente que precisa de escrever o seu evangelho. Já com a idade bem avançada, João ainda demonstra na sua escrita a admiração e o Amor que sempre sentiu pelo Senhor e pela Sua causa e a jovialidade da sua mente, apesar da sabedoria que os anos lhe foram trazendo. O evangelho de S. João é publicado entre os anos 90 e 100 da nossa era. João escreveu o seu Evangelho, mas também três Cartas e o Livro – Apocalipse.

  • No dia seguinte, João Baptista, ao ver Jesus CRISTO, que se dirigia para ele, exclamou:

- Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo! É Aquele de quem eu disse: «Depois de mim, vem um Homem que me passou à frente porque existia antes de mim.» Eu não O conhecia bem; mas foi para Ele se manifestar a Israel que eu vim baptizar com água.

E João Baptista testemunhou: - Vi o Espírito que descia do céu como uma pomba e permanecia sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a baptizar com água é que me disse: «Aquele sobre quem virdes descer o Espírito e pousar sobre Ele é O que baptiza com o Espírito Santo.» Eu vi e dou testemunho de que Este é o Filho de Deus.

(...) Ouvindo-o falar assim dois dos discípulos de João Baptista seguiram Jesus Cristo. Jesus Cristo voltou-Se e perguntou-lhes: - Que pretendeis?

Eles disseram-Lhe: - Mestre, onde moras?

- Vinde e vereis. – respondeu-lhes Jesus Cristo.

Eles foram, viram e ficaram com Ele logo nesse dia. Era ao cair da tarde.

Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: - Encontrámos Aquele sobre quem escreveram Moisés e os Profetas na Torá. Jesus, filho de José de Nazaré.

Então disse-lhe Natanael: - De Nazaré pode vir alguma coisa boa?

Filipe respondeu-lhe: - Vem e verás!

Jesus Cristo viu Natanael que vinha ao Seu encontro e disse-lhe: - Aí vem um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.

Disse-Lhe Natanael: - Donde me conheces?

Respondeu-lhe Jesus Cristo: - Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira!

Respondeu-Lhe Natanael: - Mestre, Tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!

Respondeu-lhe Jesus Cristo: - Tu crês por Eu te ter dito: «Vi-te debaixo da figueira? Hás-de ver coisas maiores do que estas. Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo do céu por meio do Filho do Homem.1)» (S. João 1,29-51)

1) Jesus Cristo está a referir-Se ao período entre o Domingo da Ressurreição e a Quinta-Feira da Ascensão.

  • Entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos, um chefe dos judeus. Veio ter com Jesus Cristo de noite e disse-Lhe:

- Mestre, nós sabemos que Tu vieste da parte de Deus como Mestre porque ninguém pode realizar os sinais portentosos que Tu fazes se Deus não estiver com Ele.

Jesus Cristo disse-lhe: - Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do Alto não pode ver o Reino de Deus.

Perguntou-Lhe Nicodemos: - Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura poderá entrar no ventre de sua mãe outra vez e nascer?

Jesus Cristo respondeu-lhe: - Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. Aquilo que nasce da carne é carne e aquilo que nasce do Espírito é espírito. O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito.

Nicodemos interveio: - Como pode ser isso?

Jesus Cristo respondeu-lhe: - Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?

Nós falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei das coisas da Terra e não credes, como é que haveis de crer quando vos falar das coisas do céu? Pois ninguém subiu ao céu a não ser Aquele que desceu do Céu, o Filho do Homem. É necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto a fim de que todo o que crê n’Ele tenha a Vida Eterna. Tanto amou Deus o mundo que lhe entregou o Seu Filho a fim de que todo aquele que crê n’Ele não se perca, mas tenha a vida eterna. Quem n’Ele crê, não é condenado; mas quem não crê, já está condenado por não crer no Filho do Homem. E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo e os seres humanos preferiram as trevas à Luz porque as suas obras eram más. De facto, quem pratica o mal, odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas. Mas quem pratica a verdade, aproxima-se da Luz de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus.” (S. João 3,1-21)

  • Junto à cruz de Jesus Cristo estiveram o tempo todo, de pé, apenas Sua Mãe, a irmã de Sua Mãe – Maria, esposa de Clopas, Maria Madalena e o apóstolo João, irmão de Tiago.

Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade para vós crerdes também.

Depois disto acontecer, ao cair da tarde daquela sexta-feira, José de Arimateia que era discípulo de Jesus Cristo, mas secretamente por medo das autoridades judaicas; pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus Cristo e Pilatos permitiu-lho.

Veio, pois e retirou o corpo de Jesus Cristo. Nicodemos, aquele que antes tinha ido ter com Jesus Cristo de noite, apareceu também trazendo uma mistura de perto de cem libras de mirra e aloés. Tomaram então o corpo de Jesus Cristo e envolveram-no em panos de linho com os perfumes, segundo o costume dos judeus. No sítio em que Jesus Cristo tinha sido crucificado havia um horto e, no horto, um túmulo novo onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Como para os judeus era o Dia da Preparação da Páscoa e o túmulo estava perto, foi ali que puseram o corpo de Jesus Cristo.” (S. João 18,1-19,42)

  • José de Arimateia tomou o corpo de Jesus Cristo, envolveu-o num lençol limpo e depositou-o num túmulo novo que tinha mandado talhar na rocha. Depois rolou uma grande pedra contra a porta do túmulo e retirou-se. Maria Madalena (de Magdala) e MARIA (mãe de Jesus Cristo) estavam ali sentadas em frente do sepulcro.

No dia seguinte, sábado que era o dia a seguir ao da Preparação da Páscoa, os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram-se com Pilatos e disseram-lhe: - Senhor, lembrámo-nos de que Aquele impostor disse, ainda em vida, «três dias depois hei-de ressuscitar.» Por isso ordena que o sepulcro seja guardado até ao terceiro dia; não venham os discípulos roubá-l’O e dizer ao povo «ressuscitou dos mortos». Seria a última impostura pior do que a primeira.

Pilatos respondeu-lhes: - Tendes guardas. Ide e guardai-O como entenderdes.

E eles foram pôr o sepulcro em segurança, selando a pedra e confiando-o à vigilância dos guardas.

Terminado o sábado, ao romper do primeiro dia da semana, Maria Madalena, a quem Jesus Cristo tinha expulsado sete demónios; MARIA e Salomé compraram perfumes e foram visitar o sepulcro. Nisto houve um grande terramoto e o anjo do Senhor, descendo do Céu, aproximou-se e removeu a pedra, sentando-se sobre ela. O seu aspecto era como o de um relâmpago e a sua túnica era branca como a neve. Os guardas, com medo dele, puseram-se a tremer e ficaram como mortos; mas o anjo tomou a palavra e disse às mulheres:

- Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus Cristo, o crucificado. Não está aqui, pois ressuscitou como havia dito. Vinde, vede o lugar onde jazia e ide depressa dizer aos Seus discípulos «Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis! Eis o que tinha para vos dizer.1)

1) Como anteriormente, na qualidade de Mestre e Senhor, Jesus Cristo enviava à Sua frente discípulos. Também agora, com o mesmo estatuto no Céu, envia um anjo aos Seus discípulos a anunciar a Sua presença próxima.

Enquanto elas iam a caminho, alguns dos guardas foram à cidade participar aos sumos sacerdotes tudo o que tinha acontecido. Eles reuniram-se com os anciãos e, depois de terem deliberado, deram muito dinheiro aos soldados, recomendando-lhes: - Dizei isto: «de noite, enquanto dormíamos, os Seus discípulos vieram e roubaram-n’O.» e, se o caso chegar aos ouvidos do governador, nós o convenceremos e faremos com que vos deixe tranquilos.

Recebendo o dinheiro, eles fizeram como lhes tinham ensinado. E esta mentira divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje. (dia em que o apóstolo S. Mateus está a escrever este texto.)

Então, ouvindo o relato das mulheres, Simão Pedro e João, irmão de Tiago, correram para o sepulcro; João tomou a dianteira e chegou primeiro ao sepulcro. O João inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou. Entretanto chegou Simão Pedro. Este entrou para o túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão; ao passo que o lenço que estivera em volta da cabeça de Jesus Cristo, não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição.

Então é que João entrou para o túmulo e viu e começou a crer, pois ainda não tinha entendido a Escritura, segundo a qual Jesus Cristo devia ressuscitar dos mortos. A seguir, Pedro e João regressaram a casa.

(Maria Madalena (de Magdala) deve ter corrido atrás de Pedro e João em direcção ao sepulcro e outras mulheres devem tê-los seguido também), mas Maria Madalena, quando chegou, ficou do lado de fora, a chorar. Pedro e João partiram e ela ficou a chorar e, sem parar de chorar, debruçou-se para dentro do sepulcro e contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de Jesus Cristo: um à cabeceira e outro aos pés. Perguntaram-lhe:

- Mulher, porque choras?

Ela respondeu: - Porque levaram o meu SENHOR e não sei onde O puseram.

Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus Cristo, de pé; mas não se deu conta que era Ele. E Jesus Cristo disse-lhe: - Mulher, porque choras? Quem procuras?

Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe:

- Senhor, se foste tu que O tiraste, diz-me onde o puseste que eu vou buscá-l’O.

Disse-lhe Jesus Cristo: - Maria!

Ela, aproximando-se, exclamou: - Mestre!

Jesus Cristo disse-lhe: - Não Me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: «Subo para Meu Pai que é vosso Pai; subo para o Meu Deus que é o vosso Deus.»

Maria Madalena foi e contou o que Jesus Cristo lhe tinha dito.

As mulheres, cheias de temor e grande alegria, afastaram-se rapidamente do sepulcro e correram a dar a notícia aos outros discípulos. Jesus Cristo surgiu no caminho delas e disse-lhes:

- Salvé!

Elas aproximaram-se, acariciaram-Lhe os pés e prostraram-se diante d’Ele. Jesus Cristo disse-lhes:

- Não temais! Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá Me verão.

  • Nesse mesmo dia, domingo, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús que ficava a sessenta estádios de Jerusalém e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus Cristo e pôs-Se com eles a caminho; os seus olhos, porém estavam impedidos de O reconhecer.1)

1) Também é difícil para a nossa consciência reconhecer que, a conversar connosco e a caminhar connosco está alguém, de quem presenciámos a morte.

Disse-lhes Jesus Cristo: - Que palavras são essas que trocais entre vós enquanto caminhais?

Pararam entristecidos e um deles, chamado Cléofas, respondeu:

- Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!

Perguntou-lhes Jesus Cristo: - Que foi?

Responderam-Lhe: - O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo, como os sumos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel; mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o Seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos que afirmavam que Ele vivia. Então alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito, mas a Ele, não O viram.

Jesus Cristo disse-lhes então: - Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na Sua glória?

E começando por Moisés e, seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que Lhe dizia respeito.

Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém insistiam com Ele, dizendo: - Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.

Entrou Ele para ficar com eles e quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a benção e, depois de o partir, entregou-lho. Então os seus olhos abriram-se e reconheceram-n’O, mas Ele desapareceu da sua presença nesse momento.

Disseram então um para o outro: - Não nos ardia o coração quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?

Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros que lhes disseram: - Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!

E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus Cristo Se lhes dera a conhecer ao partir o pão.

Enquanto isto diziam, Jesus Cristo apresentou-Se no meio deles (...) (S. Lucas 24,13-36)

  • Ao anoitecer deste dia, o primeiro da semana (domingo), em Jerusalém, estavam fechadas todas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam com medo das autoridades judaicas. Veio Jesus Cristo, pôs-Se no meio deles e disse-lhes: - A paz seja convosco!

Dominados pelo espanto e pelo temor, julgavam ver um espírito.

Disse-lhes então: - Por que estais perturbados e por que surgem tais dúvidas nos vossos corações? Vede as Minhas mãos e os Meus pés! Sou Eu mesmo. Tocai-Me e olhai que um espírito não tem carne nem ossos como verificais que Eu tenho.

Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.

Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor e Ele voltou a dizer-lhes: - A paz seja convosco! Assim como o Pai Me enviou também Eu vos envio a vós.

Entretanto permanecei na cidade até serdes revestidos com a força do Alto.

Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles nesta altura. Quando se encontraram, os discípulos disseram-lhe:

- Vimos o Senhor!

Mas Tomé respondeu-lhes: - Se eu não vir o sinal dos pregos nas Suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no Seu peito; não acredito!



Oito dias depois, no domingo seguinte, em Jerusalém, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e desta vez o Tomé estava com eles. Estando as portas fechadas, Jesus Cristo veio, pôs-Se no meio deles e disse:

- A paz seja convosco!

Depois dirigiu-Se a Tomé: - Olha as Minhas mãos. Chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no Meu peito e não sejas incrédulo, mas fiel.

Tomé respondeu-Lhe: - Meu Senhor e meu Deus!

Disse-lhe Jesus Cristo: - Porque Me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto.

Ele perguntou-lhes: - Tendes aí alguma coisa que se coma?

Deram-Lhe um bocado de peixe grelhado e, tomando-o, comeu-o diante deles. (...)

Depois disse-lhes: - Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia; que havia de ser anunciada, em Seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas coisas e Eu vou enviar sobre vós o que o Meu Pai prometeu.

No decurso da refeição que partilhava com os discípulos, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem lá o Prometido do Pai. Então perguntaram-Lhe:

  • Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?

Jesus Cristo respondeu-lhes: - Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a Sua autoridade; mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.

Em seguida soprou sobre eles e disse-lhes:

- Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, estes ficarão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.

Algum tempo depois, Jesus Cristo apareceu outra vez aos discípulos junto do Lago de Tiberíades e manifestou-Se deste modo:

Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, o Gémeo, Natanael, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos.

Disse-lhes Simão Pedro: - Vou pescar.

