domingo, 18 de dezembro de 2016

FESTA DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPE

SANTA MISSA POR OCASIÃO DA FESTA DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPE
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

 «Bem-aventurada és tu que creste» (Lc 1, 45); com estas palavras Isabel ungiu a presença de Maria na sua casa. Palavras que brotam do seu ventre, das suas vísceras; palavras que conseguem fazer ressoar tudo o que ela experimentou com a visita da sua prima: «Assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste» (Lc 1, 44-45).
Deus visita-nos nas entranhas de uma mulher, movendo as vísceras de outra mulher com um cântico de bênção e de louvor, com um canto de alegria. A cena evangélica contém em si todo o dinamismo da visita de Deus: quando Deus vem ao nosso encontro move as nossas vísceras, põe em movimento aquilo que somos, a ponto de transformar toda a nossa vida em louvor e bênção. Quando Deus nos visita deixa-nos inquietos, com a sadia inquietação daqueles que se sentem convidados a anunciar que Ele vem e está no meio do seu povo. Assim o vemos em Maria, a primeira discípula e missionária, a nova arca da aliança que, longe de permanecer num lugar reservado nos nossos templos, sai para visitar e acompanhar com a sua presença a gestação de João. Assim o fez também em 1531: correu até Tepeyac para servir e acompanhar o povo que estava em dolorosa gestação, tornando-se Mãe, tanto sua como de todos os nossos povos.
Com Isabel, também nós hoje queremos ungi-la e saudá-la, dizendo: «Bem-aventurada és tu que creste» e continuas a crer que «se hão-de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!» (v. 45). Assim Maria é como que o ícone do discípulo, da mulher crente e orante que sabe acompanhar e animar a nossa fé e a nossa esperança nas diversas etapas que nos compete atravessar. Em Maria encontramos o reflexo fiel «não [de] uma fé poeticamente edulcorada, mas [de] uma fé forte, sobretudo numa época em que se fragmentam os doces encantos das coisas e as contradições entram em conflito em toda a parte» (R. Guardini, El Señor. Meditaciones sobre la vida de Jesucristo, Madrid 2005, 44).
Sem dúvida, temos de aprender desta fé forte e solícita que caracteriza a nossa Mãe; aprender desta fé que sabe entrar na história para ser sal e luz nas nossas vidas e na sociedade.
A sociedade que hoje construímos para os nossos filhos é cada vez mais marcada por sinais de divisão e de fragmentação, deixando «fora do jogo» muitos, especialmente aqueles que têm dificuldade em obter o mínimo indispensável para levar em frente a própria vida com dignidade. É uma sociedade que gosta de se vangloriar dos seus progressos científicos e tecnológicos, mas que se tornou cega e insensível diante de milhares de rostos que ficam pelo caminho, excluídos pelo orgulho obcecante de poucos. Uma sociedade que acaba por criar uma cultura da desilusão, do desencanto e da frustração em numerosíssimos nossos irmãos e também de angústia em muitos outros que enfrentam dificuldades para não permanecer afastados do caminho.
Parece que, sem nos darmos conta, nos habituamos a viver na «sociedade da desconfiança», com tudo o que isto comporta para o nosso presente e, de maneira particular, para o nosso porvir; desconfiança que pouco a pouco vai gerando estados de indolência e de dispersão.
Como é difícil orgulhar-se da sociedade do bem-estar, quando vemos que o nosso amado continente americano se acostumou a ver milhares e milhares de crianças e de jovens de rua que mendigam e dormem nas estações ferroviárias, nos subterrâneos do metropolitano ou onde conseguem encontrar um lugar. Crianças e jovens explorados em empregos clandestinos ou obrigados a encontrar um tostão nas esquinas das ruas, limpando os pára-brisas dos nossos automóveis e sentem que no «comboio da vida» não há lugar para eles. E quantas famílias continuam a ser marcadas pela dor de ver os seus filhos vítimas dos mercadores de morte. Como é difícil ver que acabamos por normalizar a exclusão dos nossos idosos, obrigando-os a viver na solidão, simplesmente porque não são produtivos ou ver — como bem disseram os bispos em Aparecida — «a situação precária que afecta a dignidade de muitas mulheres. Algumas, desde crianças e adolescentes, são submetidas a múltiplas formas de violência dentro e fora de casa» (V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, Documento de Aparecida). São situações que nos podem paralisar, que nos podem fazer duvidar da nossa fé e especialmente da nossa esperança, da nossa maneira de olhar e enfrentar o futuro.
