quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

SOLENIDADE DE MARIA SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Sábado, 31 de dezembro de 2016

 «Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, para resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei, a fim de recebermos a adopção de filhos» (Gal 4, 4-5).
Hoje ressoam com uma força particular estas palavras de São Paulo que, de forma breve e concisa, nos introduzem no plano que Deus tem para nós: quer que vivamos como filhos. Ecoa aqui toda a história da salvação: Aquele que não estava sujeito à Lei decidiu, por amor, deixar de lado qualquer tipo de privilégio (privus legis) e entrar pelo lugar menos esperado, a fim de nos libertar a nós que estávamos – nós, sim – sob a Lei. E a novidade é que decidiu fazê-lo na pequenez e fragilidade de um recém-nascido; decidiu aproximar-Se pessoalmente e, na sua carne, abraçar a nossa carne; na sua fraqueza, abraçar a nossa fraqueza; na sua pequenez, superar a nossa. Em Jesus Cristo, Deus não Se mascarou de homem, fez-Se homem e partilhou em tudo a nossa condição. Longe de se encerrar num estado de ideia ou essência abstracta, quis estar perto de todos aqueles que se sentem perdidos, mortificados, feridos, desanimados, abatidos e amedrontados; perto de todos aqueles que, na sua carne, carregam o peso do afastamento e da solidão, para que o pecado, a vergonha, as feridas, o desconforto, a exclusão não tenham a última palavra na vida dos seus filhos.
O presépio convida-nos a assumir esta lógica divina: não uma lógica centrada no privilégio, em favores, no compadrio; mas a lógica do encontro, da aproximação e da proximidade. O presépio convida-nos a abandonar a lógica feita de excepções para uns e exclusões para outros. O próprio Deus veio quebrar a cadeia do privilégio que gera sempre exclusão, para inaugurar a carícia da compaixão que gera a inclusão, que faz resplandecer em cada pessoa a dignidade para que foi criada. Um menino envolto em panos mostra-nos a força de Deus que interpela como dom, como oferta, como fermento e oportunidade para criar uma cultura do encontro.
Não podemos dar-nos ao luxo de ser ingénuos; sabemos que nos vem, de vários lados, a tentação de viver nesta lógica do privilégio que, ao separar, nos separa; ao excluir, nos exclui; ao confinar os sonhos e a vida de muitos dos nossos irmãos, nos confina.
Queremos hoje, diante do Menino Jesus, admitir a necessidade que temos que o Senhor nos ilumine, pois tantas vezes parecemos míopes ou ficamos prisioneiros da atitude decididamente egocentrista de quem quer forçar os outros a entrar nos próprios esquemas. Precisamos da luz que nos faça aprender com os nossos próprios erros e tentativas, a fim de melhorar e nos vencermos; aquela luz que nasce da consciência humilde e corajosa de quem, todas as vezes, encontra coragem para se erguer e recomeçar.
Quando chega ao fim mais um ano, paremos diante do presépio para agradecer todos os sinais da generosidade divina na nossa vida e na nossa história que se manifestou de inúmeras maneiras no testemunho de tantos rostos que anonimamente souberam arriscar. Agradecimento esse, que não quer ser nostalgia estéril nem vã recordação do passado idealizado e desincarnado, mas memória viva que ajude a suscitar a criatividade pessoal e comunitária, pois sabemos que Deus está connosco. Deus está connosco!
Paremos diante do presépio a contemplar como Deus Se fez presente durante todo este ano, lembrando-nos assim de que cada tempo, cada momento é portador de graça e bênção. O presépio desafia-nos a não dar nada e ninguém como perdido. Ver o presépio significa encontrar a força de ocupar o nosso lugar na história, sem nos perdermos em lamentos nem azedumes, sem nos fecharmos nem evadirmos, sem procurar atalhos que nos privilegiem. Ver o presépio implica saber que o tempo que nos espera requer iniciativas cheias de audácia e esperança, bem como a renúncia a vãos protagonismos ou a lutas intermináveis para sobressair.
Ver o presépio é descobrir como Deus Se envolve envolvendo-nos, tornando-nos parte da sua obra, convidando-nos a acolher com coragem e decisão o futuro que temos à nossa frente.
E ao ver o presépio, deparamo-nos com os rostos de José e Maria: rostos jovens, cheios de esperanças e aspirações, cheios de incertezas; rostos jovens que perscrutam o futuro com a tarefa não fácil de ajudar o Filho-Menino a crescer. Não se pode falar de futuro sem contemplar estes rostos jovens e assumir a responsabilidade que temos para com os nossos jovens mais do que responsabilidade, a palavra justa é dívida: sim, a dívida que temos para com eles. Falar de um ano que termina, é sentirmo-nos convidados a pensar como estamos a interessar-nos com o lugar que os jovens têm na nossa sociedade.
Criamos uma cultura que, por um lado, idolatra a juventude procurando torná-la eterna, mas por outro, paradoxalmente condenamos os nossos jovens a não possuir um espaço de real inserção porque lentamente os fomos marginalizando da vida pública, obrigando-os a emigrar ou a mendigar ocupação que não existe ou que não lhes permite projectar o amanhã. Privilegiamos a especulação em vez de trabalhos dignos e genuínos que lhes permitam ser protagonistas activos na vida da nossa sociedade. Esperamos deles e exigimos que sejam fermento de futuro, mas discriminamo-los e «condenamo-los» a bater a portas que, na maioria delas, permanecem fechadas.
Somos convidados a não ser como o estalajadeiro de Belém que, à vista do jovem casal, dizia: aqui não há lugar. Não havia lugar para a vida, não havia lugar para o futuro. A cada um de nós é pedido para assumir o compromisso próprio – por mais insignificante que possa parecer – de ajudar os nossos jovens a encontrar cá, na sua terra, na sua pátria, horizontes concretos de um futuro a construir. Não nos privemos da força das suas mãos, das suas inteligências, das suas capacidades de profetizar os sonhos dos seus idosos (cf. Jl 3, 1). Se queremos apontar para um futuro que seja digno deles, só o poderemos alcançar, apostando numa verdadeira inclusão: a inclusão resultante do trabalho digno, livre, criativo, participativo e solidário (cf. Discurso na atribuição do Prémio Carlos Magno, 6 de maio de 2016).
Ver o presépio desafia-nos a ajudar os nossos jovens para não ficarem desiludidos à vista das nossas imaturidades e a estimulá-los para que sejam capazes de sonhar e lutar pelos seus sonhos; capazes de crescer e tornar-se pais e mães do nosso povo.
Olhando o ano que acaba, como nos faz bem contemplar o Filho-Menino! É um convite a voltar às fontes e às raízes da nossa fé. Em Jesus Cristo, a faz-se esperança, torna-se fermento e bênção: «Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar com uma ternura que nunca nos defrauda e sempre nos pode restituir a alegria» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 3).


