sábado, 26 de março de 2016

SANTA MISSA CRISMAL

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Quinta-feira Santa, 24 de Março de 2016

 Na sinagoga de Nazaré, ao escutarem dos lábios de Jesus Cristo – depois que Ele leu o trecho de Isaías – as palavras «cumpriu-se hoje mesmo este passo da Escritura que acabais de ouvir» (Lc 4, 21), poderia muito bem ter irrompido uma salva de palmas; em seguida, com íntima alegria, teriam podido chorar suavemente como chorava o povo quando Neemias e o sacerdote Esdras liam o livro da Lei que tinham encontrado ao reconstruir as muralhas. Mas os Evangelhos dizem-nos que os sentimentos surgidos nos conterrâneos de Jesus Cristo situavam-se no lado oposto: afastaram-No e fecharam-Lhe o coração. Ao princípio, «todos davam testemunho em seu favor e se admiravam com as palavras repletas de graça que saíam da sua boca» (Lc 4, 22); mas depois uma pergunta insidiosa começou a circular entre eles: «Não é este o filho de José, o carpinteiro?» E, por fim, «encheram-se de furor» (Lc 4, 28); queriam precipitá-Lo do cimo do penhasco... Cumpria-se assim aquilo que o velho Simeão profetizara a Nossa Senhora: será «sinal de contradição» (Lc 2, 34). Com as suas palavras e os seus gestos, Jesus Cristo faz com que se revele aquilo que cada homem e mulher traz no coração.
E precisamente onde o Senhor anuncia o evangelho da Misericórdia incondicional do Pai para com os mais pobres, os mais marginalizados e oprimidos, aí somos chamados a escolher, a «combater o bom combate da fé» (1 Tim 6, 12). A luta do Senhor não é contra os seres humanos, mas contra o demónio (cf. Ef 6, 12), inimigo da humanidade. Assim o Senhor, «passando pelo meio» daqueles que queriam liquidá-Lo, «seguiu o seu caminho» (cf. Lc 4, 30). Jesus Cristo não combate para consolidar um espaço de poder. Se destrói recintos e põe as seguranças em questão, é para abrir uma brecha à torrente da Misericórdia que deseja, com o Pai e o Espírito, derramar sobre a Terra. Uma Misericórdia que move de bem para melhor, anuncia e traz algo de novo: cura, liberta e proclama o ano da Graça do Senhor.
A Misericórdia do nosso Deus é infinita e inefável e expressamos o dinamismo deste mistério como uma Misericórdia «sempre maior», uma Misericórdia em caminho, uma Misericórdia que todos os dias procura fazer avançar um passo, um pequeno passo mais além, avançando na terra de ninguém, onde reinavam a indiferença e a violência.
Foi esta a dinâmica do bom Samaritano que «usou de misericórdia» (cf. Lc 10, 37): comoveu-se, aproximou-se do ferido, faixou as suas feridas, levou-o para a pousada, pernoitou e prometeu voltar para pagar o que tivessem gasto a mais. Esta é a dinâmica da Misericórdia que encadeia um pequeno gesto noutro e, sem ofender nenhuma fragilidade, vai-se alargando aos poucos na ajuda e no amor. Cada um de nós, contemplando a própria vida com o olhar bom de Deus, pode fazer um exercício de memória descobrindo como o Senhor usou de misericórdia para connosco, como foi muito mais misericordioso do que pensávamos e assim encorajar-nos a pedir-Lhe que faça um pequeno passo mais, que Se mostre muito mais misericordioso no futuro. «Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia» (Sal 85/84, 8). Esta forma paradoxal de suplicar um Deus sempre mais misericordioso ajuda a romper aqueles esquemas estreitos onde muitas vezes acomodamos a superabundância do seu Coração. Faz-nos bem sair dos nossos recintos porque é próprio do coração de Deus transbordar de misericórdia, inundar, espalhando de tal modo a sua ternura que sempre abunde porque o Senhor prefere ver alguma coisa desperdiçada antes que faltar uma gota, prefere que muitas sementes acabem comidas pelas aves em vez de faltar à sementeira uma única semente, visto que todas têm a capacidade de dar fruto abundante, ora 30, ora 60 e até mesmo 100 por uma.