Perante todas estas situações, juntamente com Isabel todos devemos dizer assim: «Bem-aventurada és tu que creste» e aprender daquela fé forte e solícita que caracterizou e caracteriza a nossa Mãe.
Celebrar Maria é, em primeiro lugar, fazer memória da mãe, recordar que não somos nem nunca seremos um povo órfão. Nós temos uma mãe! E onde está a Mãe há sempre presença e sabor de casa. Onde está a mãe, os irmãos poderão desentender-se, mas triunfará sempre o sentido da unidade. Onde está a mãe não faltará a luta em benefício da irmandade. Sempre me impressionou ver, em diversos povos da América Latina, aquelas mães lutadoras que, muitas vezes sozinhas, conseguem criar os filhos. Assim é Maria. Assim é Maria em relação a nós, pois somos os seus filhos: Mulher lutadora diante da sociedade da desconfiança e da cegueira, perante a sociedade da indolência e da dispersão; Mulher que luta para fortalecer a alegria do Evangelho. Luta para dar «carne» ao Evangelho.
Olhar para a Guadalupina é recordar que a visita do Senhor passa sempre através daqueles que conseguem «transformar em carne» a sua Palavra, que procuram incarnar a vida de Deus nas próprias vísceras, tornando-se assim sinais vivos da sua misericórdia.
Celebrar a memória de Maria significa afirmar, contra todos os prognósticos, que «no coração e na vida dos nossos povos pulsa um forte sentido de esperança, não obstante as condições de vida que parecem ofuscar toda esperança» (V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, Documento de Aparecida, 29 de junho de 2007, 536).
Maria amou porque acreditou; porque é servidora do Senhor, é servidora dos seus irmãos. Fazer memória de Maria significa celebrar que nós, como Ela, somos convidados a sair e ir ao encontro dos outros com o seu olhar, com as suas vísceras de misericórdia, com os seus gestos. Contemplá-la quer dizer sentir o forte convite a imitar a sua fé. A sua presença leva-nos à reconciliação, infundindo em nós a força para gerar vínculos na nossa abençoada terra latinoamericana, dizendo «sim» à vida e «não» a qualquer tipo de indiferença, exclusão e descarte de povos ou de pessoas.
E não tenhamos medo de sair e fitar o próximo com o seu olhar. Um olhar que nos faz irmãos. Tornamo-lo porque, como Juan Diego, sabemos que aqui está a nossa Mãe, sabemos que estamos sob a sua sombra e a sua protecção, que constitui a fonte da nossa alegria, que estamos no seu colo (cf. Nicam Mopohua, 119: «No estoy aquí yo, que soy tu madre? ¿No estás bajo mi sombra y resguardo? ¿No soy yo la fuente de tu alegría? ¿No estás en el hueco de mi manto, en el cruce de mis brazos? ¿Tienes necesidad de alguna otra cosa?»).
Concede-nos a paz e o trigo, nossa Senhora e Menina,
uma pátria que una casa, igreja e escola,
um pão que seja para todos e uma fé que arda
através das tuas mãos postas, dos teus olhos de estrela. Amém!