© Copyright - Libreria Editrice Vaticana



http://goo.gl/RSVXh5        portal da Confraria Bolos D. Rodrigo

 

Os meus filmes

1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv           http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012
5.º – Tempo de Poesia

Os meus blogues

--------------------------------------------
Os meus filmes
1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv           http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
http://www.algarvehistoriacultura.blogspot.pt              sobre o ALGARVE

http://www.passo-a-rezar.net/       meditações cristãs
http://www.descubriter.com/pt/             Rota Europeia dos Descobrimentos
http://www.psd.pt/ Homepage - “Povo Livre” - Arquivo - PDF
http://www.radiosim.pt/        18,30h – terço todos os dias
(livros, música, postais, … cristãos)
http://www.livestream.com/stantonius         16h20 – terço;  17h00 – missa  (hora de Lisboa)

domingo, 1 de janeiro de 2017

SANTA MISSA DA NOITE DE NATAL

NATAL DO SENHOR
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Sábado, 24 de dezembro de 2016


 «Manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens (e mulheres)» (Tt 2, 11). Estas palavras do apóstolo Paulo revelam o mistério desta noite santa: manifestou-se a graça de Deus, o seu presente gratuito; no Menino que nos é dado, concretiza-se o amor de Deus por nós.
É uma noite de glória, a glória proclamada pelos anjos em Belém e também por nós em todo o mundo. É uma noite de alegria porque, desde agora e para sempre, Deus, o Eterno, o Infinito, é Deus connosco: não está longe, não temos de O procurar nas órbitas celestes nem em qualquer ideia mística; está próximo, fez-Se homem e não Se separará jamais desta nossa humanidade que assumiu. É uma noite de luz: a luz, profetizada por Isaías e que havia de iluminar quem caminha em terra tenebrosa (cf. 9, 1), manifestou-se e envolveu os pastores de Belém (cf. Lc 2, 9).
Os pastores descobrem pura e simplesmente que «um menino nasceu para nós» (Is 9, 5) e compreendem que toda aquela glória, toda aquela alegria, toda aquela luz se concentram num único ponto, no sinal que o anjo lhes indicou: «Encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12). Este é o sinal de sempre para encontrar Jesus Cristo; não só então, mas hoje também. Se queremos festejar o verdadeiro Natal, contemplemos este sinal: a simplicidade frágil de um pequenino recém-nascido, a mansidão que demonstra no estar deitado, a ternura afectuosa das fraldas que O envolvem. Ali está o Filho.
E com este sinal, o Evangelho desvenda-nos um paradoxo: fala do imperador, do governador, dos grandes de então, mas Deus não Se apresentou lá; não aparece no salão nobre de um palácio real, mas na pobreza de um curral; não nos fastos ilusórios, mas na simplicidade da vida; não no poder, mas numa pequenez que nos deixa surpreendidos. E para O encontrar, é preciso ir aonde Ele está: é preciso inclinar-se, abaixar-se, fazer-se pequenino. O Menino que nasce interpela-nos: chama-nos a deixar as ilusões do efémero para ir ao essencial, renunciar às nossas pretensões insaciáveis, abandonar aquela perene insatisfação e a tristeza por algo que sempre nos faltará. Far-nos-á bem deixar estas coisas para reencontrar na simplicidade do Deus-Menino a paz, a alegria, o sentido luminoso da vida.  