Eles responderam-lhe: - Nós também vamos contigo.

Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper do dia, Jesus Cristo apresentou-Se na margem, mas os discípulos não O reconheceram.( porque já O imaginavam no Céu, bem longe deste mundo.)

Jesus Cristo disse-lhes então: - Rapazes, tendes alguma coisa para comer?

Eles responderam-Lhe: - Não.

Disse-lhes Jesus Cristo: - Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.

Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar. Então João, irmão de Tiago, disse a Pedro: - É o Senhor!

Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou o saio porque estava sem mais roupa e lançou-se à água. Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes. Com efeito, não estavam longe de terra, mas apenas a uns noventa metros.

Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão. Jesus Cristo disse-lhes:

- Trazei dos peixes que apanhastes agora.

Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e três. Apesar de serem tantos a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus Cristo: - Vinde almoçar!

Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar «Quem és Tu?» porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus Cristo aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe.

Depois de terem comido Jesus Cristo perguntou a Simão Pedro:

  • Simão, filho de João, tu amas-Me mais de que estes?

Pedro respondeu: - Sim, Senhor, Tu sabes que eu gosto mesmo de Ti.

Jesus Cristo disse-lhe: - Apascenta os Meus cordeiros.

Voltou Jesus Cristo a perguntar a Pedro uma segunda vez:

  • Simão, filho de João, tu amas-Me?

Pedro respondeu: - Sim, Senhor, Tu sabes que eu gosto mesmo de Ti.

Jesus Cristo disse-lhe: - Apascenta as minhas ovelhas.

E perguntou-lhe Jesus Cristo pela terceira vez:

  • Simão, filho de João, tu gostas mesmo de Mim?

Pedro ficou triste por Jesus Cristo lhe ter perguntado três vezes e respondeu-Lhe: - Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu gosto mesmo de Ti!

E Jesus Cristo disse-lhe: - Apascenta as Minhas ovelhas. Em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo atavas o cinto e ias para onde querias, mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levar para onde não queres.

E disse isto para indicar o género de morte com que ele havia de dar glória a Deus. Depois destas palavras acrescentou. – Segue-Me!

Pedro voltou-se e viu João, irmão de Tiago, e perguntou a Jesus Cristo: - Senhor, e que vai ser deste?

Jesus Cristo respondeu-lhe: - E se Eu quiser que ele fique até Eu voltar, que tens tu com isso? Tu, segue-Me!”

Esta já foi a terceira vez que Jesus Cristo apareceu aos Seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. (S. João 21,1-25)

Na Quinta-feira da Ascensão de Jesus Cristo ao Céu, todos os discípulos se reuniram no monte das Oliveiras, em Betânia, perto de Jerusalém, indicado por Jesus Cristo, e eis que Jesus Cristo lhes aparece vindo do céu e,

  • (...)erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, disse-lhes:

- Foi-Me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois e em todos os povos fazei discípulos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho ensinado. Sabei que estarei sempre convosco até ao fim dos tempos.

Então separou-se deles e elevava-se ao Céu e eles, depois de se terem prostrado diante d’Ele e adorado, viram de repente, dois homens vestidos de branco que lhes disseram:

- Homens da Galileia, porque estais assim a olhar para o céu? Esse Jesus que subiu para o Céu virá da mesma maneira como agora O vistes partir para o Céu.

Desceram então do monte das Oliveiras, situado perto de Jerusalém, à distância de uma caminhada de sábado e voltaram para Jerusalém com grande alegria e estavam continuamente no templo a bendizer a Deus e a orar.” (S. Mateus 28; Actos 1)

Podemos perguntar-nos: - Porque é que neste período, entre a ressurreição e a ascensão de Jesus Cristo, os relatos não são tão coincidentes entre os evangelistas?

Na minha modesta opinião há dois motivos cruciais:

1º - A dispersão e isolamento dos discípulos de Jesus Cristo, depois de tudo o que aconteceu ao Mestre e Senhor e a perseguição que lhes era movida;

2º - Cada um deles transmite apenas o essencial e sobre o qual não tem dúvidas porque é um assunto muito difícil de abordar tanto na evangelização como na catequese daqueles tempos e daquelas gentes.

  • As mulheres que foram ao sepulcro e também as outras mulheres que estavam com os discípulos-homens contavam o acontecimento aos apóstolos, (portanto as que presenciaram foram contando aos que iam surgindo e estas(es) juntavam-se às primeiras também a contar o ocorrido, tudo ao mesmo tempo) mas as suas palavras pareceram-lhes um desvario e eles não acreditaram nelas.” (S. Lucas 24,8-12)

  • Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus Cristo na presença dos Seus discípulos que não estão escritos neste livro.

Estes, porém foram escritos para crerdes que Jesus Cristo é o Messias, o Filho de Deus e crendo, tenhais a Vida n’Ele.

Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu. E nós sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.

Há ainda muitas outras coisas que Jesus Cristo fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que o mundo não teria espaço para os livros que se deveriam escrever.” (S. João 20,30-21,25)

A Ressurreição no tempo da Igreja Primitiva


As primeiras comunidades cristãs viveram tempos de grande perseguição que tinham por objectivo a sua destruição. Eu acredito que Maria, mãe de Jesus Cristo, sabia a data do nascimento do Seu Filho pela pessoa que Ele era, apesar de ser natural que as pessoas desta época não soubessem datas de nascimento nem idade. Na minha adolescência, quando a televisão entrevistava as pessoas do interior de Portugal, estas nunca sabiam a data do seu nascimento nem a sua idade. Os calendários e os registos escritos eram luxo mesmo dos mais privilegiados.

No entanto, também acredito que esta data fosse apenas do conhecimento de muito poucos pelo perigo que haveria se essa data se divulgasse e as pessoas fossem presas por se juntarem a comemorá-la.

Assim quando o Cristianismo foi oficializado pelo imperador Constantino que promulgou o Édito de Milão em 313 concedendo aos cristãos a liberdade de prática religiosa, também devido ao facto das lutas internas que aconteceram com a morte dos defensores da prática cristã, pois há testemunhos de que D. Eusébio, Bispo de Cesareia, luta contra o messianismo revolucionário dos núcleos proféticos cristãos e defende a ordem imperial agora também supostamente cristã e que se impõe ao povo cristão, foi esta facção que venceu. Deste modo, muito do conhecimento e da prática cristã também se perdeu. Acredito que muitos do império romano passaram a fazer parte das comunidades cristãs para as irem destruindo e descaracterizando por dentro.

Por outro lado, com a liberdade da prática religiosa dos cristãos era urgente ter datas para comemorar e a data do nascimento de Jesus Cristo era uma delas. À falta de conhecimento sobre o assunto e com os conhecimentos rudimentares da época, os responsáveis da Igreja da altura encontram o ano que deu início à nossa era.

Actualmente há indícios de ter havido um recenseamento no Império romano, na Palestina, seis anos antes do estabelecido pelos responsáveis da Igreja Cristã. Após quatrocentos anos e sem qualquer referência, cometer um erro de seis anos (aproximadamente) é insignificante.

No entanto, agora há que ter em atenção isso e falar a verdade e fazer correcções. Possivelmente não terá sido mesmo nesse ano o recenseamento romano em Belém, mas certamente muito próximo, pois demorava vários anos a realização de um recenseamento por todo o império. Jesus Cristo tinha trinta e seis anosde idade, segundo o calendário local daquela época, quando foi baptizado por João Baptista – início da idade madura para os homens atualmente. Há que tomar também atenção à diferença de calendários: na altura, naquela região usava-se o calendário lunar; nós usamos o calendário solar.

Tomamos conhecimento com a Igreja Cristã primitiva, com o livro Actos dos Apóstolos escrito por S. Lucas por volta do ano oitenta, depois de ter escrito o Evangelho que muitos estudiosos datam dos anos setenta.

Um dos pontos fundamentais dos Actos dos Apóstolos é a passagem do judaísmo para o cristianismo. S. Lucas, homem da unidade e da comunhão, discípulo de S. Paulo, apela a que os cristãos espalhados pelo mundo se conduzam pela exemplaridade da comunidade de Jerusalém.

1.Por aqueles dias, (após a Ascensão de Jesus Cristo ao Céu) Pedro levantou-se no meio dos irmãos – encontravam-se reunidas cerca de cento e vinte pessoas – e disse:

- Irmãos, era necessário que se cumprisse o que o Espírito Santo anunciou na Escritura pela boca de David a respeito de Judas Iscariotes, que foi o guia dos que prenderam Jesus Cristo. Ele efectivamente era um dos nossos e tinha recebido uma parte do nosso ministério. Esse homem, depois de ter adquirido um terreno com o salário do seu crime, (isto é, as trinta moedas de prata por ter entregado Jesus Cristo) precipitou-se de cabeça para baixo. Rebentou pelo meio e todas as suas entranhas se espalharam. O facto chegou ao conhecimento de todos os habitantes de Jerusalém, a tal ponto que esse terreno foi chamado na língua deles Campo de Sangue.

Portanto, de entre os homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus Cristo viveu no meio de nós, (...) é indispensável que um deles se torne, connosco, testemunha da Sua ressurreição. Designaram dois, (...) fizeram uma oração, depois tiraram à sorte e a sorte caiu em Matias, que foi incluído entre os onze apóstolos.

Cinquenta dias depois da Páscoa (judaica e cristã) era (e é) o Dia de Pentecostes e todos se encontravam reunidos no mesmo lugar.

De repente, ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento que encheu toda a casa onde eles se encontravam.

Viram então aparecer umas línguas de fogo que se iam dividindo e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem.

Ora residiam em Jerusalém, judeus piedosos provenientes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou estupefacta, pois cada um os ouvia falar na sua própria língua.

Atónitos e maravilhados, diziam:

- Mas esses que estão a falar não são todos galileus? Que se passa então para que cada um de nós os oiça falar na nossa língua materna? 1)

1) O dom de falar outras línguas significa a capacidade que os apóstolos tinham de se fazer entender perante outros povos. Assim Deus restabelece no Pentecostes a unidade de linguagem que se tinha desfeito com Babel, prefigurando a universalidade da Mensagem Cristã. Os apóstolos falavam a sua língua materna, mas com Deus presente, cada um dos ouvintes escutava o que os apóstolos diziam na sua própria língua. Com Deus todos os seres, incluindo seres humanos, se entendem e ouvem na sua própria língua, pois Deus é comunicação.

Estavam todos assombrados e, sem saber o que pensar, diziam uns aos outros: - Que significa isto?

Outros, por sua vez, diziam: - Estão cheios de vinho doce.

De pé, com os onze, Pedro ergueu a voz e dirigiu-lhes estas palavras: - (...)

Ouvindo estas palavras, ficaram emocionados até ao fundo do coração e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos:

  • Que havemos de fazer, irmãos?

Pedro respondeu-lhes: - Convertei-vos e peça cada um o baptismo em nome de Jesus Cristo para a remissão dos pecados. Recebereis então o Espírito Santo. (...)

Os que aceitaram a sua palavra, receberam o baptismo e, naquele dia, juntaram-se a eles cerca de três mil pessoas. (...)

Louvavam Deus e tinham a simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava, todos os dias, o número dos que tinham entrado no caminho da salvação.

Estando Pedro e João a falar ao povo, surgiram os sacerdotes, o oficial do templo e os saduceus, irritados por vê-los a ensinar o povo e a anunciar, na Pessoa de Jesus Cristo, a ressurreição dos mortos. Deitaram-lhes as mãos e prenderam-nos até ao dia seguinte, pois já era tarde. No entanto, muitos dos que tinham ouvido a Palavra, abraçaram a fé e o número dos crentes elevou-se a cerca de cinco mil. (...)

Chamaram-nos então e impuseram-lhes a proibição formal de falar ou ensinar em nome de Jesus Cristo. Mas Pedro e João responderam-lhes: - Julgai vós mesmos se é justo, diante de Deus, obedecer a vós primeiro do que a Deus. Quanto a nós, não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos.

(...) Logo que foram postos em liberdade, foram ter com os seus e contaram-lhes tudo quanto os sumos sacerdotes e os anciãos lhes tinham dito. Depois, ergueram a voz a Deus e numa só alma, rezaram: (...)

Tinham acabado de orar quando o lugar onde se encontravam reunidos estremeceu e todos ficaram cheios do Espírito Santo, começando a anunciar a Palavra de Deus com desassombro. (...)

Entretanto, pela intervenção dos apóstolos, faziam-se muitos milagres e prodígios no meio do povo.

Sempre em maior número, ajuntavam-se em massa, homens e mulheres acreditando no Senhor a tal ponto que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e catres a fim de que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. A multidão vinha também das cidades próximas de Jerusalém, transportando enfermos e atormentados por espíritos malignos e todos eram curados.

Surgiu então o sumo sacerdote com o seu séquito, o partido dos saduceus; encheram-se de inveja e deitaram mão aos apóstolos, metendo-os na prisão pública. (...)

Enraivecidos com a linguagem dos apóstolos decidiram matá-los. Ergueu-se então no sinédrio um fariseu chamado Gamaliel, doutor da Torá, respeitado pelo povo. Mandou sair os acusados por uns momentos e, tomando a palavra, disse:

- Homens de Israel, tende cuidado com o que ides fazer a esses homens! (...) Se o seu empreendimento é dos homens, esta obra acabará por si própria; mas se vem de Deus, não conseguireis destruí-los sem correrdes o risco de entrardes em guerra contra Deus. (...)

Todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo.

Como o número dos discípulos ia aumentando os Doze convocaram a assembleia dos discípulos e disseram:

- Não convém deixarmos a Palavra de Deus para servirmos às mesas. Irmãos, é melhor procurardes entre vós sete homens de boa reputação, cheios de Deus e de sabedoria e confiar-lhes-emos essa tarefa.