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sábado, 26 de novembro de 2016

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo
Praça São Pedro
Domingo, 20 de novembro de 2016

 A solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, coroa o ano litúrgico e este Ano Santo da Misericórdia. Na verdade, o Evangelho apresenta a realeza de Jesus Cristo no auge da sua obra salvadora e fá-lo de uma maneira surpreendente. «O Messias de Deus, o Eleito, (…) o Rei» (Lc 23, 35.37) aparece sem poder nem glória: está na cruz, onde parece mais um vencido do que um vencedor. A sua realeza é paradoxal: o seu trono é a cruz; a sua coroa é de espinhos; não tem um ceptro, mas põem-Lhe uma cana na mão; não usa vestidos sumptuosos, mas é privado da própria túnica; não tem anéis brilhantes nos dedos, mas as mãos trespassadas pelos pregos; não possui um tesouro, mas é vendido por trinta moedas.
Verdadeiramente não é deste mundo o reino de Jesus Cristo (cf. Jo 18, 36); mas precisamente nele – diz-nos o apóstolo Paulo na segunda leitura – é que encontramos a redenção e o perdão (cf. Col 1, 13-14). Porque a grandeza do seu reino não está na força segundo o mundo, mas no amor de Deus, um amor capaz de alcançar e restaurar todas as coisas. Por este amor, Jesus Cristo abaixou-Se até nós, viveu a nossa miséria humana, provou a nossa condição mais ignóbil: a injustiça, a traição, o abandono; experimentou a morte, o sepulcro, a morada dos mortos. Assim Se aventurou o nosso Rei até aos confins do universo, para abraçar e salvar todo o vivente. Não nos condenou nem sequer nos conquistou, nunca violou a nossa liberdade, mas abriu caminho com o amor humilde, que tudo desculpa, tudo espera, tudo suporta (cf. 1 Cor 13, 7). Unicamente este amor venceu e continua a vencer os nossos grandes adversários: o pecado, a morte, o medo.
Hoje, amados irmãos e irmãs, proclamamos esta vitória singular, pela qual Jesus Cristo Se tornou o Rei dos séculos, o Senhor da história: apenas com a omnipotência do Amor que é a natureza de Deus, a sua própria vida e que nunca terá fim (cf. 1 Cor 13, 8). Jubilosamente compartilhamos a beleza de ter Jesus Cristo como nosso Rei: o seu domínio de amor transforma o pecado em graça, a morte em ressurreição, o medo em confiança.
Mas seria demasiado pouco crer que Jesus Cristo é Rei do universo e centro da história, sem fazê-Lo tornar-Se Senhor da nossa vida: tudo aquilo será vão, se não O acolhermos pessoalmente e se não acolhermos também o seu modo de reinar. Nisto, ajudam-nos os personagens presentes no Evangelho de hoje. Além de Jesus Cristo, aparecem três tipos de figuras: o povo que olha, o grupo que está aos pés da cruz e um malfeitor crucificado ao lado de Jesus Cristo.
Começamos pelo povo. O Evangelho diz que «permanecia ali, a observar» (Lc 23, 35): ninguém se pronuncia, ninguém se aproxima. O povo permanece longe, a ver o que sucedia. É o mesmo povo que, levado pelas próprias necessidades, se aglomerava à volta de Jesus  Cristo e, agora, se mantém à distância. Vendo certas circunstâncias da vida ou as nossas expectativas por realizar, podemos também nós ser tentados a manter a distância da realeza de Jesus Cristo, não aceitando completamente o escândalo do seu amor humilde que interpela o nosso eu e o desassossega. Prefere-se ficar à janela, alhear-se, em vez de se avizinhar e fazer-se próximo. Mas o povo santo que tem Jesus Cristo como Rei, é chamado a seguir o seu caminho de amor concreto; a interrogar-se diariamente cada um para si: «Que me pede o amor, para onde me impele? Que resposta dou a Jesus Cristo com a minha vida?»