Deixemo-nos interpelar pelo Menino na manjedoura, mas deixemo-nos interpelar também pelas crianças que, hoje, não são reclinadas num berço nem acariciadas pelo carinho de uma mãe e de um pai, mas jazem nas miseráveis «manjedouras de dignidade»: no abrigo subterrâneo para escapar aos bombardeamentos, na calçada de uma grande cidade, no fundo de um barco sobrecarregado de migrantes. Deixemo-nos interpelar pelas crianças que não se deixam nascer, as que choram porque ninguém lhes sacia a fome, aquelas que na mão não têm brinquedos, mas armas.
O mistério do NATAL, que é luz e alegria, interpela e mexe connosco porque é um mistério de esperança e simultaneamente de tristeza. Traz consigo um sabor de tristeza, já que o amor não é acolhido, a vida é descartada. Assim acontece a José e Maria que encontraram as portas fechadas e puseram Jesus Cristo numa manjedoura, «por não haver lugar para eles na hospedaria» (Lc 2, 7). Jesus Cristo nasce rejeitado por alguns e na indiferença da maioria. E a mesma indiferença pode reinar também hoje, quando o Natal se torna uma festa onde os protagonistas somos nós, em vez de ser Ele; quando as luzes do comércio põem na sombra a luz de Deus; quando nos afanamos com as prendas e ficamos insensíveis a quem está marginalizado. Esta mundanidade fez refém o Natal; é preciso libertá-lo!
Mas o Natal tem sobretudo um sabor de esperança porque, não obstante as nossas trevas, resplandece a luz de Deus. A sua luz gentil não mete medo; enamorado por nós, Deus atrai-nos com a sua ternura, nascendo pobre e frágil no nosso meio, como um de nós. Nasce em Belém, que significa «casa do pão»; deste modo parece querer dizer-nos que nasce como pão para nós; vem à nossa vida para nos dar a sua vida; vem ao nosso mundo, para nos trazer o seu amor. Vem, não para devorar e comandar, mas alimentar e servir. Há, pois uma linha directa que liga a manjedoura e a cruz, onde Jesus Cristo será pão repartido: é a linha directa do amor que se dá e nos salva, que dá luz à nossa vida, paz aos nossos corações.
Compreenderam-no, naquela noite, os pastores que se contavam entre os marginalizados de então. Mas ninguém é marginalizado aos olhos de Deus e precisamente eles foram os convidados de Natal. Quem se sentia seguro de si, autossuficiente, ficara em casa com as suas coisas; ao contrário, os pastores «foram apressadamente» (Lc 2, 16). Deixemo-nos, também nós, interpelar e convocar nesta noite por Jesus Cristo, vamos confiadamente ter com Ele, a partir daquilo em que nos sentimos marginalizados, a partir dos nossos limites, a partir dos nossos pecados. Deixemo-nos tocar pela ternura que salva. Aproximemo-nos de Deus que Se faz próximo, detenhamo-nos a olhar o presépio, imaginemos o nascimento de Jesus Cristo: a luz e a paz, a pobreza extrema e a rejeição. Entremos no verdadeiro Natal com os pastores, levemos a Jesus Cristo aquilo que somos, as nossas marginalizações, as nossas feridas não curadas, os nossos pecados. Assim, em Jesus Cristo, saborearemos o verdadeiro espírito do Natal: a beleza de ser amado por Deus. Com Maria e José, paremos diante da manjedoura, diante de Jesus Cristo que nasce como pão para a minha vida. Contemplando o seu amor humilde e infinito, digamos-Lhe pura e simplesmente obrigado: Obrigado, porque fizestes tudo isto por mim.