A proposta agradou a toda a assembleia e escolheram (...). Foram apresentados aos apóstolos que, depois de orarem, lhes impuseram as mãos. (...)

No mesmo dia, uma terrível perseguição caiu sobre a Igreja Cristã de Jerusalém. À excepção dos apóstolos, todos se dispersaram pelas terras da Judeia e da Samaria.

Quanto a Saulo, devastava a Igreja: ia de casa em casa, arrastava homens e mulheres e entregava-os à prisão. Saulo, respirando ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor foi ter com o sumo sacerdote e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco a fim de que, se encontrasse homens e mulheres cristãos, os trouxesse algemados para Jerusalém.

Estava a caminho e já próximo de Damasco, quando se viu subitamente envolvido por uma intensa luz vinda do Céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia:

- Saulo, Saulo, por que Me persegues?

Ele perguntou: - Quem és tu, Senhor?

Respondeu: - Eu sou Jesus a quem tu persegues. Ergue-te; entra na cidade e dir-te-ão o que tens de fazer.

Os seus companheiros de viagem tinham-se detido, emudecidos, ouvindo a voz, mas sem verem ninguém. Saulo ergueu-se do chão, mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Foi necessário levar Saulo pela mão e assim entrou em Damasco onde passou três dias sem ver, sem comer nem beber.

Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor disse-lhe numa visão: - Ananias!

Respondeu: - Aqui estou, Senhor.

O Senhor prosseguiu: - Levanta-te, vai a casa de Judas, na rua Direita e pergunta por um homem chamado Saulo de Tarso que está a orar neste momento.

Ananias respondeu: - Senhor, tenho ouvido muita gente falar desse homem e contar todo o mal que ele tem feito aos teus santos em Jerusalém. E agora está aqui com plenos poderes dos sumos sacerdotes para prender todos quantos invocam o Teu nome.

Mas o Senhor disse-lhe: - Vai, pois esse homem é instrumento da minha escolha para levar o Meu nome aos pagãos, reis e filhos de Israel. Eu mesmo lhe hei-de mostrar quanto ele tem de sofrer pelo Meu nome.

Entretanto Saulo viu, numa visão, um homem de nome Ananias, entrar e impor-lhe as mãos para ele recuperar a visão.

Então Ananias partiu, entrou na dita casa, impôs as mãos sobre Saulo e disse: - Saulo, meu irmão, foi o Senhor que me enviou, esse Jesus Cristo que te apareceu no caminho em que vinhas para recuperares a visão e ficares cheio do Espírito Santo.

Nesse instante, caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas e recuperou a visão.5 Depois levantou-se e recebeu o baptismo.

Depois de se ter alimentado, voltaram-lhe as forças e passou alguns dias com os discípulos em Damasco. Começou então a proclamar nas sinagogas que Jesus Cristo era o Filho de Deus.(...)

Então estendendo a mão, Paulo – chamado Saulo antes da conversão – começou a sua defesa:

- Sinto-me feliz, ó rei Agripa, por ter de me defender hoje diante de ti, das acusações apresentadas pelos judeus contra mim, tanto mais que estás ao corrente de todos os costumes e controvérsias dos judeus. Rogo-te, por isso, que me ouças com paciência.

A minha vida, a partir da mocidade, tal como decorreu desde os primeiros tempos, no meu povo em Jerusalém, conhecem-na todos os judeus. Eles conhecem-me de longa data e, se quiserem, podem atestar que eu vivi, como fariseu, segundo o partido mais severo da nossa religião. E agora, encontro-me aqui a ser julgado por causa da minha esperança na promessa feita por Deus a nossos pais, promessa que as nossas doze tribos esperam ver realizada, servindo Deus, noite e dia, continuamente. É a respeito dessa esperança, ó rei, que os judeus me acusam. Por que é que, entre vós, se afigura incrível que Deus ressuscite os mortos?

Quanto a mim, julguei dever levantar grande oposição ao nome de Jesus de Nazaré. E foi precisamente o que fiz em Jerusalém: com o pleno assentimento dos sumos sacerdotes, meti na prisão grande número de santos e, quando eram mortos, eu dava o meu assentimento.

Muitas vezes ia de sinagoga em sinagoga e obrigava-os a blasfemar à força de torturas. Num excesso de fúria contra eles, perseguia-os até nas cidades estrangeiras. Foi assim que, indo para Damasco com poder e delegação dos sumos sacerdotes, vi no caminho, ó rei, uma luz vinda do céu, mais brilhante do que o sol, que refulgia em volta de mim e dos que me acompanhavam.

Caímos todos por terra e eu ouvi uma voz dizer-me em língua hebraica:

- Saulo, Saulo, por que me persegues? É duro para ti “recalcitrar contra o aguilhão” (provérbio grego)?

Perguntei: - Quem és tu, Senhor?

E o Senhor respondeu: - Eu sou Jesus que tu persegues. Ergue-te e firma-te nos pés, pois para isto te apareci: para te constituir servo e testemunha do que acabas de ver e do que ainda te hei-de mostrar. Livrar-te-ei do povo e dos pagãos aos quais vou enviar-te para lhes abrires os olhos e fazê-los passar das trevas à luz e da sujeição de Satanás para Deus. Alcançarão assim o perdão dos pecados e a parte que lhes cabe na herança juntamente com os santificados pela fé em Mim.

Desde então, ó rei Agripa, não resisti à visão celeste. Pelo contrário, aos habitantes de Damasco, em primeiro lugar, depois aos de Jerusalém e de toda a região da Judeia, em seguida aos pagãos, preguei que se arrependessem e voltassem para Deus, fazendo obras dignas de tal arrependimento. Eis o motivo por que os judeus se apoderaram de mim no templo e tentaram matar-me. (...)

Paulo permaneceu dois anos inteiros no alojamento que alugara em Roma, onde recebia todos os que iam procurá-lo anunciando o Reino de Deus e ensinando o que diz respeito ao Senhor Jesus Cristo com o maior desassombro e sem impedimento. (Actos 1,4-28,31)

Que hei-de fazer para alcançar a Vida?


“Não cometas adultério;

Não mates (nenhum ser);

Não roubes;

Não levantes falsos testemunhos;

Honra teu pai e tua mãe.” (S. Lucas 18,20)

Cartas de S. Paulo


S. Paulo, de famílias da classe mais elevada entre os judeus, faz a sua própria autobiografia como acima está registado e dela podemos destacar:

«Sou um judeu de Tarso, cidadão de uma bem conhecida cidade da Cilícia. Fui circuncidado ao oitavo dia, eu que sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu, filho de hebreus. Fui educado e instruído por Gamaliel em todo o rigor da Torá de nossos pais e cheio de zelo pelas coisas de Deus.

Eu sou o menor dos apóstolos e não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus, mas pela Graça, sou o que sou e a Graça que Ele me deu, não foi inútil em mim.»

S. Paulo fez inúmeras viagens fundando comunidades cristãs. No termo da sua vida pôde afirmar com toda a verdade: «Quanto a mim estou preparado para o sacrifício e o tempo da minha partida chegou. Combati o bom combate; terminei a minha carreira; guardei a fé. Nada me resta, senão receber a coroa da justiça que o Senhor, Justo Juiz, me dará.»

S. Paulo percorreu milhares de quilómetros anunciando, de cidade em cidade, o Evangelho da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Não lhe interessou escrever sobre a vida de Jesus Cristo, mas sobre os Seus ensinamentos. As Cartas eram o único meio ao seu alcance para comunicar com as comunidades recentemente formadas por ele, no intervalo entre a sua estada em cada uma delas. Entre as cartas de S. Paulo estão os primeiros escritos cristãos que chegaram até nós. Há, pois uma íntima relação entre as Cartas e a geografia das primeiras comunidades cristãs dos anos 50-60.

A grande preocupação de S. Paulo consiste em levar o Evangelho, pregado nas comunidades da Palestina para o mundo grego-romano. A passagem da cultura semita para a cultura helenista deve-se sobretudo a S. Paulo que levou o Evangelho até às mais remotas regiões do império romano.

A evangelizar, S. Paulo escrevia assim:

«Faço-vos saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciado, não o conheci à maneira humana; pois eu não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por uma revelação de Jesus Cristo.

Ouvistes falar do meu procedimento outrora no judaísmo: com que excesso de zelo, perseguia a Igreja de Deus e procurava destruí-la. E no judaísmo ultrapassava a muitos dos compatriotas da minha idade, tão zeloso eu era das tradições dos meus pais.

Mas, quando aprouve a Deus – que me escolheu desde o seio de minha mãe e me chamou pela Sua Graça – revelar o Seu Filho em mim para que O anuncie como Evangelho entre os gentios, não fui logo consultar criatura humana alguma, nem subi a Jerusalém para ir ter com os que se tornaram apóstolos antes de mim. Parti, sim, para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.

A seguir, passados três anos, subi a Jerusalém para conhecer a Cefas (Pedro) e fiquei com ele durante quinze dias. Mas não vi nenhum outro apóstolo a não ser Tiago, o irmão do Senhor. O que vos escrevo, digo-o diante de Deus: não estou a mentir.

Seguidamente, fui para as regiões da Síria e da Cilícia. Mas não era pessoalmente conhecido das Igrejas de Jesus Cristo que estão na Judeia. Apenas tinham ouvido dizer: - Aquele que nos perseguia outrora, anuncia agora como Evangelho, a fé que então destruía.

E por causa de mim, glorificavam Deus.

São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São descendentes de Abraão? Também eu. São ministros de Jesus Cristo? – falo a delirar – eu ainda mais: muito mais pelos trabalhos, muito mais pelas prisões, imensamente mais pelos açoites, muitas vezes em perigo de morte.

Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui flagelado com vergastadas, uma vez apedrejado, três vezes naufraguei e passei uma noite e um dia no alto mar.

Viagens a pé sem conta, perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte dos meus irmãos de raça, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos da parte dos falsos irmãos (na fé; já naquele tempo!)! Trabalhos e duras fadigas, muitas noites sem dormir, fome e sede, frequentes jejuns, frio e nudez!

Além de outras coisas, a minha preocupação quotidiana: a solicitude por todas as Igrejas! Quem é fraco sem que eu o seja também? Quem tropeça sem que eu me sinta queimar de dor?

Se é mesmo preciso gloriar-se, é da minha fraqueza que me gloriarei. O Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo, que é bendito para sempre, sabe que não minto.»

Morreu degolado em Roma no ano 66.

2.Gostaria de recordar a Carta de S. Paulo aos Romanos capítulos I e II e transcrevo-a:

De facto, a ira de Deus, vinda do céu, revela-se contra toda a impiedade e injustiça dos seres humanos que, com injustiça reprimem a Verdade; porquanto o que de Deus se pode conhecer está à vista de todos porque Deus lho manifestou. Por isso, não se podem desculpar porque, tendo conhecimento de Deus, não O glorificaram nem Lhe agradeceram como a Deus é devido.

Afirmando-se como sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória de Deus por figuras corruptíveis humanas e de outros seres vivos. Por isso Deus, de acordo com os apetites dos seus corações, os entregou à impureza de tal modo que os seus corpos se degradaram (adoeceram e morreram). Foi por isso que Deus os entregou a paixões degradantes. Assim as mulheres trocaram as relações naturais por outras contra a natureza e os homens, deixando as relações naturais com a mulher, inflamaram-se em desejos de uns pelos outros, praticando homens com homens.

Porque negaram Deus, Deus os entregou a uma inteligência sem discernimento. É assim que fazem o que não devem:

  • Estão repletos de toda a espécie de injustiça, perversidade, ambição, maldade; cheios de inveja, homicídios, discórdia, falsidade, malícia;
  • São difamadores, maldizentes, inimigos de Deus, insolentes, orgulhosos, arrogantes, engenhosos para o mal, rebeldes para os pais, estúpidos, desleais, inclementes, impiedosos.

Esses, muito embora conheçam a Sentença de Deus de que são dignos de morte os que tais coisas praticam – não só as fazem - como até aprovam os que as praticam.

Por isso não tem desculpa quem se arma em juiz. Ao julgar o outro, condena-se a si próprio porque pratica as mesmas coisas que condena nos outros e Deus retribuirá a cada um segundo as suas obras, pois para Deus ninguém tem estatuto especial. Quem não pratica a Lei do AMOR-do-coração não pode ficar com Ele, pois alguma entidade o reclamará devido às obras que escolheu fazer. Deus só pode e só quer ficar com aqueles que o acolheram no coração.

Todos os que sem lei viveram, sem lei morrerão; todos os que sob a Lei (em Igreja de todos os crentes - 'Faz aos outros o que queres para ti, é isso que receberás') pecaram, pela Lei serão julgados. Quando há gentios que, não tendo a Lei, a praticam por inclinação natural; eles próprios são lei (são Igreja). Eles mostram que o que a Lei manda praticar, está escrito nos seus corações, tendo ainda o testemunho da sua consciência tal como os seus pensamentos.” (Romanos 1-2)

  • Nós sabemos que tudo o que a Torá diz - é dito para que os que estão sob a Torá - para que toda a língua se cale e todos se reconheçam culpados perante Deus. Pelas obras da Lei ninguém será justificado perante Deus.

A justiça de Deus manifestou-se para todos os crentes mediante a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Todos, sem o merecerem, são justificados pela Graça de Deus, em virtude da redenção realizada em Jesus Cristo. Deus mostra assim a Sua justiça porque Ele é Justo e justifica quem tem fé em Jesus Cristo. A fé é gratuita, de tal modo que a Promessa se mantém válida para todos os crentes. Uma vez que fomos justificados pela fé, estamos em paz com Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência a firmeza e a firmeza a esperança. A esperança não engana porque o Amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Sabemos que Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, já não morrerá; a morte não tem mais domínio sobre Ele. Assim vós também, considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Jesus Cristo. Portanto, considerai-vos mortos para o pecado porque estais sob a Graça de Deus. Assim tornastes-vos servos de Deus; produzis frutos que levam à santificação e o resultado é a vida eterna. (...)