Temos depois um segundo grupo, que engloba vários personagens: os chefes do povo, os soldados e um dos malfeitores. Todos eles escarnecem de Jesus Cristo, dirigindo-Lhe a mesma provocação: «Salve-Se a Si mesmo» (cf. Lc 23, 35.37.39). É uma tentação pior do que a do povo. Aqui tentam Jesus Cristo, como fez o diabo no início do Evangelho (cf. Lc 4, 1-13), para que renuncie a reinar à maneira de Deus (democracia) e o faça segundo a lógica do mundo (das trevas: ditadura, autocracia): desça da cruz e derrote os inimigos! Se é Deus, demonstre força e superioridade! Esta tentação é um ataque contra o amor: «Salva-te a ti mesmo» (Lc 23, 37.39); não os outros, mas a ti mesmo. Prevaleça o eu com a sua força, a sua glória, o seu sucesso. É a tentação mais terrível; a primeira e a última do Evangelho. Entretanto Jesus Cristo, face a este ataque ao seu próprio modo de ser, não fala, não reage. Não Se defende, não tenta convencer, não há uma apologética da sua realeza. Mas antes continua a amar, perdoa, vive o momento da prova segundo a vontade do Pai, seguro de que o amor dará fruto.
Para acolher a realeza de Jesus Cristo, somos chamados a lutar contra esta tentação, a fixar o olhar no Crucificado, para Lhe sermos fiéis cada vez mais. Mas, em vez disso, quantas vezes se procuraram – mesmo entre nós – as seguranças gratificantes oferecidas pelo mundo! Quantas vezes nos sentimos tentados a descer da cruz! A força de atracção que tem o poder e o sucesso pareceu um caminho mais fácil e rápido para difundir o Evangelho, esquecendo depressa como actua o reino de Deus. Este Ano da Misericórdia convidou-nos a descobrir novamente o centro, a regressar ao essencial. Este tempo de misericórdia chama-nos a contemplar o verdadeiro rosto do nosso Rei, aquele que brilha na Páscoa e a descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja que brilha quando é acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor, missionária. A misericórdia, levando-nos ao coração do Evangelho, anima-nos também a renunciar a hábitos e costumes que possam obstaculizar o serviço ao reino de Deus, a encontrar a nossa orientação apenas na realeza perene e humilde de Jesus Cristo e não na acomodação às realezas precárias e aos poderes mutáveis de cada época.
No Evangelho, aparece outro personagem, mais perto de Jesus Cristo, o malfeitor que O invoca dizendo: «Jesus, lembra-Te de mim quando estiveres no teu Reino» (Lc 23, 42). Com a simples contemplação de Jesus Cristo, ele acreditou no seu Reino. E não se fechou em si mesmo, mas, com os seus erros, os seus pecados e os seus problemas, dirigiu-se a Jesus Cristo. Pediu para ser lembrado e saboreou a misericórdia de Deus: «Hoje estarás comigo no Paraíso» (Lc 23, 43). Deus, logo que Lhe damos tal possibilidade, lembra-Se de nós. Está pronto a apagar completamente e para sempre o pecado porque a sua memória não é como a nossa: não regista o mal feito nem continua a ter em conta as ofensas sofridas. Deus não tem memória do pecado, mas de nós, de cada um de nós, seus filhos amados. E crê que é sempre possível recomeçar, levantar-se.
Peçamos, também nós, o dom desta memória aberta e viva. Peçamos a graça de não fechar jamais as portas da reconciliação e do perdão, mas saber ultrapassar o mal e as divergências, abrindo todas as vias possíveis de esperança. Assim como Deus acredita em nós próprios, infinitamente para além dos nossos méritos assim também nós somos chamados a infundir esperança e a dar uma oportunidade aos outros. Com efeito, embora se feche a Porta Santa, continua sempre escancarada para nós a verdadeira porta da misericórdia que é o Coração de Jesus Cristo. Do lado trespassado do Ressuscitado jorram até ao fim dos tempos a misericórdia, a consolação e a esperança.