© Copyright - Libreria Editrice Vaticana



http://goo.gl/RSVXh5        portal da Confraria Bolos D. Rodrigo

 

Os meus filmes

1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv           http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012
5.º – Tempo de Poesia

Os meus blogues

--------------------------------------------
Os meus filmes
1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv           http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
http://www.algarvehistoriacultura.blogspot.pt              sobre o ALGARVE

http://www.passo-a-rezar.net/       meditações cristãs
http://www.descubriter.com/pt/             Rota Europeia dos Descobrimentos
http://www.psd.pt/ Homepage - “Povo Livre” - Arquivo - PDF
http://www.radiosim.pt/        18,30h – terço todos os dias
(livros, música, postais, … cristãos)
http://www.livestream.com/stantonius         16h20 – terço;  17h00 – missa  (hora de Lisboa)

CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA COM OS CARDEAIS

CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA COM OS CARDEAIS
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Capela Paulina
Sábado, 17 de dezembro de 2016

 No momento em que a expectativa vigilante se torna mais intensa no percurso do Advento; neste instante em que a Igreja, hoje, começa a rezar com as grandes antífonas, momento forte durante o qual nos aproximamos do Natal, a Liturgia faz-nos deter-nos um pouco. Diz: “Paremos” e faz-nos ler este trecho do Evangelho. Que significa este deter-se num momento em que vai progredindo em intensidade? Simplesmente, a Igreja quer que façamos memória: “Pára e faz memória. Olha para trás, olha para a estrada». A memória: esta atitude deuteronómica que confere tanta força à alma (também pessoa celeste, pessoa espiritual, pessoa natural). A memória que a própria Escritura sublinha como modo de rezar, de encontrar Deus. «Recordai-vos dos vossos chefes», diz-nos o autor da Carta aos Hebreus (13, 7). «Recordai-vos dos primeiros dias...» (Hb 10, 32): a mesma coisa. E depois, nessa Carta, aquela multidão de testemunhas, no capítulo 11, que percorreram muita estrada para chegar à plenitude dos tempos: «Fazei memória, olhai para trás para poder ir em frente melhor». Este é o significado da jornada litúrgica de hoje: a graça da memória. É necessário pedir esta graça: não esquecer.
É próprio do amor o facto de não esquecer; é próprio do amor ter sempre sob o olhar o muito, o muito bem que recebemos; é próprio do amor olhar para a história: de onde viemos, os nossos pais, os nossos antepassados, o caminho da fé... E esta memória faz-nos bem porque torna ainda mais intensa esta expectativa vigilante do Natal. Um dia calmo. A memória que remonta ao início da eleição do povo: «Jesus Cristo, Filho de David, Filho de Abraão» (Mt 1, 1). O povo eleito que caminha rumo a uma promessa com a força da aliança, das sucessivas alianças que vai fazendo. Assim é o caminho do cristão, assim é o nosso caminho, simples. Fizeram-nos uma promessa, foi-nos dito: caminha na minha presença e sê irrepreensível como é o nosso Pai. Uma promessa que afinal será plena, mas que se consolida com cada aliança que nós fazemos com o Senhor, aliança de fidelidade e faz-nos ver que não fomos nós que elegemos: faz-nos compreender que todos nós fomos eleitos. A eleição, a promessa e a aliança são como os pilares da memória cristã, este olhar para trás a fim de seguir em frente.