Os que vivem de acordo com a carne, aspiram às coisas da carne; mas os que vivem de acordo com o Espírito Santo, aspiram às coisas de Deus. De facto, a carne aspira ao que conduz à morte; mas o Espírito Santo aspira ao que dá vida e paz.

É verdade o que vou dizer em Jesus Cristo; não minto, pois é a minha consciência que, pelo Espírito Santo, disto me dá testemunho: tenho uma grande tristeza e uma dor contínua no meu coração: desejaria ser amaldiçoado, ser eu próprio separado de Jesus Cristo pelo bem dos meus irmãos, os da minha raça segundo a carne. Deus que está acima de todas as coisas, bendito seja Ele pelos séculos! Amén. (Romanos 3,1-9,5)

  • Que o vosso amor seja sincero. Detestai o mal e apegai-vos ao bem. Sede afectuosos uns para com os outros no amor fraterno. Entregai-vos ao serviço do Senhor. Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração. Partilhai com os santos que passam necessidade; aproveitai todas as ocasiões para serdes hospitaleiros. (...)

Não pagueis a ninguém o mal com o mal; interessai-vos pelo que é bom diante de todos. Tanto quanto seja possível e de vós dependa, vivei em paz com todos. Não vos vingueis por vós próprios, mas deixai que seja Deus a castigar, pois está escrito:

É a Mim que compete punir,

Eu é que hei-de retribuir, diz o Senhor Deus.

Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.

Não fiqueis a dever nada a ninguém a não ser isto: amai-vos uns aos outros; pois quem ama o próximo, cumpre plenamente a Lei.

Como quem vive em pleno dia, comportemo-nos honestamente; nada de comezainas e bebedeiras; nada de devassidão e libertinagens; nada de discórdias e invejas.

Quer vivamos, quer morramos; é ao Senhor que pertencemos. Foi para isto que Jesus Cristo morreu e voltou à Vida: para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos.

Tu, por que julgas o teu irmão?

Tu, por que desprezas o teu irmão?

Cada um de nós terá de dar contas de si mesmo a Deus.

Deixemo-nos de julgar uns aos outros!

Agora como não tenho mais campo de acção nestas regiões e há muitos anos que ando com tão grande desejo de ir ter convosco, quando for de viagem para a Lusitânia; ao passar por aí, espero ver-vos.” 1) (Romanos 12,9-16,26)

1) Esta Carta aos Romanos foi escrita durante o inverno de 55-56 em Corinto, Acaia. Portanto está S. Paulo a realizar a sua terceira viagem entre os anos 53 e 57 e tenciona ir, pela primeira vez a Lusitânia. Assim acredito que, entre 56 e 59 passou pela comunidade da Lusitânia e terá levado uma carta de S. Tiago para Jerusalém, a dar testemunho de si e da sua comunidade aos apóstolos em Jerusalém, já que Jerusalém era a sede da cristandade para a igreja primitiva. S. Tiago na Lusitânia e S. Paulo devem ser da mesma geração e, portanto esta carta é escrita por S. Tiago que fundou estas comunidades na Lusitânia com Jesus Cristo. Os estudiosos apontam duas datas; eu acredito que tenha sido escrita entre 57-58 e todas as diferenças entre esta carta e as outras cartas das outras comunidades tem a ver com o isolamento em que esta comunidade vivia; talvez uma certa mágoa por se sentir abandonada por Jesus Cristo, já que Ele partiu e não mais tiveram notícias d’Ele e o suporte desta comunidade cristã era a evangelização feita por Jesus Cristo enquanto viveu entre eles e a Torá.

Parece-me que a comunidade da Lusitânia se deve ter mantido secreta, isto é, só do conhecimento de muito poucos para ser preservada das perseguições. Foi intenção de Jesus Cristo e os apóstolos mantiveram-na.

No ano 59, S. Paulo parte de Jerusalém para Roma, prisioneiro, depois é libertado e passa o resto dos seus dias em Roma morrendo lá, decapitado, no ano 66.

  • Quando chegámos a Jerusalém, os irmãos receberam-nos com alegria. No dia seguinte, Paulo foi connosco a casa de Tiago e todos os anciãos aí se reuniram. Depois de os saudar, começou a expor, minuciosamente, tudo quanto Deus havia feito entre os pagãos pelo seu (de Paulo) ministério. Quando acabaram de o ouvir, deram glória a Deus e disseram-lhe: (...)” (Com esta última ida de S. Paulo a Jerusalém encerra-se a sua actividade missionária que também aí a tinha iniciado a seguir à Assembleia; mas não a sua evangelização.) (Actos 21,17-20)
  • Escrevi que não deveis associar-vos com quem, dizendo-se irmão, seja devasso, avarento, idólatra, caluniador, beberrão ou ladrão. Com estes, nem sequer deveis comer.” (1 Coríntios 5,11)
  • Tudo me é permitido, mas nem tudo me é conveniente e eu não me farei escravo de nada. O corpo não é para a impureza, mas para o Senhor e o Senhor é para o corpo. Quem se une ao Senhor, forma com Ele um só Corpo. Fugi da impureza. Aqueles(as) que o Senhor purificou, mesmo cá na Terra, são como os anjos; então que vivam essa condição que é de grande Graça divina e agradeçam a Deus tão grande Graça. Aqueles que ainda não foram tocados por tamanha Graça, terão de sujeitar-se aos apelos terrenos e aguentar as consequências dos seus actos. Agora aqueles(as) abençoados que procuram, sem necessitarem, os apelos terrenos destruindo a Graça que neles habitava, (...) fizeram a sua escolha e têm e terão as consequências inerentes.

Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em vós? Fostes comprados (às trevas) por um alto preço! Glorificai, pois Deus no vosso corpo.

Penso que seria bom o homem abster-se de mulher; mas, para evitar o perigo da incontinência, cada homem tenha sua mulher e cada mulher, o seu marido. O marido cumpra o dever conjugal para com a sua esposa e a esposa faça o mesmo para com o seu marido. A esposa não deve dispor do seu próprio corpo (isto é, satisfazer-se a si própria), mas o marido; e do mesmo modo, o marido não deve dispor do seu próprio corpo (isto é, satisfazer-se a si próprio), mas a esposa. Não vos recuseis um ao outro, a não ser de mútuo acordo e por algum tempo, para vos dedicardes à oração. Depois voltai de novo um para o outro, para que Satanás não vos tente devido à vossa incapacidade de abstinência. Digo isto como concessão e não como ordem. Desejaria que todos fossem como eu, mas cada um recebe de Deus o seu próprio carisma, um de uma maneira, outro de outra.

Aos solteiros(as) e aos viúvos(as) digo que é bom para eles ficarem como eu; mas, se não podem guardar castidade, casem-se; pois é melhor casar-se do que ficar abrasado (e cometer o pior de todos os crimes contra natura e pior ainda contra crianças). (...)

Mas se o não-crente quiser separar-se, que se separe. Deus chamou-vos para viverdes em paz. Com efeito, ó esposa, talvez possas salvar o teu marido. E tu, ó marido, talvez possas salvar a tua esposa.” (1 Coríntios 6,12-7,16)

  • Não vos surpreendeu nenhuma tentação que tivesse ultrapassado a medida humana. Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças; mas, com a tentação, vos dará meios de sair dela e a força para a suportar.” (1 Coríntios 10,13)
  • Com efeito, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus Cristo tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: «Isto é o Meu corpo que é entregue por vós; fazei isto em memória de Mim.»

Do mesmo modo, depois da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a Nova Aliança no Meu sangue, todas as vezes que dele beberdes. Fazei-o em memória de Mim.»

Assim todo aquele que comer o pão ou beber do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e sangue do Senhor. Portanto examine-se cada um a si próprio e só então coma deste pão e beba deste vinho, pois aquele que come e bebe, sem distinguir o corpo do Senhor; come e bebe a própria condenação.

Se nos examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados; mas, quando somos julgados pelo Senhor, Ele corrige-nos para não sermos condenados pelo/com o mundo.”

(1 Coríntios 11,23-11,22)

  • Ninguém pode dizer «Jesus Cristo é o Senhor», senão pelo Espírito Santo.

Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada, pela acção do Espírito, uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, a fé no mesmo Espírito; a outro, o dom das curas no único Espírito; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Tudo isto, porém o realiza o único e mesmo Espírito, distribuindo a cada um conforme Lhe apraz. (...)

De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para formar um só corpo: judeus e gregos, escravos ou livres e todos bebemos de um só Espírito (o Espírito de Deus). O corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só Corpo. Assim também todos nós em Jesus Cristo. Quanto mais fracos parecem ser os membros do corpo tanto mais são necessários e aqueles que parecem os menos honrosos do corpo, a esses rodeamos de maior honra.

Cântico do Amor


Ainda que eu fale as línguas dos humanos e dos anjos,

Se não tiver amor, sou um bronze que soa

Ou um címbalo que retine.-

Ainda que eu tenha o dom da profecia

E conheça todos os mistérios e toda a ciência,

Ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas,

Se não tiver amor, nada sou.-

Ainda que eu distribua todos os meus bens

E entregue o meu corpo para ser queimado,

Se não tiver amor, de nada me aproveita.-

O amor é paciente,

O amor é prestável, não é invejoso,

não é arrogante nem orgulhoso;

nada faz de inconveniente,

não procura o seu próprio interesse,

não se irrita nem guarda ressentimento.

Não se alegra com a injustiça,

Mas rejubila com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê,

Tudo espera, tudo suporta.-

O amor jamais passará.

As profecias terão seu fim,

O dom das línguas terminará

E a ciência vai ser inútil;

Pois o meu conhecimento é imperfeito

E também imperfeita é a nossa profecia.

Mas, quando vier o que é Perfeito,

O que é imperfeito desaparecerá.-

Quando eu era criança,

Falava como criança, pensava como criança,

Raciocinava como criança.

Mas, quando me tornei homem,

Deixei o que era próprio de criança.-

Agora vemos como num espelho, de maneira difusa;

Depois, veremos o Senhor 1) face a face.

Agora conheço de modo imperfeito;

Depois conhecerei como sou conhecido.

Agora permanecem estes três dons:

A fé, a esperança e o amor;

Mas o maior de todos é o Amor.” (1 Coríntios 12,3-13,13)

1) Só Jesus Cristo podemos ver face a face. Deus, não podemos ver porque é invisível. Quem diz querer ver Deus face a face, vai ver o sol bem de perto (o ser celeste desse homem/mulher) e todo ele, quanto mais perto, mais derrete; então os olhos ...

  • Jesus Cristo ressuscitou dos mortos como Primeiro dos que morreram. Como todos morrem em Adão também em Jesus Cristo todos voltarão a receber a Vida.

Nem toda a carne é a mesma carne, mas uma é a dos seres humanos, outra a dos animais, outra a dos pássaros, outra a dos peixes (por isso só são irmãos, os da mesma espécie. É perigoso falar de outra maneira). Há corpos celestes e corpos terrestres, mas um é o esplendor dos corpos celestes e outro o esplendor dos terrestres. Um é o esplendor do sol; outro o da lua e outro o das estrelas e até uma estrela difere da outra em esplendor. Assim também acontece com a ressurreição dos mortos: semeado corruptível, o corpo ressuscitado é incorruptível.

O primeiro homem foi o terreno; o homem espiritual vem depois e vem do céu. Assim como trazemos a imagem do ser humano terreno assim levaremos a imagem do ser humano celeste. O ser humano terreno não pode herdar o reino de Deus.

Vou revelar-vos um mistério:

Nem todos morreremos, mas todos seremos transformados; num instante, num abrir e fechar de olhos ao som da trombeta final os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. É necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade e que este corpo mortal se revista de imortalidade.

Assim, meus queridos irmãos, sede firmes e progredi sempre na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é inútil no Senhor. (1 Coríntios 15,39-15,58)

  • O primeiro homem nascido é natural (semelhante aos outros seres vivos); foi tirado da Terra. Depois é que veio o homem espiritual, do Céu. O homem que veio da Terra é o modelo dos homens naturais; o homem que veio do Céu é o modelo dos homens celestes. Assim como trazemos em nós a imagem do homem natural; procuremos trazer também em nós a imagem do homem celeste.” (1 Coríntios 15,45-49)

Este texto é bastante elucidativo. Quando nascemos, trazemos em nós a imagem do homem ou da mulher da Terra. Depois, se nos prepararmos conscientemente para isso, receberemos a imagem-pessoa do homem ou da mulher celeste. Assim também há uma alma de Jesus Cristo (porque nasceu) e que nos mostra o caminho para o Reino de Jesus Cristo que é o ser celeste - pessoa de Jesus Cristo - e o corpo natural de Jesus Cristo está entre os Vivos que cohabitam a superfície da Terra connosco porque Ele ressuscitou; portanto tudo n’Ele era da Vida e por isso Ele foi levado para o mundo do Vivos: a Sua Alma da Vida; a Sua Aura do Amor de Cristo e o Seu Espírito e a Luz – Jesus do Mundo da Luz (…) e Jesus Cristo tem também a veste branca. Ele é o Rei deste mundo, do Mundo dos Vivos, seres humanos que dançam, trabalham e vivem no seu mundo sobre a Terra.