Muitos peregrinos atravessaram as Portas Santas e, longe do fragor dos noticiários, saborearam a grande bondade do Senhor. Agradeçamos ao Senhor por isso e recordemo-nos de que fomos investidos em misericórdia para nos revestir de sentimentos de misericórdia, para nos tornarmos, nós também, instrumentos de misericórdia. Prossigamos juntos este nosso caminho. Acompanhe-nos Nossa Senhora! Também Ela estava junto da cruz; lá nos deu à luz enquanto terna Mãe da Igreja que a todos deseja abrigar sob o seu manto. Ao pé da cruz, Ela viu o bom ladrão receber o perdão e tomou o discípulo de Jesus Cristo como seu filho. É a Mãe de misericórdia, a quem nos consagramos: cada situação nossa, cada oração nossa, dirigida aos seus olhos misericordiosos, não ficará sem resposta.

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CONSISTÓRIO ORDINÁRIO PÚBLICO PARA A CRIAÇÃO DE NOVOS CARDEAIS

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Sábado, 19 de novembro de 2016

 A passagem do Evangelho que acabamos de ouvir (cf. Lc 6, 27-36) faz parte do que muitos chamam «o discurso da planície». Depois da instituição dos Doze, Jesus Cristo desceu com os seus discípulos para um local plano, onde uma multidão estava à sua espera para O escutar e ser curada por Ele. A vocação dos Apóstolos aparece associada com este «pôr-se a caminho» rumo à planície, para encontrar uma multidão que se sentia – como diz o texto do Evangelho – «atormentada» (Lc 6, 18). A escolha deles, em vez de os fazer permanecer lá no alto, no cimo da montanha, leva-os para o seio da multidão, coloca-os no meio das suas tribulações, ao nível da sua vida. Assim o Senhor revela, a eles e a nós, que o verdadeiro cume se alcança na planície e esta lembra-nos que o cume se situa num horizonte e especialmente num convite: «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36).
Um convite acompanhado por quatro imperativos – poderíamos dizer quatro exortações – que o Senhor lhes dirige, para moldar a sua vocação na existência concreta do dia-a-dia. São quatro acções que darão forma, incarnarão e tornarão palpável o caminho do discípulo. Poderíamos dizer que são quatro etapas da mistagogia da misericórdia: amai, fazei o bem, abençoai e rezai. Penso que, sobre estes aspectos, é possível estarmos todos de acordo, parecendo-nos mesmo razoáveis. São quatro acções que facilmente realizamos com os nossos amigos, com as pessoas mais ou menos chegadas, próximas na estima, nos gostos, nos costumes.
O problema surge quando Jesus Cristo nos apresenta os destinatários destas acções e fá-lo com muita clareza, sem divagações nem eufemismos. Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai aqueles que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam (cf. Lc 6, 27-28) (no sentido de nunca praticar o mal sob nenhum pretexto, mas sempre entregar tudo, bem e mal dos outros e nosso, aos decisores de Deus e, de seguida, perdoar e pedir ajuda para esquecer para nosso próprio bem, para não envenenarmos as nossas vidas).
Estas acções, não nos vem espontaneamente a vontade de as fazer a pessoas que aparecem a nossos olhos como um adversário, como um inimigo. Ao vê-las, a nossa atitude primária e instintiva é desqualificá-las, desacreditá-las, amaldiçoá-las; em muitos casos, procuramos «demonizá-las» a fim de ter uma justificação «santa» para nos livrarmos delas. Ao contrário Jesus Cristo, referindo-Se ao inimigo, a quem te odeia, amaldiçoa ou difama, diz-nos: ama-o, faz-lhe bem, abençoa-o e reza por ele.