Como sacerdotes, somos testemunhas e ministros da Misericórdia cada vez maior do nosso Pai; temos a doce e reconfortante tarefa de a incarnar como fez Jesus Cristo que «andou de lugar em lugar, fazendo o bem e curando» (At 10, 38), de mil e uma maneiras, para que chegue a todos. Podemos contribuir para inculturá-la, a fim de que cada pessoa a receba na sua experiência pessoal de vida e possa assim compreendê-la e praticá-la – de forma criativa – no modo de ser próprio do seu povo e da sua família.
Hoje, nesta Quinta-feira Santa do Ano Jubilar da Misericórdia, gostaria de falar de dois âmbitos onde o Senhor Se excede na sua misericórdia. E uma vez que é Ele quem dá o exemplo, não devemos ter medo de nos excedermos nós também: um âmbito é o do encontro; o outro, o do seu perdão que nos faz envergonhar e nos dá dignidade.
O primeiro âmbito onde vemos que Deus Se excede numa Misericórdia cada vez maior, é o do encontro. Ele dá-Se totalmente e de um modo tal que, em cada encontro, passa directamente à celebração de uma festa. Na parábola do Pai Misericordioso, ficamos estupefactos ao ver aquele homem que corre, comovido a lançar-se ao pescoço de seu filho; vendo como o abraça e beija e se preocupa por lhe pôr o anel que o faz sentir-se igual e as sandálias próprias de quem é filho e não um assalariado e como, em seguida, põe tudo em movimento, mandando que se organize uma festa. Ao contemplarmos, sempre maravilhados, esta superabundância de alegria do Pai, a quem o regresso do filho consente de expressar livremente o seu amor, sem hesitações nem distâncias, não devemos ter medo de exagerar no nosso agradecimento. A justa atitude, podemos apreendê-la daquele pobre leproso que, vendo-se curado, deixa os seus nove companheiros que vão cumprir o que ordenou Jesus Cristo e regressa para se ajoelhar aos pés do Senhor, glorificando e agradecendo a Deus em alta voz.
A misericórdia restaura tudo e restitui as pessoas à sua dignidade originária. Por isso, a justa resposta é uma efusiva gratidão: é preciso iniciar imediatamente a festa, vestir o traje, eliminar os ressentimentos do filho mais velho, alegrar-se e festejar... Porque só assim, participando plenamente naquele clima festivo, será possível depois pensar bem, pedir perdão e ver mais claramente como se pode reparar o mal cometido. Pode fazer-nos bem questionarmo-nos: depois de me ter confessado, festejo? Ou passo rapidamente para outra coisa, como quando, depois de ter ido ao médico, vemos que as análises não deram um resultado assim tão ruim e fechamo-las de novo no envelope e passamos a outra coisa. E quando dou esmola, deixo tempo a quem a recebe para expressar o seu agradecimento, festejo o seu sorriso e aquelas bênçãos que nos dão os pobres ou continuo apressado com as minhas coisas depois de «ter deixado cair a moeda»?
O outro âmbito onde vemos que Deus excede numa Misericórdia cada vez maior, é o próprio perdão. Não só perdoa dívidas incalculáveis como fez com o servo que lhe suplica e, em seguida, se mostra mesquinho com o seu companheiro, mas faz-nos passar directamente da vergonha mais envergonhada para a dignidade mais alta, sem qualquer etapa intermédia. O Senhor deixa que a pecadora perdoada Lhe lave familiarmente os pés com as suas lágrimas. Logo que Simão Pedro se confessa pecador pedindo-Lhe para Se afastar dele, Jesus Cristo eleva-o à dignidade de pescador de homens. Nós, ao contrário, tendemos a separar as duas atitudes: quando nos envergonhamos do pecado, escondemo-nos e caminhamos com os olhos em terra, como Adão e Eva e quando somos elevados a qualquer dignidade, procuramos cobrir os pecados e gostamos de nos mostrar, de quase nos pavonearmos.