Jesus Cristo foi verdadeiro homem e verdadeiro Filho de Deus porque Ele era homem, filho de mulher e com um ser natural semelhante ao nosso fisicamente, mas muito próximo do ser celeste. Ele era o Filho do Homem (do Céu) e também o Filho de Deus. Há testemunhos na Bíblia de que, quem se aproximava d’Ele ficava logo curado e Ele sentia isso. Ninguém recebe o Filho do Deus, senão quem de direito. A Vida do Pai é diferente. No Céu, há o Pai, o Filho e o Espírito Santo que são Espírito em cada um dos mundos e também há o Pai do Céu. Deus é Deus e está acima de todos os mundos.

  • Não nos pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo. Porque Deus disse: «Das trevas brilhe a luz» foi quem brilhou nos nossos corações para irradiar o conhecimento da glória de Deus que resplandece na face de Jesus Cristo.

Trazemos, porém este tesouro em vasos de barro (nosso corpo material) para que se veja que este extraordinário poder é de Deus e não é nosso. Em tudo somos atribulados, mas não esmagados; confundidos, mas não desesperados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos.

Animados do mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: acreditei e por isso falei, também nós acreditamos e por isso falamos, sabendo que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus Cristo também nos há-de ressuscitar com Jesus Cristo e nos fará comparecer diante d’Ele junto de vós.

Mesmo que em nós, o ser humano exterior vá caminhando para a ruína, o ser humano interior renova-se dia após dia.

Sabemos, com efeito, que, quando a nossa morada terrestre, a nossa tenda, (corpo visível) for destruída, temos uma habitação no céu, obra de Deus, uma Casa Eterna, não construída por mãos humanas.

Com efeito, todos havemos de comparecer perante o tribunal de Deus afim de que cada um receba conforme aquilo que fez de bem ou de mal enquanto estava no corpo.

Compenetrados do Amor de Deus e do Senhor, procuramos transmitir a vós a necessidade de viver plenamente transparentes diante de uns e outros e diante de Deus. Se alguém está em Jesus Cristo, é uma nova criação. Tudo isto vem de Deus que nos reconciliou conSigo por meio de Jesus Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação.

Porque nós somos o templo de Deus e como Ele mesmo disse: «Habitarei e andarei no meio deles, Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. Por isso saí do meio deles e afastai-vos. Não toqueis no que é impuro e Eu vos acolherei e serei para vós um Pai e vós sereis para Mim filhos e filhas.»

Não causámos dano a ninguém, não defraudámos ninguém, não explorámos ninguém. Tenho muita confiança em vós e de vós muito orgulho.” (2 Coríntios 4,5-7,4)

  • Porventura cometi alguma falta ao humilhar-me para vos exaltar quando vos anunciei gratuitamente o Evangelho de Deus? Despojei outras Igrejas, recebendo delas para vos servir e, encontrando-me necessitado no meio de vós, não fui pesado a ninguém, pois os irmãos da Macedónia é que proveram às minhas necessidades. Em tudo me guardei de vos ser molesto e continuarei a fazê-lo.

O que faço, continuarei a fazê-lo para não dar pretexto àqueles que o buscam. Esses tais são falsos apóstolos (acredito que se esteja a referir a Tiago, irmão por Maria de Jesus Cristo), obreiros fraudulentos, disfarçados de apóstolos de Jesus Cristo. E não é de estranhar! Também Satanás se disfarça de anjo da luz. Não é por isso grande coisa se os seus ministros se disfarçarem de servidores da justiça. O fim deles será conforme às suas obras.

Recorrerei às visões e revelações do Senhor. Sei de um homem (ele próprio, S. Paulo) em Jesus Cristo que, há catorze anos foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que esse homem foi arrebatado até ao Paraíso (cidade dentro de muralhas com casas senhoriais individuais e muita vegetação, pássaros, muita paz, muita beleza onde habitam famílias humanas com filhos) e ouviu palavras inefáveis que não é permitido a um homem repetir.

Desse homem gloriar-me-ei (S. Paulo, homem celeste).

Por vós é que eu deveria ter sido recomendado, pois em nada fui inferior a esses superapóstolos, embora eu nada seja. Os sinais distintivos do apóstolo (S. Paulo) realizaram-se entre vós por uma paciência a toda a prova, por sinais, milagres e prodígios. Em que fostes, na verdade, inferiores às outras Igrejas a não ser que pessoalmente não vos fui pesado?” (2 Coríntios 11,7-12,13)

  • Estou admirado de quão depressa vos afastais daquele (o próprio S. Paulo) que vos chamou pela graça de Jesus Cristo, para seguirdes outro Evangelho. Que outro não há; o que há, é certa gente que vos perturba e quer perverter o Evangelho de Jesus Cristo.

Faço-vos saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciado, não o conheci à maneira humana, pois eu não o recebi de homem algum, mas por revelação de Jesus Cristo. (...)

Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé e Tito. Mas subi devido a uma revelação.

Ora por causa de uns intrusos, falsos irmãos, esses que furtivamente se intrometeram a espiar a nossa liberdade, aquela que temos em Jesus Cristo a fim de nos reduzirem à escravidão ...

Mas, quanto àqueles que eram considerados como autoridades, a mim nada me impuseram. Tendo visto que me tinha sido confiada a evangelização dos incircuncisos como a Pedro a dos circuncisos e tendo reconhecido a graça que me havia sido dada; Tiago, Pedro e João, que eram considerados as colunas, deram-nos a mão direita, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão para irmos nós aos gentios e eles aos circuncisos. Só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres – o que procurei fazê-lo com o maior empenho.

Quando Pedro veio para Antioquia, opus-me frontalmente a ele porque, antes de terem chegado umas pessoas da parte de Tiago (irmão do Senhor) (judaizantes extremistas) Pedro comia com os gentios; mas quando eles chegaram, Pedro retirava-se e separava-se com medo dos partidários da circuncisão. E com ele também os outros judeus agiram hipocritamente de tal modo que até Barnabé foi arrastado pela hipocrisia deles.

Quando vi que não procediam de acordo com a verdade do Evangelho, disse a Pedro diante de todos: - Se tu, sendo judeu, vives segundo os costumes gentios e não judaicos, como te atreves a forçar os gentios a viver como judeus?

Sabemos que o ser humano não é justificado pelas obras da Lei, mas unicamente pela fé em Jesus Cristo. Eu pela Lei (de Deus) morri para a Lei (Torá) a fim de viver para Deus. Já não sou eu que vivo; mas é Jesus Cristo que vive em mim e a vida que tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a Si mesmo se entregou por mim.

Antes de chegar (o dom da) a fé, estávamos prisioneiros da Lei (Torá), estávamos fechados. A Lei tornou-se nosso pedagogo até Jesus Cristo para que fôssemos justificados pela fé. Todos nós somos filhos de Deus em Jesus Cristo mediante a fé; pois todos os que são baptizados em Jesus Cristo, revestiram-se de Jesus Cristo mediante a fé. Sendo de Jesus Cristo, somos descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.

Durante todo o tempo em que o herdeiro é criança, em nada difere de um escravo, apesar de ser senhor de tudo. Também nós, quando éramos crianças, estávamos sob o domínio dos elementos do mundo, a eles sujeitos como escravos. Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, para resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei a fim de recebermos a adopção de filhos. Deste modo, já não somos escravos da Lei, mas filhos de Deus e, sendo filhos, somos herdeiros do Reino pela Graça de Deus.

Irmãos, foi para a liberdade que fostes chamados.

Ama o teu próximo como a ti mesmo.

As obras da carne são: fornicação, impureza, devassidão, idolatria, feitiçaria, inimizades, contenda, ciúme, fúrias, ambições, discórdias, partidarismos, invejas, bebedeiras, orgias, coisas semelhantes a estas. Os que praticarem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.

Por outro lado, os frutos das obras do Espírito Santo são: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio.

Não vos enganeis: de Deus ninguém zomba. Pois o que cada um semear também o há-de colher: quem semear na própria carne, da carne colherá a deterioração; quem semear no Espírito Santo, d’Ele colherá a vida eterna.

Não nos cansemos de fazer o bem que a seu tempo o colheremos. Pratiquemos o bem para com todos, mas principalmente para com os irmãos na fé.” (Gálatas 1,6-6,10)

A prática cristã dos baptizados


  • Mas em Jesus Cristo, vós, que estáveis longe, agora estais perto pelo sangue de Jesus Cristo.

Ele é a nossa Paz. Ele que, dos dois povos, fez um só e destruiu o muro da separação, a inimizade. Na Sua carne anulou a Lei que contém os mandamentos em prescrições para, a partir do judeu e do pagão, criar em Si próprio, um ser humano novo, fazendo a paz e, para os reconciliar com Deus, num só Corpo, por meio da cruz, matando assim a inimizade. É por Ele, que num só Espírito, temos acesso ao Pai.

É por isso que eu dobro os joelhos ao Pai, do qual recebe toda a família nos Céus e na Terra. Que Ele vos conceda, de acordo com a riqueza da Sua glória, que sejais cheios de Amor, pelo Seu Espírito, para que se robusteça em vós o ser humano interior. Que Jesus Cristo, pela fé, habite nos vossos corações; que estejais enraizados e alicerçados no Amor para terdes a capacidade de apreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, a altura e a profundidade ... a capacidade de conhecer o amor de Jesus Cristo que ultrapassa todo o conhecimento para que sejais repletos até receberdes toda a plenitude de Deus.

Peço-vos que procedais de um modo digno do chamamento que recebestes; com toda a humildade e mansidão, com paciência; suportando-vos uns aos outros no Amor e esforçando-vos por manter a união com Deus, mediante o vínculo da Paz.

Há um só Corpo e um só Deus assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança;

Um só Senhor, uma só fé, um só baptismo;

Um só Pai, Filho, Espírito Santo;

Que reina sobre todos,

Age sobre todos e permanece em todos.

Mas a cada um de nós foi dada a Graça segundo a medida do dom de Jesus Cristo.

Jesus Cristo constituiu apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres para que preparassem os santos para uma actividade de serviço para a construção do Corpo de Cristo Jesus – a Igreja – até que cheguemos todos à unidade da Fé e do Conhecimento do FILHO DE DEUS, ao ser humano adulto, à medida completa da plenitude de Jesus Cristo.

Não volteis a proceder (conversão) como procedem os gentios no vazio da sua mente:

Vivem obscurecidos no pensamento,

Alienados da Vida de Deus

Devido à ignorância que neles existe

Ao endurecimento do seu coração;

Tornados insensíveis

A si mesmos se entregam à libertinagem,

Até chegarem a praticar toda a espécie de impureza, na ganância.

Vós, que fostes baptizados e instruídos conforme a Verdade que está em Jesus Cristo, relativamente à conduta,

Deveis despir-vos do homem velho, corrompido por desejos enganadores;

Deveis renovar-vos pela transformação do Espírito que anima a vossa mente;

Deveis revestir-vos do homem novo que foi criado em conformidade com Deus,

Na Justiça e na santidade, próprias da Verdade.

Despi-vos da mentira e diga cada um a verdade ao seu próximo;

Se vos irardes, não pequei; que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento;

Não deis espaço algum ao diabo.

Aquele que roubava, deixe de roubar e esforce-se por trabalhar com as suas próprias mãos, fazendo o bem.

Nenhuma palavra desagradável saia da vossa boca, mas apenas a que for boa, que edifique sempre que necessário para que seja uma graça para aqueles que a escutam. Não ofendais o Espírito Santo, selo com o qual fostes marcados para o dia da redenção.

Toda a espécie de azedume, raiva, ira, gritaria e injúria desapareça de vós, juntamente com toda a maldade. Sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoai-vos mutuamente como também Deus vos perdoou em Cristo Jesus.

Prostituição e qualquer espécie de impureza ou ganância nem sequer se fale entre vós como é próprio dos santos. Também não haja palavras obscenas, insensatas ou grosseiras; haja sim acção de graças.

Podeis ter a certeza: nenhum fornicador, impuro ou ganancioso tem herança no Reino de Deus e de Jesus Cristo. São estas coisas que provocam a ira de Deus.

Não vos embriagueis com vinho (e narcóticos) que leva à vida desregrada, mas deixai-vos encher pelo Espírito de Deus. Cantai salmos, hinos e cânticos espirituais; cantai e louvai sem cessar, agradecei tudo a Deus em nome de Jesus Cristo.

Revesti-vos da armadura de Deus para terdes a capacidade de vos defenderdes das maquinações do diabo. Não é contra os seres humanos que temos de lutar, mas contra os principados, as autoridades, os dominadores deste mundo de trevas e contra os espíritos do mal que estão nos céus.

Mantende-vos firmes tendo cingido os vossos rins com a verdade, vestido a couraça da justiça e calçado os pés com a prontidão para anunciar o Evangelho da paz. Tomai o escudo da com a qual tereis a capacidade de apagar todas as setas incendiadas do maligno. Recebei ainda o capacete da salvação e a espada do Espírito de Deus – a Sua Palavra.

Servi-vos de toda a espécie de orações e preces; orai em todo o tempo a Deus. Vigiai com toda a perseverança e com preces por todos os santos.

(Efésios 2,13-6,23)

  • Deus é minha testemunha de quanto anseio por todos vós com a afeição de Jesus Cristo. É por isto que eu rezo: para que aumente o vosso amor ainda mais e mais em sabedoria e toda a espécie de discernimento para vos poderdes decidir pelo que mais convém.

Se tem algum valor uma exortação em nome de Jesus Cristo ou um conforto afectuoso ou uma solidariedade no Espírito de Deus ou algum afecto e compaixão; então fazei com que seja completa a minha alegria:

Procurai ter os mesmos sentimentos, assumindo o mesmo amor, unidos numa só alma, tendo um só sentimento;

Nada façais por ambição nem por vaidade; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios, não tendo cada um em mira os próprios interesses, mas todos e cada um exactamente os interesses dos outros.