Estamos perante uma das características mais específicas da mensagem de Jesus Cristo, onde se esconde a sua força e o seu segredo; daí dimana a fonte da nossa alegria, a força da nossa missão e o anúncio da Boa Nova. O inimigo é alguém que devo amar. No coração de Deus, não há inimigos; Deus tem apenas filhos. Nós erguemos muros, construímos barreiras e classificamos as pessoas. Deus tem filhos e não foi para Se livrar deles que os quis. O amor de Deus tem o sabor da fidelidade às pessoas porque é um amor entranhado, um amor materno/paterno que não as deixa ao abandono, mesmo quando erraram. O nosso Pai não espera pelo momento em que formos bons, para amar o mundo; para nos amar, não espera pelo momento em que formos menos injustos ou mesmo perfeitos; ama-nos porque escolheu amar-nos, ama-nos porque nos deu o estatuto de filhos. Amou-nos mesmo quando éramos seus inimigos (cf. Rm 5, 10). O amor incondicional do Pai para com todos foi e é uma verdadeira exigência de conversão para o nosso pobre coração que tende a julgar, dividir, contrapor e condenar. Saber que Deus continua a amar mesmo quem O rejeita, é uma fonte ilimitada de confiança e estímulo para a missão. Nenhuma mão, por mais suja que esteja, pode impedir a Deus de colocar nela a Vida que nos deseja oferecer.
A nossa época caracteriza-se por problemáticas e interrogativos fortes à escala mundial. Tocou-nos atravessar um tempo em que ressurgem, à maneira de uma epidemia nas nossas sociedades, a polarização e a exclusão como única forma possível de resolver os conflitos. Vemos, por exemplo, como rapidamente quem vive ao nosso lado não só possui a condição de desconhecido, imigrante ou refugiado, mas torna-se uma ameaça, adquire a condição de inimigo. Inimigo porque vem de uma terra distante ou porque tem outros costumes. Inimigo pela cor da sua pele, pela sua língua ou a sua condição social; inimigo porque pensa de maneira diferente e mesmo porque tem outra fé. Inimigo porque... E sem nos darmos conta, esta lógica instala-se no nosso modo de viver, agir e proceder. Consequentemente, tudo e todos começam a ter sabor de inimizade. Pouco a pouco, as diferenças transformam-se em sintomas de hostilidade, ameaça e violência. Quantas feridas se alargam devido a esta epidemia de inimizade e violência que se imprime na carne de muitos que não têm voz porque o seu clamor foi esmorecendo até ficar reduzido ao silêncio por causa desta patologia da indiferença! Quantas situações de precariedade e sofrimento são disseminadas através deste crescimento da inimizade entre os povos, entre nós! Sim, entre nós, dentro das nossas comunidades, dos nossos presbitérios, das nossas reuniões. O vírus da polarização e da inimizade permeia as nossas maneiras de pensar, sentir e agir. Não sendo imunes a isto, devemos estar atentos para que tal conduta não ocupe o nosso coração, pois iria contra a riqueza e a universalidade da Igreja que podemos constatar palpavelmente neste Colégio Cardinalício. Vimos de terras distantes, temos costumes, cor da pele, línguas e condições sociais distintas; pensamos de forma diferente e também celebramos a fé com vários ritos. E nada de tudo isto nos torna inimigos; pelo contrário, é uma das nossas maiores riquezas.
Amados irmãos, Jesus Cristo não cessa de «descer do monte», não cessa de querer inserir-nos na encruzilhada da nossa história para anunciarmos o Evangelho da Misericórdia. Jesus Cristo continua a chamar-nos e a enviar-nos à «planície» dos nossos povos, continua a convidar-nos a gastar a nossa vida apoiando a esperança do nosso povo, como sinais de reconciliação. Como Igreja, continuamos a ser convidados a abrir os nossos olhos para vermos as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da sua dignidade, provados na sua dignidade.
Amado irmão neocardeal, o caminho para o céu começa na planície, no dia-a-dia da vida repartida e compartilhada de uma vida gasta e doada: na doação diária e silenciosa do que somos. O nosso cume é esta qualidade do amor; a nossa meta e aspiração é procurar na planície da vida, juntamente com o povo de Deus, transformar-nos em pessoas capazes de perdão e reconciliação.
Amado irmão, aquilo que hoje se te pede é que guardes no teu coração e no coração da Igreja este convite a ser misericordioso como o Pai, sabendo que «se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a coragem, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 49). 



