quinta-feira, 24 de maio de 2012

Quinta-Feira da Ascensão


Lagos, 17 de Maio de 2012

sobre “Quinta-Feira da Ascensão”; “Dia da Espiga”

Neste dia festeja-se a ascensão de Jesus Cristo ao céu e é uma festa móvel que se determina a partir do Domingo de Páscoa, mas sempre à quinta-feira porque foi numa quinta-feira que Ele ascendeu. É um dia muito santo; sempre o ouvi dizer.
Atualmente vivemos a ditadura do trabalho; então até neste dia temos de trabalhar; já não pode ser feriado. Assim passa-se a festejá-lo no domingo seguinte, mas a sua denominação permanece “Quinta-Feira da Ascensão” para que não se esqueça que foi a uma quinta-feira.
Há dois mil anos, a sociedade era agrária; então é através de um ramo simbólico que designamos o Senhor Jesus Cristo. Dependendo do que havia nos campos nesta altura assim se foi constituindo o ramo e assim se designou também o dia “Dia da Espiga”. Cá no barlavento algarvio, neste dia, saía-se em grupos de amigos pelos campos e, ao mesmo tempo em que se convivia porque era feriado, também se ia formando o ramo que seria colocado num lugar de destaque da casa.
Para que as bençãos se confirmassem, era necessário que no ramo predominasse o número 5 (cinco). Assim o ramo era formado por
    1. 5 espigas de trigo para que o pão/alimento nunca faltasse àquela família (porque Jesus Cristo se fez pão para nós na eucaristia);
    2. 5 malmequeres brancos do campo para que houvesse sempre alegria (porque Jesus Cristo é alegria/felicidade e transmitia alegria ao seu redor);
    3. 5 papoilas que são vermelhas para que houvesse amor entre os membros da família (porque Jesus Cristo amou todos ao ponto de dar a sua vida por todos nós e assim nos pediu);
    4. 5 raminhos de alecrim para que houvesse saúde naquela família e a doença lá não entrasse (porque Jesus Cristo é Vida e onde está a Vida não há doença);
    5.  5 raminhos de oliveira, pois da azeitona se faz o azeite que nos alumiava e é usado na alimentação e também a oliveira simboliza a Paz (porque Jesus Cristo é a Luz do mundo e o Príncipe da Paz). Ou 5 raminhos, se possível, floridos da romãzeira para que naquela família tudo desse muito fruto; houvesse abundância a todos os níveis (porque com Jesus Cristo tudo se multiplicava e nada faltava).
      Assim se formava o raminho que se atava com uma fita bonita e se pendurava na parede. Às vezes tínhamos mais do que um raminho porque também se oferecia e se recebia como prenda muito querida. Então havia um raminho na sala, outro no quarto, … 
      Depois os agricultores começaram a queixar-se à GNR que para fazerem os seus raminhos os da cidade destruíam os campos cultivados, as searas, … espezinhavam tudo sem terem cuidado onde punham os pés e então tudo começou a complicar-se.
      Passámos a recorrer a amigos ou familiares que fossem agricultores para que nos oferecessem um raminho e estes sempre foram muito generosos.
      Com o passar do tempo, Lagos passou a ser cada vez menos agrícola e cada vez mais citadina e agora já é muito difícil termos o nosso raminho que tinha de ser apanhado mesmo nesta quinta-feira. De cinco raminhos de cada espécie passámos para, pelo menos, três naquelas espécies que iam escasseando e o número de espécies diferentes também foi diminuindo e agora nada.
      Ficou a lembrança da minha adolescência!

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