Por isso, meus caríssimos, trabalhai com temor e tremor pela vossa salvação. É Deus quem, segundo o Seu desígnio, opera em vós o querer e o agir. Fazei tudo sem murmurações nem discussões para serdes irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem mancha, no meio de uma geração corrompida. Nela brilhais como astros no mundo.

Conservai a Palavra da Vida. Para mim será um motivo de glória para o dia de Jesus Cristo por não ter corrido em vão nem me ter esforçado em vão.

Tudo quanto para mim era ganho, isso mesmo considerei perda por causa de Jesus Cristo; por causa da maravilha que é o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Assim conhecê-l’O, a Ele, na força da Sua Ressurreição e na comunhão dos Seus sofrimentos para ver se atinjo a ressurreição de entre os mortos. Não que eu já o tenha alcançado ou já seja perfeito; mas corro para ver se O alcanço, já que fui alcançado por Jesus Cristo.

O Senhor está próximo!

Por nada vos deixeis inquietar. Pelo contrário, em tudo, pela oração e pela prece, apresentai os vossos pedidos a Deus em acção de graças. Então a paz de Deus que ultrapassa toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Jesus Cristo.

De resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é respeitável, tudo o que possa ser virtude e mereça louvor; tende isso em mente. Tudo o que aprendestes e recebestes, ouvistes de mim e vistes em mim; ponde em prática. Então o Deus da Paz estará convosco.

(Filipenses 1,9-4,23)

  • Agora alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós na minha carne e que falta às tribulações de Jesus Cristo pelo Seu Corpo que é a Igreja. Foi dela que me tornei servidor, segundo a missão que Deus me confiou para vosso benefício: levar à plena realização a Palavra de Deus, o mistério escondido ao longo das gerações e que agora Deus manifestou aos seus santos. Deus quis dar-lhes a conhecer a imensa riqueza da glória deste mistério entre os gentios: Jesus Cristo entre vós, a esperança da glória!

É a Ele que anunciamos, admoestando e ensinando todos e cada um com toda a sabedoria para apresentar a Deus todos na sua perfeição em Jesus Cristo.

É para isso mesmo que eu trabalho, lutando com a força que Ele me dá e que actua poderosamente em mim. (...)

Tenham ânimo nos vossos corações, vivendo bem unidos no amor e assim atinjam toda a riqueza que é a plena compreensão; o conhecimento do mistério de Deus: Jesus Cristo em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Digo isto para que ninguém vos engane com discursos sedutores.

Não vos deixeis condenar por ninguém no que toca à comida e à bebida ou a respeito de uma festa, de uma Lua Nova ou de um sábado. Tudo isto não é mais do que uma sombra das coisas que hão-de vir; a realidade está em Jesus Cristo.

Não vos deixeis inferiorizar por quem quer que seja que se deleite com práticas de devoção ou culto dos anjos. É gente que, dando toda a atenção às suas visões, em vão se ufana com a sua inteligência carnal. Aspirai às coisas do alto e não às coisas da Terra. Rejeitai: ira, raiva, maldade, injúria, palavras grosseiras saídas da vossa boca. Não mintais uns aos outros.

Na Nova Criação já não há grego nem judeu, circunciso ou incircunciso, bárbaro, cita, escravo, livre, mas Jesus Cristo que é tudo e está em todos. Como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente.

A Palavra de Jesus Cristo habite em vós com toda a sua riqueza: ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Cantai a Deus nos vossos corações, o vosso reconhecimento, com salmos, hinos e cânticos inspirados.” (Colossenses 1,24-4,5)

    • A vontade de Deus é a vossa santificação e que vos afasteis da devassidão; que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santidade e honra. Que ninguém, nesta matéria, defraude e se aproveite do seu irmão (fornicação) porque o Senhor vinga tudo isto. (praticamente dois mil anos de clarificação) Deus não nos chamou à impureza, mas à santidade. Quem despreza estes preceitos não despreza um homem, mas o próprio Deus que vos dá o Espírito Santo.” (1 Tessalonicenses 4,3-12)

  • Mas, vós, irmãos, não andai nas trevas de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Nós não somos da noite nem das trevas. Os que dormem, dormem de noite e os que se embriagam, embriagam-se de noite. Nós que somos do dia, sejamos sóbrios. Quer durmamos, quer estejamos vigilantes; vivamos unidos a Jesus Cristo.” (I Tessalonicenses 5,1-10)

Portanto a noite não é para os filhos de Deus andarem activos, mas sim para os filhos das trevas andarem activos. A noite, muito menos é para baptizar cristãos. Os cristãos são filhos do dia com afectos. Baptizar à noite é entregar filhos de Deus às trevas. Há culpados e há inocentes que sofrem!

    • Corrigi os indisciplinados,
    • encorajai os desanimados,
    • amparai os fracos,
    • sede pacientes com todos.
    • Prestai atenção a que ninguém pague o mal com o mal; procurai antes fazer sempre o bem uns para com os outros e para com todos.
    • Sede sempre alegres.
    • Orai sem cessar e agradecei tudo.
    • Examinai tudo, guardai o que é bom.
    • Afastai-vos de toda a espécie de mal.
    • Não apagueis o Espírito de Deus em vós (pela prática do mal por pensamentos, palavras, actos e omissões).

Esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo.”

(1 Tessalonicenses 5,12-24)

  • Irmãos, afastai-vos de todo o irmão que leva uma vida desregrada e oposta à tradição que de nós recebestes.

Nós não comemos o pão de graça, às custas de ninguém, mas com esforço e canseira, trabalhámos de noite e dia para não sermos um peso para nenhum de vós.”

(2 Tessalonicenses 3,6-15)

  • Recomendo que se façam preces, orações, súplicas e acções de graças por todos, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade a fim de que levemos uma vida serena e tranquila com toda a piedade e dignidade. Isto é agradável diante de Deus que quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.

Quero que os homens orem em todo o lugar, erguendo as mãos puras, sem ira nem altercação. Do mesmo modo as mulheres usem trajes decentes, adornem-se com pudor e modéstia.(...)

Se alguém aspira ao episcopado, deseja um excelente ofício; mas é necessário que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, ponderado, de bons costumes, hospitaleiro, capaz de ensinar; que não seja dado ao vinho, nem violento, mas condescendente, pacífico, desinteressado, que governa bem a sua própria casa, mantendo os filhos submissos, com toda a dignidade. Que não seja neófito, (isto é, recentemente baptizado) para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação do diabo. É necessário que goze de boa reputação entre os de fora para não cair no descrédito e nas ciladas do diabo.

Do mesmo modo, os diáconos sejam pessoas dignas, sem duplicidade, não inclinados ao excesso de vinho, nem ávidos de lucros desonestos. Guardem o mistério da fé numa consciência pura. Seja bem analisada a sua vida e, se forem irrepreensíveis, exerçam o diaconado. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, capazes de dirigir bem os filhos e a própria casa. Aqueles que cumprirem bem o diaconado, adquirem uma posição honrosa e autoridade em questões de fé em Jesus Cristo.

O Espírito de Deus diz abertamente que, nos últimos tempos, alguns hão-de renegar a fé, a religião, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas diabólicas, seduzidos pela hipocrisia de mentirosos cuja consciência foi marcada com ferro em brasa. Proibirão o casamento e o uso de alimentos que Deus criou para serem consumidos em acção de graças pelos que têm fé e conhecem a Verdade.

Ninguém escarneça da tua juventude. Sê modelo para os fiéis na palavra, na conduta, no amor, na fé, na castidade. Não descures o carisma que está em ti e que te foi dado através de uma profecia e com a imposição das mãos dos presbíteros. Toma a peito estas coisas e persevera nelas a fim de que o teu progresso seja manifesto a todos. Cuida de ti mesmo e da doutrina porque, agindo assim, salvar-te-ás e aos que te ouvirem.

Os presbíteros que exercem bem a presidência sejam julgados dignos de dupla honra, principalmente os que trabalham na pregação e no ensino. Aos que cometem faltas, repreende-os na presença de todos para que também os demais se encham de temor. Observa estas regras com imparcialidade, nada fazendo por favoritismo.

Não imponhas as mãos a ninguém precipitadamente, nem te tornes cúmplice de pecados alheios. Conserva-te puro. Enquanto os pecados de alguns são manifestos, mesmo antes de serem submetidos a juízo; os de outros só aparecem depois. Também as boas obras são manifestas e aquelas que não o são, não podem permanecer sempre ocultas.

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Se alguém ensinar outra doutrina e não aderir às sãs palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo e ao ensinamento conforme à piedade, é um obcecado pelo orgulho, um ignorante, um espírito doentio dado a querelas e contendas. Daí nascem as invejas, rixas, injúrias, suspeitas maldosas, altercações entre gente de espírito corrompido e desprovidos de verdade que julgam ser a piedade uma fonte de lucro.

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Os que querem enriquecer caem na tentação, na armadilha e em múltiplos desejos insensatos e nocivos que os precipitam na ruína e na perdição. A raiz de todos os males é a ganância do dinheiro.

Tu, homem de Deus, procura antes a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão. Combate o bom combate da fé; conquista a vida eterna para a qual foste chamado e da qual fizeste uma bela profissão na presença de muitas testemunhas.

Aos ricos deste mundo recomenda que não sejam orgulhosos nem ponham a sua esperança na riqueza incerta, mas em Deus. Que pratiquem o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam generosos, capazes de partilhar. Deste modo acumularão um bom tesouro no céu para o futuro a fim de conquistarem a verdadeira Vida.” (1 Timóteo 2,8-6,19)

  • Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso.

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Como sabes, todos os da Ásia me abandonaram. Que Deus mostre a Sua misericórdia para com a família de Onesíforo que tantas vezes me confortou e não se envergonhou das minhas cadeias. Pelo contrário, quando chegou a Roma, procurou-me afanosamente até me encontrar.

Vem ter comigo quanto antes, pois Demas abandonou-me. Preferiu o mundo presente e foi para Tessalónica. Crescente foi para a Galácia e Tito para a Dalmácia. Apenas Lucas (médico e evangelista) está comigo. Traz contigo Marcos, pois será de grande ajuda no ministério. Quanto a Tíquico, enviei-o a Éfeso. Quando vieres, traz o manto que deixei em Tróade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos.

Alexandre, o fundidor de cobre, causou-me muitos danos. Toma cuidado com ele, pois muito se tem oposto ao nosso ensinamento.

Na minha primeira defesa, ninguém esteve ao meu lado. Todos me abandonaram. O Senhor, porém esteve comigo e deu-me forças a fim de que, por meu intermédio, a Boa Nova fosse plenamente proclamada e todos os gentios a escutassem. O Senhor me livrará de todo o mal e me levará a salvo para o Seu Reino Celeste.

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Toda a Escritura é inspirada por Deus adequada para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça a fim de que aquele que é de Deus seja perfeito e esteja preparado para toda a obra boa.

Virão tempos em que o ensinamento salutar não será aceite, mas as pessoas acumularão mestres que lhes encham os ouvidos com o que elas desejam ouvir. Desviarão os ouvidos da verdade e divagarão ao sabor de fábulas.

Quanto a mim, já estou pronto para oferecer-me como sacrifício; avizinha-se o tempo da minha libertação. Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel. A partir de agora, já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor, justo Juiz e não somente a mim, mas a todos os que anseiam pela Sua vinda.

(2 Timóteo 1,7-4,18)

  • Deixei-te em Creta para acabares de organizar o que ainda falta e para colocares presbíteros em cada cidade e bispo de acordo com as minhas instruções.

Há muitos insubordinados, palradores e sedutores, sobretudo entre os da circuncisão. Transtornam famílias inteiras, ensinando o que não devem, tendo em vista o lucro desonesto.

Repreende-os severamente para que tenham uma fé sã, não dando ouvidos a fábulas judaicas e a preceitos de homens que se afastaram da Verdade. Tu, porém ensina o que é conforme à sã doutrina.

Os anciãos sejam sóbrios, dignos, prudentes, firmes na fé, na caridade e na paciência. As anciãs tenham um comportamento reverente, não sejam caluniadoras nem escravas do vinho, mas mestras da virtude a fim de ensinarem as jovens a amarem os maridos e os filhos, a serem prudentes, castas, boas donas de casa e dóceis aos maridos, de modo que a Palavra de Deus não seja difamada.

Sejam submissos e obedientes aos governantes e autoridades, que estejam prontos para qualquer boa obra, que não digam mal de ninguém, nem sejam conflituosos, mas sejam afáveis, mostrando sempre amabilidade para com todos.

Quando se manifestou a bondade de Deus, Nosso Salvador e o Seu Amor para com todos, Ele salvou-nos, não em virtude das obras de justiça que tivéssemos praticado, mas da Sua misericórdia, mediante um novo nascimento e renovação do Espírito Santo que Ele derramou abundantemente sobre nós por Jesus Cristo, Nosso Salvador, a fim de que, justificados pela Sua Graça, nos tornemos, segundo a nossa esperança, herdeiros da Vida Eterna. Evita as discussões insensatas, as genealogias bem como as contendas legalistas, pois são inúteis e vãs.” (Tito 1,5-3,15)

  • Todo o sumo sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos homens nas suas relações com Deus para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele pode ser compreensivo para com os ignorantes e os transviados porque também ele está revestido de fraqueza. Por isso deve oferecer sacrifícios pelos próprios pecados e pelos do seu povo. Ninguém atribui a si próprio esta honra (de ser sacerdote), senão quem foi chamado por Deus como Aarão. Assim também não foi Jesus Cristo que tomou para Si a glória de Se tornar sumo sacerdote; deu-Lha Aquele que disse: “Tu és Meu Filho, hoje mesmo Te gerei” e noutro lugar: “Tu és Sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedec.” (Hebreus 5,1-6)

Fala-se de homens com a mentalidade da época como, por exemplo, nos afirma S. Mateus: x homens não contando as mulheres e crianças. S. Paulo, com certeza, não foge à regra: homens, não contando com as mulheres; Estas só servem para os serviços menores como limpeza por exemplo.