A nossa resposta ao perdão superabundante do Senhor deveria consistir em manter-nos sempre naquela saudável tensão entre uma vergonha dignificante e uma dignidade que sabe envergonhar-se: atitude de quem procura, por si mesmo, humilhar-se e abaixar-se, mas é capaz de aceitar que o Senhor o eleve para benefício da missão, sem se comprazer. O modelo que o Evangelho consagra e nos pode ser útil quando nos confessamos é o de Pedro que se deixa interrogar longamente sobre o seu amor e, ao mesmo tempo, renova a sua aceitação do ministério de apascentar as ovelhas que o Senhor lhe confia.
Para entrar mais profundamente nesta «dignidade que sabe envergonhar-se», que nos salva de nos crermos mais ou menos do que somos por graça, pode-nos ajudar ver que – na passagem de Isaías que o Senhor lê hoje na sua sinagoga de Nazaré – o profeta continua dizendo: «E vós sereis chamados “sacerdotes do Senhor” e nomeados “ministros do nosso Deus”» (61, 6). É o povo pobre, faminto, prisioneiro de guerra, sem futuro, um resto descartado que o Senhor transforma em povo sacerdotal.
Nós, como sacerdotes, identifiquemo-nos com aquele povo descartado que o Senhor salva e lembremo-nos de que existem multidões inumeráveis de pessoas pobres, ignorantes, prisioneiras que estão naquela situação porque outros as oprimem. Mas lembremo-nos também de que cada um de nós sabe em que medida tantas vezes somos cegos, estamos privados da luz maravilhosa da fé e não porque nos falte o Evangelho ao alcance da mão, mas por um excesso de teologias complicadas. Sentimos que a nossa alma morre sedenta de espiritualidade e não por falta de Água Viva – que nos limitamos a sorver aos goles – mas por um excesso de espiritualidades sem compromisso, espiritualidades superficiais. Sentimo-nos também prisioneiros, não cercados – como tantos povos – por muros intransponíveis de pedra ou barreiras de aço, mas por um mundanismo virtual que se abre e fecha com um simples clique. Somos oprimidos, não por ameaças e empurrões como muitas pessoas pobres, mas pelo fascínio de mil e uma propostas de consumo a que não conseguimos renunciar para caminhar, livres, pelas sendas que nos conduzem ao amor dos nossos irmãos, ao rebanho do Senhor, às ovelhas que aguardam pela voz dos seus pastores.
E Jesus Cristo vem resgatar-nos, fazer-nos sair para nos transformar de pobres e cegos, de prisioneiros e oprimidos em ministros de misericórdia e consolação. Diz-nos Ele, com as palavras do profeta Ezequiel ao povo que se prostituíra, traindo gravemente o seu Senhor: «Eu lembrar-Me-ei da minha aliança que fiz contigo no tempo da tua juventude (…). Ao recordares a tua conduta, sentirás vergonha quando receberes as tuas irmãs, as que são mais velhas e as que são mais novas do que tu, pois Eu dou-tas como filhas, mas não em virtude da tua aliança. Porque Eu estabelecerei contigo a minha aliança e então saberás que Eu sou o Senhor, a fim de que te lembres de Mim e sintas vergonha, não abras mais a boca no meio da tua confusão, quando Eu te perdoar tudo o que fizeste – oráculo do Senhor Deus» (Ez 16, 60-63).
Neste Ano Jubilar, celebremos, com toda a gratidão de que seja capaz o nosso coração, o nosso Pai e supliquemos-Lhe que «Se recorde sempre da sua Misericórdia»; recebamos, com aquela dignidade que sabe envergonhar-se, a Misericórdia na carne ferida de nosso Senhor Jesus Cristo e peçamos-Lhe que nos lave de todo o pecado e livre de todo o mal e, com a graça do Espírito Santo, comprometamo-nos a comunicar a Misericórdia do Senhor Deus a todos os homens, praticando as obras que o Espírito suscita em cada um para o bem comum de todo o povo fiel de Deus.