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JUBILEU DAS PESSOAS SOCIALMENTE EXCLUÍDAS

JUBILEU DAS PESSOAS SOCIALMENTE EXCLUÍDAS
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Domingo, 13 de novembro de 2016

 «Para vós (...) brilhará o sol da justiça (= Cristo), trazendo a cura nos seus raios» (Ml 3, 20). As palavras do profeta Malaquias que ouvimos na primeira leitura, iluminam a celebração desta jornada jubilar. Encontram-se na última página do último profeta do Antigo Testamento e são dirigidas àqueles que têm confiança no Senhor, que depõem a sua esperança n’Ele, escolhendo-O como bem supremo da vida e recusando-se a viver só para si mesmos e seus interesses. Para eles, pobres de si, mas ricos de Deus, brilhará o sol da sua justiça: são os pobres em espírito, a quem Jesus Cristo promete o reino dos céus (cf. Mt 5, 3) e dos quais Deus, pela boca do profeta Malaquias, declara: «são meus» (Ml 3, 17). O profeta contrapõe-nos aos soberbos, àqueles que puseram, na sua autossuficiência e nos bens do mundo, a segurança da vida. Perante esta página final do Antigo Testamento, surgem questões que interpelam o sentido último da vida: Onde busco eu a minha segurança? No Senhor ou noutras seguranças que não são do agrado de Deus? Qual é a direcção da minha vida, para onde olha o meu coração? Para o Senhor da Vida ou para as coisas que passam e não saciam?
Idênticas questões aparecem no trecho evangélico de hoje. Jesus Cristo encontra-Se em Jerusalém, para a última e mais importante página da sua vida terrena: a sua morte e ressurreição. Está perto do templo, «adornado de belas pedras e de ofertas votivas» (Lc 21, 5). As pessoas estão precisamente a comentar as belezas exteriores do templo, quando Jesus Cristo diz: «Virá o dia em que de tudo isto que estais a contemplar, não ficará pedra sobre pedra» (21, 6). Acrescenta que haverá conflitos, carestias, convulsões na terra e no céu. Jesus Cristo não quer assustar, mas dizer-nos que tudo aquilo que vemos passa inexoravelmente. Mesmo os reinos mais poderosos, os edifícios mais sagrados e as realidades mais firmes do mundo não duram para sempre; mais cedo ou mais tarde, caem.
Na sequência destas afirmações, as pessoas colocam duas questões imediatas ao Mestre: «Quando sucederá isto? E qual será o sinal»? (21, 7). Quando e qual… Sempre somos impelidos pela curiosidade: quer-se saber quando e receber sinais. Esta curiosidade, porém, não agrada a Jesus Cristo. Pelo contrário, exorta a não nos deixarmos enganar pelos pregadores apocalíticos. Quem segue Jesus Cristo não presta ouvidos aos profetas da desgraça, à futilidade dos horóscopos, às pregações e às previsões que amedrontam, distraindo-se daquilo que conta. O Senhor convida a distinguir, dentre as muitas vozes que se ouvem, aquilo que vem d’Ele e o que vem do falso espírito. É importante distinguir entre o sábio convite que Deus nos dirige cada dia e o clamor de quem se serve do nome de Deus para assustar, sustentando divisões e medos.
Com firmeza, Jesus Cristo convida a não temer perante os cataclismos de cada época, nem mesmo frente às provas mais graves e injustas que acontecem aos seus discípulos. Pede para perseverar no bem e colocar plena confiança em Deus que não desilude: «Não se perderá um só cabelo da vossa cabeça» (21, 18). Deus não esquece os seus fiéis, a sua propriedade preciosa que somos nós.
Entretanto, hoje, interpela-nos sobre o sentido da nossa existência. Poder-se-ia dizer, com uma imagem, que estas leituras se apresentam como uma «peneira» no meio do fluxo da nossa vida: lembram-nos que, neste mundo, quase tudo passa como a corrente da água; mas há realidades preciosas que permanecem, como uma pedra preciosa numa peneira. E o que é que resta? O que é que tem valor na vida? Quais são as riquezas que não desaparecem? Seguramente duas: o Senhor e o próximo. Estas duas riquezas não desaparecem. Estes são os bens maiores que havemos de amar. Tudo o resto – o céu, a Terra, as coisas mais belas, mesmo esta Basílica – passa; mas não devemos excluir da vida Deus e os outros.