  • Os sacerdotes da antiga aliança sucederam-se em grande número porque a morte os impedia de durar sempre. Jesus Cristo, que permanece eternamente, possui um sacerdócio eterno. Por isso pode salvar para sempre aqueles que por Seu intermédio, se aproximam de Deus porque vive perpetuamente para interceder por eles. Tal era, na verdade, o sumo sacerdote que nos convinha: santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus; que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro pelos próprios pecados, depois pelos pecados do povo; porque o fez de uma só vez para sempre quando Se ofereceu a Si mesmo. A Torá constitui sumos sacerdotes, homens revestidos de fraqueza, mas a Palavra do juramento, posterior à Torá, estabeleceu o Filho, Sumo Sacerdote Perfeito para sempre.” (Hebreus 7,23-28)
    • É para vossa correcção que sofreis. Deus trata-vos como filhos e qual é o filho a quem o pai não corrige?

Se estais isentos da correcção, da qual todos participam, então não sois filhos. Deus corrige-nos para nosso bem, para nos fazer participantes da Sua santidade. É certo que toda a correcção, no momento em que é aplicada, não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza. Mais tarde, esta correcção de Deus produz um fruto de paz e de justiça nos que foram exercitados por ela.

Procurai a paz e a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hebreus 12,7-15)

Carta de S. Tiago

3.Irmãos, considerai como uma enorme alegria o estardes rodeados de provações de toda a ordem, tendo em conta que a prova a que é submetida a vossa fé, produz a constância. Mas a constância tem de se exercitar até ao fim, de modo a serdes perfeitos e irrepreensíveis sem falhar em nada.

Se algum de vós tem falta de sabedoria que a peça a Deus que a todos dá generosamente e, sem recriminações, ser-lhe-á dada. Mas peça-a com fé e sem hesitar.

Feliz aquele(a) que resiste à tentação porque, depois de ter sido posto à prova, receberá a coroa da Vida que o Senhor prometeu aos que O amam.

Não vos enganeis, meus amados irmãos, toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do alto. Cada um seja pronto para ouvir, lento para falar e lento para se irar. Rejeitai toda a imundície e todo o vestígio de malícia e recebei com mansidão a Palavra em vós semeada, a qual pode salvar as vossas almas; mas tendes de a pôr em prática. Aquele(a) que medita com atenção a lei perfeita, a lei da liberdade e nela persevera, esse encontrará a felicidade ao pô-la em prática.

Se alguém se considera uma pessoa piedosa, mas não refreia a sua língua, enganando assim o seu coração, a sua religião é vazia. A religião pura e sem mácula diante d’Aquele que é Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas e não se deixar contaminar pelo mundo.

Meus irmãos, não tenteis conciliar a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo glorioso com a acepção de pessoas. Se cumpris: Ama o próximo como a ti mesmo, procedeis bem; mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis um pecado e a lei cristã condena-vos como transgressores.

Falai e procedei como pessoas que hão-de ser julgadas segundo a lei da liberdade porque quem não pratica a misericórdia, será julgado sem misericórdia; mas a misericórdia não teme julgamento.

Poderá alguém alegar sensatamente: «Tu tens fé e eu tenho as obras». Mostra-me a tua fé sem obras que eu, pelas minhas obras, mostrar-te-ei a minha fé. Vede, pois como se fica justificado pelas obras e não somente pela fé. De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? A fé, sem obras, está completamente morta.

Meus irmãos, não haja muitos entre vós que pretendam ser mestres, sabendo que nós teremos um julgamento mais severo, pois todos nós falhamos com frequência. Se alguém não peca pela palavra, esse é perfeito, capaz de dominar todo o seu corpo.

Existe alguém, entre vós, que seja sábio e entendido? Mostre então pelo seu bom procedimento, que as suas obras estão repassadas da mansidão própria da sabedoria. Mas, se tendes no vosso coração uma inveja amarga e um espírito dado a contendas, não vos vanglorieis nem falseeis a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas a terrena, a da natureza corrompida, a diabólica. A sabedoria que vem do alto é, em primeiro lugar, pura; depois é pacífica, indulgente, dócil, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem hipocrisia e é com a paz que uma colheita de justiça é semeada pelos obreiros da paz.

Cobiçais e nada tendes. Então matais! Roeis-vos de inveja e nada conseguis. Então lutais e guerreais-vos. Não tendes porque não pedis. Pedis e não recebeis porque pedis mal (porque pedem o mal para os outros), para satisfazer os vossos egoísmos.

Não faleis mal uns dos outros, irmãos. Quem fala mal de um irmão e o julga, está a falar mal da lei cristã e a julgá-la. Ora, se tu julgas a lei, já não és cumpridor da lei, mas seu juiz. Há um só legislador e juiz; Aquele que pode salvar e condenar. Mas quem és tu para julgar o teu próximo?

Sobretudo, meus irmãos, não jureis nem pelo Céu nem pela Terra, nem façais qualquer outro juramento. Que o vosso 'sim' seja 'sim' e o vosso 'não' seja 'não' para não incorrerdes em condenação.

Está alguém, entre vós, aflito? Recorra à oração.

Está alguém contente? Cante salmos.

Algum de vós está doente? Chame os presbíteros da Igreja e que estes orem sobre eles, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.

Confessai, pois os pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados. Se algum de vós se extravia de verdade e alguém o converte, saiba que aquele que converte um pecador do seu erro salvará da morte a sua alma e obterá o perdão de muitos pecados.”

(Tiago 1,2-5,20)

Cartas de S. Pedro

4.Pedro é o nome que Jesus Cristo atribuiu ao pescador galileu Simão, natural de Betsaida e irmão do apóstolo André. Dos apóstolos, é o mais conhecido pelo lugar que ocupou no grupo dos Doze. A sua adesão a Jesus Cristo é total: «Senhor, a quem iremos? Só Tu tens palavras de Vida Eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus


Apesar do seu entusiasmo por Jesus Cristo, negou o seu Senhor por três vezes. Jesus Cristo deu a Pedro a chefia da Sua Igreja: «Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus e tudo o que ligares na Terra, ficará ligado no céu e tudo o que desligares na Terra, será desligado no céu.»


Assim Pedro Simão foi o primeiro Papa para toda a cristandade.

Segundo a tradição, Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, (a seu pedido, pois não se achava digno de morrer como Nosso Senhor Jesus Cristo) durante a perseguição do imperador romano Nero, nas colinas chamadas do Vaticano, onde foi sepultado. Sobre o seu túmulo foi construída uma basílica pelo imperador Constantino; mais tarde, substituída pela actual basílica de S. Pedro, iniciada no século XVI.

Assim como é santo Aquele que vos chamou, sede santos, vós também, em todo o vosso proceder, conforme diz a Escritura:


Sede santos porque Eu sou Santo.

Se invocais como Pai Aquele que, com imparcialidade, julga cada um segundo as suas obras, comportai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação, sabendo que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver herdada dos vossos pais, não a preço de bens corruptíveis, ouro ou prata, mas pelo Sangue precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo, manifestado nos últimos tempos por causa de vós que, por meio d’Ele, tendes a fé em Deus, que O ressuscitou dos mortos e O glorificou a fim de que a vossa fé e a vossa esperança estejam postas em Deus.

Tende, entre os gentios, um comportamento exemplar, de modo que, ao acusarem-vos de malfeitores, vendo as vossas boas obras, acabem por dar glória a Deus no dia da Sua visita.

Respeitai todos, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei.

Que nenhum de vós tenha de sofrer por ser homicida, ladrão, malfeitor ou por se intrometer na vida alheia. Mas, se sofre por ser cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus por ter este nome.

Aos presbíteros, dirijo-vos esta exortação:

Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, governando-o, não à força, mas de boa vontade, tal como Deus quer; não por um mesquinho espírito de lucro, mas com zelo; não com um poder autoritário sobre a herança do Senhor, mas como modelos do rebanho.” (1 Pedro 1,15-5,14)

  • Deveis pôr todo o empenho em juntar à vossa fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento a temperança; à temperança a paciência; à paciência a piedade; à piedade o amor aos irmãos e ao amor aos irmãos a caridade.

É que tenho por meu dever – enquanto estiver nesta tenda (corpo visível) – manter-vos alerta com os meus avisos, pois sei que em breve terei de deixá-la, conforme Nosso Senhor Jesus Cristo mo deu a conhecer. E cuidarei que, mesmo depois da minha partida, possais conservar sempre a lembrança destas coisas. (...)

Assim como houve entre o povo de Israel falsos profetas assim também haverá entre vós falsos mestres. Introduzirão disfarçadamente heresias perniciosas e, indo ao ponto de negar o Senhor que nos resgatou, atrairão sobre si mesmos uma rápida perdição. Muitos hão-de segui-los na sua libertinagem e, por causa deles, o caminho da Verdade será blasfemado, movidos pela cobiça, hão-de explorar-vos com palavras enganadoras. Mas a sua condenação não perde pela demora e a sua ruína não dorme.” (2 Pedro 1,5-3,18)

Cartas de S. João

Filhinhos, estamos na última hora. Ouvistes dizer que há-de vir um AntiCristo. Pois bem, já apareceram muitos antiCristos, por isso reconhecemos que é a última hora.

Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido connosco; mas aconteceu assim para que ficasse claro que nenhum deles é dos nossos. Vós, porém tendes uma unção recebida do Santo e todos estais instruídos.

Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse é o antiCristo, aquele que nega o Pai e igualmente o Filho. Todo aquele que nega o Filho, fica também sem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. Se permanecermos no Filho e no Pai alcançaremos a Vida Eterna.

A unção que d’Ele recebestes, permanece em vós e não tendes necessidade de que ninguém vos ensine. Tal como a Sua unção vos ensina acerca de todas as coisas – e ela é verdadeira e não engana – permanecei n’Ele de acordo com o que Ele ensinou.

Quem pratica a justiça é justo como Ele é Justo. Quem comete o pecado é do diabo porque o diabo peca desde a origem. Todo aquele que nasceu de Deus, não comete pecado porque o germe divino permanece nele e assim não tem tendência para o pecado. Todo aquele que não pratica a justiça, não é de Deus, nem aquele que não ama o seu irmão. Nós somos de Deus. Quem conhece Deus, ouve-nos; quem não é de Deus não nos ouve (porque o mal tapa-lhe os ouvidos e o pensamento.) É por isto que se reconhece o espírito da verdade e o espírito do erro.

Nós conhecemos o amor que Deus nos tem porque cremos n’Ele. Deus é Amor e quem permanece no Amor, permanece em Deus e DEUS N’Ele. No amor não há temor. Pelo contrário, o perfeito amor lança fora o temor. De facto, o temor pressupõe castigo e quem teme não é perfeito no amor. (O amor é comunhão, leva à comunhão. O temor pressupõe egoísmo e tendência para o mal, não declarada pelo receio do castigo. Então a escolha é o mal e, por conseguinte, não está com Deus. Amamos porque Ele nos ama primeiro e principalmente; isto é, nós amamos porque Deus derramou e derrama o Seu Amor em nós. Só porque temos o Amor de Deus em nós, nós amamos o nosso semelhante e tudo o que nos rodeia. Todo aquele que disser «amo-te» e não crer em Deus, não ter o Amor de Deus em si; mente. Mente descaradamente ao seu par, aos filhos porque o que sente é posse, possui e destrói, permanecendo no egoísmo. Não tem o Amor em si! Por isso, quem não ama o seu semelhante, não ama Deus.) (1 João 2,18-5-21)

Carta de Judas 1)

1) Judas, irmão de Tiago e ambos filhos de Maria e José; assim irmãos de Jesus Cristo por Maria.

6.Entre vós, infiltraram-se certos homens que há já muito estão condenados; uns ímpios que convertem em libertinagem a graça de Deus e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor.

Eles falam impiamente do que desconhecem e, quanto ao que conhecem por instinto natural; isso só lhes serve para se corromperem. Eles são um escândalo nos vossos ágapes (refeições eucarísticas), banqueteando-se convosco sem respeito nenhum; o que fazem é cevar-se. São murmuradores, queixosos da sua sorte, gente que vive ao sabor das suas paixões. Da sua boca saem palavras pomposas para adularem as pessoas em vista do seu próprio interesse. Eles são os que semeiam divisões, pessoas guiadas pelos instintos, pessoas que não têm o Espírito de Deus.” (Judas 1,4-25)

Problemas da Igreja Primitiva


Através das Cartas escritas ou a comunidades ou a presbíteros é fácil fazer uma viagem pelas Igrejas Cristãs dos primeiros sessenta – setenta anos de vida cristã e nos apercebermos dos problemas que esta Igreja Cristã teve logo de enfrentar.

Problemas internos

1º grande problema: Circuncisão: sim ou não para os cristãos?

Os verdadeiros apóstolos, fiéis a Jesus Cristo, afirmam: - Isso é um falso problema. A salvação não depende desse facto. Judeo-cristãos querem circuncidar os seus filhos; pois que o façam. Cristãos convertidos do paganismo não querem circuncidar os seus filhos; pois não o façam. É um assunto da ordem natural e que não ofende a ordem espiritual.∆

2º grande problema: o dízimo: sim ou não para os cristãos?

Para a Igreja Cristã do ocidente, fundada por S. Paulo, o dízimo não existe. Cada um contribui para as necessidades da sua comunidade e das outras comunidades de acordo com as suas possibilidades e a sua vontade.