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CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Praça São Pedro
XXXI Jornada Mundial da Juventude
Domingo, 20 de Março de 2016

 «Bendito seja o que vem em nome do Senhor» (cf. Lc 19, 38): gritava em festa a multidão de Jerusalém, ao receber Jesus Cristo. Fizemos nosso aquele entusiasmo: agitando ramos de palmeira e de oliveira, exprimimos o nosso louvor e alegria e o desejo de receber Jesus Cristo que vem a nós. Na realidade, como entrou em Jerusalém assim deseja entrar nas nossas cidades e nas nossas vidas. Como fez no Evangelho – montando um jumentinho – Ele vem a nós humildemente, mas vem «em nome do Senhor»: com a força do seu amor divino perdoa os nossos pecados e reconcilia-nos com o Pai e com nós mesmos.
Jesus Cristo fica contente com a manifestação popular de afecto da multidão e quando os fariseus O convidam a fazer calar as crianças e os outros que o aclamam, responde: «Se eles se calarem, gritarão as pedras» (Lc 19, 40). Nada poderia deter o entusiasmo pela entrada de Jesus Cristo; que nada nos impeça de encontrar n’Ele a fonte da nossa alegria, a verdadeira alegria que permanece e dá a paz; pois só Jesus Cristo nos salva das amarras do pecado, da morte, do medo e da tristeza.
Entretanto a Liturgia de hoje ensina-nos que o Senhor não nos salvou com uma entrada triunfal nem por meio de milagres prestigiosos. O apóstolo Paulo, na segunda leitura, resume o caminho da redenção com dois verbos: «aniquilou-Se» e «humilhou-Se» a Si mesmo (Flp 2, 7.8). Estes dois verbos indicam-nos até que extremos chegou o amor de Deus por nós. Jesus Cristo aniquilou-Se a Si mesmo: renunciou à glória de Filho de Deus e tornou-Se Filho do homem, solidarizando-Se em tudo connosco – que somos pecadores – Ele que é sem pecado. E não só… Viveu entre nós numa «condição de servo» (v. 7): não de rei nem de príncipe, mas de servo. Para isso, humilhou-Se e o abismo da sua humilhação que a Semana Santa nos mostra, parece sem fundo.
O primeiro gesto deste amor «até ao fim» (Jo 13, 1) é o lava-pés. «O Senhor e o Mestre» (Jo 13, 14) abaixa-Se até aos pés dos discípulos como somente os servos faziam. Mostrou-nos, com o exemplo, que temos necessidade de ser alcançados pelo seu amor que se inclina sobre nós; não podemos prescindir dele, não podemos amar sem antes nos deixarmos amar por Ele, sem experimentar a sua ternura surpreendente e sem aceitar que o verdadeiro amor consiste no serviço concreto.