E, todavia, neste dia jubilar que nos fala de exclusão, imediatamente vêm à mente pessoas concretas; não coisas inúteis, mas pessoas preciosas. A pessoa humana, colocada por Deus no cume da criação, muitas vezes é descartada porque se prefere as coisas que passam. Isto é inaceitável porque o ser humano é o bem mais precioso aos olhos de Deus. E é grave que nos habituemos a este descarte; é preciso preocupar-se quando se anestesia a consciência, já não fazendo caso do irmão que sofre ao nosso lado nem dos problemas sérios do mundo que se reduzem a um refrão já ouvido nos sumários dos telejornais.
Hoje, queridos irmãos e irmãs, é o vosso Jubileu e, com a vossa presença, ajudais-nos a sintonizar no comprimento de onda de Deus, a ver o que Ele vê: Ele não Se detém nas aparências (cf. 1 Sam 16, 7), mas fixa o seu olhar «nos humildes de coração contrito» (Is 66, 2), em tantos pobres Lázaros de hoje. Como nos faz mal fingir que não nos damos conta do Lázaro que é excluído e descartado (cf. Lc 16, 19-21)! É afastar o rosto de Deus. É voltar o rosto para o outro lado. Temos um sintoma de esclerose espiritual, quando o interesse se concentra nas coisas a produzir, em vez de ser nas pessoas a amar. Assim nasce a dramática contradição dos nossos tempos: quanto mais crescem o progresso e as possibilidades – e isto é bom – tanto maior é o número daqueles que não lhes podem chegar. É uma grande injustiça que nos deve preocupar muito mais do que saber quando e como será o fim do mundo. Com efeito, não se pode estar tranquilo em casa, enquanto Lázaro jazer à porta; não há paz em casa de quem está bem, quando falta justiça na casa de todos.
Hoje, nas catedrais e santuários de todo o mundo, são fechadas as Portas da Misericórdia. Peçamos a graça de não fechar os olhos perante Deus que nos olha e o próximo que nos interpela. Abramos os olhos a Deus, purificando a visão do coração das representações enganadoras e pavorosas, do deus da força e dos castigos, projecção da soberba e dos medos humanos. Olhemos com confiança para o Deus da misericórdia, com a certeza de que «o amor jamais passará» (1 Cor 13, 8). Renovemos a esperança da vida verdadeira a que somos chamados, aquela que não passará e que nos espera em comunhão com o Senhor e com os outros numa alegria que durará sempre e sem fim.
E abramos os olhos ao próximo, sobretudo ao irmão esquecido e excluído, ao «Lázaro» que jaz à nossa porta. Para ele está apontada a lupa da Igreja; que o Senhor nos livre de a voltarmos para nós. Afaste-nos das quimeras que nos distraem, dos interesses e dos privilégios, do apego ao poder e à glória, da sedução do espírito do mundo. De modo particular, a nossa Mãe Igreja «olha para toda a humanidade que sofre e chora, pois ela sabe que esta lhe pertence, por direito evangélico» (Paulo VI, Discurso no início da II Sessão do Concílio Vaticano II, 29 de setembro de 1963); por direito e também por dever evangélico porque é nossa tarefa cuidar da verdadeira riqueza que são os pobres, como bem no-lo recorda uma antiga tradição referente ao mártir romano São Lourenço. Este, antes de suportar um martírio atroz por amor ao Senhor, distribuiu os bens da comunidade aos pobres, por ele designados como verdadeiros tesouros da Igreja. À luz destas reflexões, gostaria que hoje fosse o «dia dos pobres». Que o Senhor nos conceda a graça de olhar sem medo para aquilo que conta, dirigir o coração para Ele e para os nossos verdadeiros tesouros.

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