Para a Igreja Cristã do oriente, da responsabilidade de judeo-cristãos e judaizantes extremistas, praticava-se o dízimo, apesar de Pedro não optar por esta medida, mas também não se opunha. De tal maneira que apóstolos foram ter com as comunidades ocidentais para instalar esta medida e desautorizar S. Paulo, que criticou veementemente as suas comunidades por acatarem estes apóstolos, indo contra a sua doutrina. Acredito que foi esta insistência por parte da Igreja oriental que terá levado S. Paulo a fazer aquela grande colecta por toda a igreja ocidental a favor da Igreja de Jerusalém.

Na minha opinião de leiga, acho que S. Paulo é que está correcto e a sua atitude é a correcta para a Igreja Cristã actual.∆

3º grande problema: O local de reunião e de culto dos cristãos.

A primeira opção era a sinagoga porque tinham acesso às Escrituras que nem todas as comunidades tinham. No entanto, cada vez era menos possível utilizá-las por serem expulsos, quando identificados e também perseguidos e mortos. Era sempre um risco muito grande.

O lugar mais comum era a casa mais desafogada de alguns dos cristãos que se ofereciam para acolher.

Depois do culto cristão passar a ser oficial e aceite no império romano; passaram a ser usados os fóruns ou tribunais para esta actividade de culto cristão e depois estes foram adoptados como modelos para criar as primeiras igrejas cristãs.

Actualmente a igreja cristã já obedece a vários modelos; esperemos que todos eles obedeçam aos cânones cristãos para a optimização do fim último destes lugares.∆

4º problema: A refeição eucarística.

Muitas vezes os apóstolos detectaram que entre os fiéis que participavam nesta refeição, estavam ateus com o intuito de se empanturrarem e, ainda por cima, ironizarem com o que presenciavam e escutavam. Os nicolaítas ou seguidores de um certo Nicolau eram partidários de uma tendência gnóstica e libertina nas comunidades cristãs de Éfeso e Pérgamo. Esta era uma das muitas heresias no interior da Igreja primitiva deste tempo.∆

5º problema: A conversão.

O baptismo faz os fiéis receberem a Graça de Deus e o Espírito Santo, mas há necessidade de, por vontade e escolha própria, passarem do egoísmo à comunhão de irmãos; ao amor e caridade. Só aqui termina a conversão e se passa à fé adulta e a praticar só o bem e só as boas obras.∆

Problemas externos

  1. Perseguições, maus tratos, assassínios da parte de judeus e pagãos com o objectivo de exterminar a Igreja cristã.
  2. Por volta do ano 95, o imperador Domiciano investe com todo o seu poder contra as Igrejas cristãs da Ásia com o objectivo de as exterminar definitivamente.∆

A Ressurreição nos textos apocalípticos


O apóstolo e evangelista S. João escreve o livro Apocalipse em Patmos – pequena ilha no Mar Egeu – onde se encontra desterrado por causa da perseguição de judeus e soldados romanos ao serviço do imperador aos cristãos com o objectivo de os destruírem.

Este livro trata da Revelação de Jesus Cristo da Palavra de Deus revelada à humanidade. Este livro surge com a decadência do império romano e as guerras da Palestina que levaram à destruição do Templo e de Jerusalém e às perseguições de todo o tipo e de vários inimigos contra a Igreja cristã que servia de bode expiatório para todos os males que estavam a acontecer.

Por tudo isto considerava-se esta época o fim dos tempos e adivinhava-se uma revolução global com uma radical mudança no modo de ser e de viver. Tudo isto decorre entre os anos sessenta e o início do segundo século – era mesmo os fins dos tempos daquela era cósmica.

O Apocalipse exprime a fé da Igreja da segunda geração cristã. É o tempo dos discípulos dos apóstolos. Deus é o único Senhor da História, apesar das forças conjugadas de todos os senhores deste mundo. No meio desta História, a Igreja aparece como espaço litúrgico onde o Cordeiro Pascal da primeira Sexta-Feira Santa para os cristãos tem presença permanente, fazendo da comunidade o céu na Terra. Assim este livro confere a certeza absoluta na bondade de Deus que se manifestou no Filho, abrindo ao leitor crente um caminho de esperança sem fim. ∆

    • Jesus Cristo afirma-nos: “Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com Ele e ele comigo.”

(Apocalipse 3,20)

    • O Espírito de Deus diz abertamente que, nos últimos tempos, alguns hão-de renegar a fé, a religião, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas diabólicas, seduzidos pela hipocrisia de mentirosos cuja consciência foi marcada com ferro em brasa. Proibirão o casamento e o uso de alimentos que Deus criou para serem consumidos em acção de graças pelos que têm fé e conhecem a Verdade.”

(1 Timóteo 2,8-6,19)

    • Fica sabendo que, nos últimos dias, surgirão tempos difíceis. As pessoas tornar-se-ão egoístas, interesseiras, arrogantes, soberbas, blasfemas, desrespeitadoras dos pais, ingratas, ímpias, sem coração, implacáveis, caluniadoras, descontroladas, desumanas, inimigas do bem, traidoras, insolentes, orgulhosas e mais amigas dos prazeres do que de Deus. Conservarão uma aparência de piedade, mas negarão a sua essência. Procura evitar essa gente. Esses perversos e impostores irão de mal a pior, extraviando os outros e extraviando-se a si próprios.” (2 Timóteo 1,7-4,18)
    • Assim como houve entre o povo de Israel falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres. Introduzirão disfarçadamente heresias perniciosas e, indo ao ponto de negar o Senhor que nos resgatou, atrairão sobre si mesmos uma rápida perdição. Muitos hão-de segui-los na sua libertinagem e, por causa deles, o caminho da Verdade será blasfemado, movidos pela cobiça, hão-de explorar-vos com palavras enganadoras. Mas a sua condenação não perde pela demora e a sua ruína não dorme.” (2 Pedro 1,5-3,18)
    • Vou revelar-vos um mistério:

Nem todos morreremos, mas todos seremos transformados; num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. É necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade e que este corpo mortal se revista de imortalidade.

Assim, meus queridos irmãos, sede firmes e progredi sempre na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é inútil no Senhor. (1 Coríntios 15,39-15,58)

  • Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos. Se acreditamos que Jesus Cristo morreu e ressuscitou; do mesmo modo Deus levará com Jesus Cristo os que em Jesus Cristo tiverem morrido. Eis o que temos para vos dizer, segundo a Palavra do Senhor: Nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que tiverem morrido.

Ao sinal dado, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do Céu (não nascerá de novo; todos vê-l’O-ão e falarão com Ele como aconteceu após a Sua Ressurreição porque o Seu Espírito procurará a Sua Alma e ao juntarem-se as partes que O compõem, Ele materializar-se-á novamente) e os mortos em Jesus Cristo ressuscitarão primeiro.(Isto é, os que partiram, mas com Jesus Cristo; nascerão novamente para terem mais uma oportunidade de passar para níveis melhores passando pela vida material sem qualquer vício e quando partirem, irão para o mundo dos ressuscitados com Jesus Cristo - Primeiro de todos os ressuscitados - e estarão com Ele quando os que viverem na vida material, na Terra, forem arrebatados para junto de Jesus Cristo e/ou de Maria, dos irmãos e irmãs.)

Em seguida, nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles para as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares e assim estaremos sempre com o Senhor.” (I Tessalonicenses 4,13-18)

  • Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do Seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. Jesus Cristo é a imagem de Deus (que é) invisível (e os Seus dons que nos entrega, também). Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja que é o Seu corpo. Em tudo Ele teve o primeiro lugar (isto é, em tudo Ele antecedeu todos os outros) (...) e por Ele foram reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz pelo sangue da Sua cruz com todas as criaturas na Terra e nos céus.” (Colossenses 1,12-20)

  • Naqueles dias, depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas. Então hão-de ver o Filho do Homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória. Ele mandará os anjos para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da Terra à extremidade do céu.

Assim, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do Homem está perto, está mesmo à porta.” (S. Marcos 13,24-32)

  • “Pedro disse a Jesus Cristo: - Nós deixámos tudo e seguimos-Te. Qual será a nossa recompensa?

No dia da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do Homem se sentar no seu trono de glória; vós, que Me seguistes, haveis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.

Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do Meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a Vida Eterna. Muitos dos primeiros (da Igreja) serão os últimos (a entrar no Reino do Céu); muitos dos últimos (da Igreja) serão os primeiros (a entrar no Reino do Céu.) (S.Mateus 19,27-30)

  • “Vi um trono magnífico e branco e alguém sentado nele. (...) O que estava sentado no trono afirmou: «Eu renovo todas as coisas.» E acrescentou: «Escreve porque estas palavras são dignas de fé e verdadeiras.» E disse-me ainda: «Eu sou o Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim. Ao que tiver sede, Eu lhe darei a beber gratuitamente da nascente da água da Vida. (...) Eu serei o seu Deus e ele será o Meu Filho. (...)” (Apocalipse 20,11-21,8)
  • Um dos sete anjos dirigiu-se a mim e disse: «Vem cá. Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro.» transportou-me em espírito a uma grande e alta montanha e mostrou-me a cidade santa. (...) E a cidade tão pouco necessita de sol ou de lua para a iluminar, pois a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro.” (Apocalipse 21,9-22,5)
  • «Eis que Eu venho em breve

Eu, João, é que vi e ouvi estas coisas. (...)

O anjo acrescentou: «Não escondas as palavras da profecia deste livro, pois o tempo está próximo. Que o injusto continue a cometer injustiças; que o impuro continue a cometer acções impuras; o que é honrado continue a ser honrado e o que é santo, santifique-se ainda mais

Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos anunciar estas coisas acerca das Igrejas. (...) (Apocalipse 22,6-21)

  • Ei-l’O que vem entre as nuvens e todos os olhos O verão, mesmo aqueles que O trespassaram; e por isso hão-de lamentar-se todas as tribos da Terra. Sim. Amen. Eu sou o Alfa e o Omega, diz o Senhor Deus, Aquele que é, que era e que há-de vir, o Senhor do Universo.” (Apocalipse 1,6-8)

O terceiro milénio e a ressurreição


Nós sabemos que os seres que fazem parte daqueles que viveram na Graça de Deus, foram levados para o Mundo dos Vivos, a outra parte do planeta Terra: os mais conhecidos são os de Elias, de Jesus Cristo, de Maria.

Sabendo que os ressuscitados são aqueles que conseguiram preservar com Vida as suas almas e espíritos que voltam a reunir-se, juntar-se no mundo de Jesus Cristo e/ou Maria. Muitas vezes dou por mim a perguntar-me:

- E o ser natural que é arrebatado; que lhe acontece no Mundo dos Vivos?

Cheguei à conclusão de que no Mundo de Jesus Cristo e Maria voltam a reunir-se todos os seres que faziam aquela identidade e permaneceram com Vida, incluindo o seu ser natural. Aliás, a transformação interior que sentimos passar-se deve ter a ver com a preservação do ser natural. Por isso é tão importante confiarmos em Deus e na Sua Família Celeste e deixarmos acontecer quando temos a certeza de estarmos com aqueles com quem queremos ficar.

Assim compreende-se as palavras de Jesus Cristo nas primeiras aparições:

“- A paz esteja convosco!” Dominados pelo espanto e cheios de temor, julgavam estar a ver um espírito (isto é, o manto).

Disse-lhes então Jesus Cristo:

- Por que estais perturbados e por que surgem dúvidas nos vossos corações? Vede as Minhas mãos e os Meus pés: sou Eu mesmo. Tocai-me e olhai que um espírito não tem carne nem ossos como verificais que Eu tenho.(...)

Tendes aí alguma coisa que se coma?” (S.Lucas 24,36-43)

Não é por necessidade física que Jesus Cristo pede alimento, mas para lhes provar que pode comer, pois a alma e a pessoa celeste precisam de alimento, mas com um intervalo muito maior e é menor a quantidade de alimento. Só Lucas é capaz de narrar este episódio. Penso que a missão principal de Lucas foi essa: dar a conhecer aquilo que os evangelistas não foram capazes de transmitir porque não tinham chegado a compreender e a aceitar.

Epílogo

Por agora, este meu trabalho está completo, mas é muito mais obra divina do que obra minha; por isso será necessário atualizá-lo sempre que surgirem novos conhecimentos que nos são revelados.

É uma obra de Amor e assim espero que dê muito fruto.

Destina-se àqueles que desejam encontrar o que aqui é revelado. Só para eles este trabalho tem valor e interesse.

Fiz uma pesquisa exaustiva e tentei ordenar este trabalho da maneira que me pareceu mais correcta.

Fi-lo com Amor e com Amor vo-lo entrego!

Lagos, 19 de Julho de 2012

Bibliografia

Nova Bíblia dos Capuchinhos – para o Terceiro Milénio, Difusora Bíblica, 1ª edição: Novembro de 1998; Fátima/Lisboa.


1Nova Bíblia dos Capuchinhos, Difusora Bíblica, Lisboa,1998, p.1666 (39);


2Nova Bíblia dos Capuchinhos, Difusora Bíblica, Lisboa,1998, p.1566 (19);


3Nova Bíblia dos Capuchinhos, Difusora Bíblica, Lisboa,1998, p.1566- 1568 (Mt 2);


4 O universo da Luz exige sempre um bode expiatório para se dar por todos. Eu sou e escolhi o universo do Dia com Afectos. Aí somos felizes, com vida tranquila e boa-hora na partida. Todos lutam pela salvação e todos partilham na medida das suas possibilidades.


5 Por que é que Saulo ficou sem ver? Porque perseguia Aquele que, por palavras, esperava. Ficou cego porque se recusava a ver a Verdade; porque não aceitava a vontade de Deus nem os seus tempos.