Mas isto é apenas o início. A humilhação que Jesus Cristo sofre, torna-se extrema na Paixão: é vendido por trinta moedas de prata e traído com um beijo por um discípulo que escolhera e chamara amigo. Quase todos os outros fogem e abandonam-No; Pedro renega-O três vezes no pátio do Sinédrio. Humilhado na alma com zombarias, insultos e escarros, sofre no corpo violências atrozes: as cacetadas, a flagelação e a coroa de espinhos tornam irreconhecível o seu aspecto. Sofre também a infâmia e a iníqua condenação das autoridades, religiosas e políticas: é feito pecado e reconhecido injusto. Depois, Pilatos envia-o a Herodes e este devolve-O ao governador romano: enquanto Lhe é negada toda a justiça, Jesus Cristo sente na própria pele também a indiferença porque ninguém quer assumir a responsabilidade do seu destino. E penso em tantas pessoas, tantos marginalizados, tantos deslocados, tantos refugiados, de cujo destino muitos não querem assumir a responsabilidade. A multidão, que pouco antes O aclamara, troca os louvores por um grito de condenação, preferindo que, em vez d’Ele, seja libertado um assassino. Chega assim à morte de cruz, a mais dolorosa e vergonhosa, reservada para os traidores, os escravos e os piores criminosos. Mas a solidão, a difamação e o sofrimento não são ainda o ponto culminante do seu despojamento. Para ser solidário connosco em tudo, na cruz experimenta também o misterioso abandono do Pai. No abandono, porém reza e entrega-Se: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23, 46). Suspenso no patíbulo, além da zombaria, enfrenta ainda a última tentação: a provocação para descer da cruz, vencer o mal com a força e mostrar o rosto de um deus poderoso e invencível. Mas Jesus Cristo, precisamente aqui, no ápice da aniquilação, revela o verdadeiro rosto de Deus que é misericórdia. Perdoa aos seus algozes, abre as portas do paraíso ao ladrão arrependido e toca o coração do centurião. Se é abissal o mistério do mal, infinita é a realidade do Amor que o atravessou, chegando até ao sepulcro e à morada dos mortos, assumindo todo o nosso sofrimento para o redimir, levando luz às trevas, vida à morte, amor ao ódio.
Pode parecer-nos muito distante o modo de agir de Jesus Cristo que Se aniquilou por nós, quando vemos que já sentimos tanta dificuldade para nos esquecermos um pouco de nós mesmos. Ele vem salvar-nos, somos chamados a escolher o seu caminho: o caminho do serviço, da doação, do esquecimento de nós próprios. Podemos encaminhar-nos por esta estrada, detendo-nos nestes dias a contemplar o Crucificado: é «a cátedra de Deus». Convido-vos, nesta semana, a contemplar com frequência esta «cátedra de Deus» para aprender o amor humilde que salva e dá a vida, para renunciar ao egoísmo, à busca do poder e da fama. Com a sua humilhação, Jesus Cristo convida-nos a caminhar por esta estrada. Fixemos o olhar n’Ele, peçamos a graça de compreender pelo menos algo da sua aniquilação por nós e assim, em silêncio, contemplemos o mistério desta Semana.


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sábado, 12 de março de 2016

CELEBRAÇÃO DA PENITÊNCIA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Sexta-feira, 4 de Março de 2016

 «Que eu veja de novo» (Mc 10, 51): este é o pedido que queremos fazer hoje ao Senhor. Ver de novo, depois de os nossos pecados nos terem feito perder de vista o bem e desviar da beleza da nossa vocação, levando-nos a vagar longe da meta.
Este trecho do Evangelho possui um grande valor simbólico porque cada um de nós se encontra na situação de Bartimeu. A sua cegueira levara-o à pobreza e a viver na periferia da cidade, dependendo em tudo dos outros. Também o pecado tem este efeito: empobrece-nos e isola-nos. É uma cegueira do espírito que impede de ver o essencial, fixar o olhar no amor que dá a vida e, aos poucos, leva a deter-se no que é superficial até nos deixar insensíveis aos outros e ao bem. Quantas tentações têm a força de anuviar a vista do coração e torná-lo míope! Como é fácil e errado crer que a vida dependa do que se possui, do sucesso ou do aplauso que se recebe; que a economia seja feita apenas de lucro e consumo; que as pretensões próprias devam prevalecer sobre a responsabilidade social! Olhando apenas para o nosso eu, tornamo-nos cegos, amortecidos e fechados em nós mesmos, sem alegria e sem liberdade. É horrível!
Mas Jesus Cristo passa; passa, mas detém o passo: «parou», diz o Evangelho (v. 49). Então um frémito atravessa o coração porque nos damos conta de ser contemplados pela Luz, por aquela Luz gentil que nos convida a não ficar fechados nas nossas cegueiras tenebrosas. A presença de Jesus perto de nós faz sentir que, longe d’Ele, falta-nos qualquer coisa importante: faz-nos sentir necessitados de salvação e isto é o princípio da cura do coração. Depois, quando o desejo de ser curado ganha audácia, leva a rezar, a gritar, com força e insistência, por ajuda, como fez Bartimeu: «Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim!» (v. 47).
Infelizmente há sempre alguém (o Evangelho fala de «muitos») que não quer parar, não quer ser incomodado por quem grita a sua aflição, preferindo mandar calar e repreender o pobre que chateia (cf. v. 48). É a tentação de prosseguir como se nada tivesse acontecido; mas assim afastamo-nos do Senhor e deixamos afastados de Jesus Cristo também os outros. Reconheçamos todos que somos mendigos do amor de Deus e não deixemos escapar o Senhor que passa. Tenho medo que o Senhor passe», dizia Santo Agostinho. Medo que passe e eu O deixe passar. Demos voz ao nosso desejo mais verdadeiro: «[Jesus], que eu veja de novo!» (v. 51). Este Jubileu da Misericórdia é tempo favorável para acolher a presença de Deus, experimentar o seu amor e voltar a Ele de todo o coração. Como Bartimeu, joguemos fora a capa e ponhamo-nos de pé (cf. v 50), ou seja, joguemos fora aquilo que impede de caminhar rapidamente para Ele sem medo de deixar aquilo que nos dá segurança e a que estamos presos; não fiquemos sentados; ergamo-nos, recuperemos a nossa estatura espiritual – de pé – a dignidade de filhos amados que estão diante do Senhor para que Ele nos fixe nos olhos, nos perdoe e recrie. E a palavra que porventura chega hoje ao nosso coração é a mesma da criação do homem: «Ergue-te!» Deus criou-nos e pôs-nos de pé: «Ergue-te!»
Hoje mais do que nunca, sobretudo nós, pastores, somos chamados também a escutar o grito, talvez abafado, de quantos desejam encontrar o Senhor. Somos obrigados a rever comportamentos que, às vezes, não ajudam os outros a aproximar-se de Jesus Cristo; horários e programas que não atendem às reais necessidades daqueles que poderiam aproximar-se do confessionário; regras humanas, quando valem mais do que o desejo de perdão; a nossa rigidez que poderia manter longe da ternura de Deus. Certamente não devemos diminuir as exigências do Evangelho, mas não podemos correr o risco de frustrar o desejo que tem o pecador de reconciliar-se com o Pai porque o regresso do filho a casa é o que acima de tudo anseia o Pai (cf. Lc 15, 20-32).
Que as nossas palavras sejam as dos discípulos que, repetindo as próprias expressões de Jesus Cristo, dizem a Bartimeu: «Coragem, levanta-te que Ele te chama » (v. 49). Somos enviados para dar coragem, amparar e levar a Jesus. O nosso ministério é o ministério do acompanhamento, de modo que o encontro com o Senhor seja pessoal, íntimo e o coração possa, com sinceridade e sem medo, abrir-se ao Salvador. Não esqueçamos jamais: o único que age em cada pessoa é Deus. No Evangelho, é Ele que pára e pergunta pelo cego; é Ele que ordena que Lho tragam; é Ele que o escuta e cura. Nós, pastores, fomos escolhidos para suscitar o desejo da conversão, ser instrumentos que facilitam o encontro, estender a mão e absolver, tornando visível e operante a sua misericórdia. Possa todo o homem e mulher que se abeire do confessionário encontrar um pai, encontrar um pai que o espera, encontrar o Pai que perdoa.
A conclusão do episódio evangélico é densa de significado: Bartimeu «logo recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho» (v. 52). Também nós, quando nos abeiramos de Jesus Cristo, vemos de novo a luz para olhar o futuro com confiança, encontramos a força e a coragem para nos pormos a caminho. Com efeito, «quem acredita, vê» (Enc. Lumen fidei, 1) e avança com esperança porque sabe que o Senhor está presente, ampara e guia. Sigamo-Lo como discípulos fiéis para tornar participantes da alegria do seu amor a quantos encontrarmos no nosso caminho. E depois do abraço do Pai, do perdão do Pai, façamos festa em nosso coração. Porque Ele faz festa!


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