Esta é a graça de hoje: fazer memória. E quando escutamos este trecho do Evangelho, há uma história, uma história de graça, tão grande; mas também uma história de pecado. No caminho sempre encontramos graça e pecado. Aqui, na história da salvação há grandes pecadores, nesta genealogia (cf. Mt 1, 1-17), e há alguns santos. E também nós, na nossa vida, encontraremos o mesmo: momentos de grande fidelidade ao Senhor, de alegria no serviço, e qualquer momento difícil de infidelidade, de pecado que nos faz sentir a necessidade de salvação. Esta é também a nossa segurança porque, quando precisamos de salvação, confessamos a fé, façamos uma profissão de fé: «Eu sou pecador, mas Tu podes salvar-me, Tu levas-me em frente». E assim vamos em frente na alegria da esperança.
No Advento, começamos a percorrer este caminho, na expectativa vigilante do Senhor. Hoje paremos, olhemos para trás, vejamos que o caminho foi bonito, que o Senhor não nos desiludiu, que o Senhor é fiel. Vejamos também que tanto na história como na nossa vida houve momentos belíssimos de fidelidade e momentos maus de pecado. Mas o Senhor está ali, com a mão estendida para te levantar e te dizer: «Segue em frente!». E esta é a vida cristã: vai em frente, rumo ao encontro definitivo. Este caminho de muita intensidade, na expectativa vigilante que venha o Senhor, nunca nos tire a graça da memória, de olhar para trás, para tudo aquilo que o Senhor fez por nós, pela Igreja, na história da salvação. E assim compreenderemos porque hoje a Igreja faz ler este trecho que pode parecer um pouco maçador, mas aqui encontramos a história de um Deus que quis caminhar com o seu povo e tornar-se afinal um homem, como cada um de nós.
Que o Senhor nos ajude a retomar esta graça da memória. «Mas é difícil, maçador, há muitos problemas...». O autor da Carta aos Hebreus tem uma frase belíssima para os nossos lamentos, belíssima: «Fica tranquilo, ainda não resististe até ao sangue” (cf. 12, 4). Inclusive um pouco de humorismo, por parte daquele autor inspirado, pode ajudar-nos a ir em frente. O Senhor nos dê esta graça.

Saudação no final da missa
Gostaria de vos agradecer esta concelebração, por me terem acompanhado neste dia: muito obrigado! E a Vossa Eminência, Cardeal decano, as Suas palavras deveras sinceras: muito obrigado!
Desde há alguns dias vem-me à mente uma palavra, que parece feia: a velhice. Assusta, pelo menos, assusta... Também ontem, para me oferecer um dom, monsenhor Cavalieri ofereceu-me o De senectute de Cícero — uma gota a mais... Recordo o que vos disse a 15 de março [de 2013], no nosso primeiro encontro: «A velhice é a sede da sabedoria». Esperemos que também para mim seja isto. Esperemos que seja assim!
Vem-me à mente também — dado que veio tão cedo, dado que veio tão cedo — vem-me à mente aquele poema... acho de Plínio: «Tacito pede lapsa vetustas» [Ovídio]: chegará a velhice recurvada com passo silencioso. É assustador! Mas quando a consideramos como uma etapa da vida que serve para proporcionar alegria, sabedoria, esperança, começamos a viver. E vem-me à mente também outra poesia que vos citei naquele dia: «A velhice é tranquila e religiosa» — «Es ist ruhig, das Alter, und fromm» [Hölderlin].
Rezai para que a minha seja assim: tranquila, religiosa e fecunda. E também jubilosa. Obrigado.


© Copyright - Libreria Editrice Vaticana



http://goo.gl/RSVXh5        portal da Confraria Bolos D. Rodrigo

 

Os meus filmes

1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv           http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
4.º – Natal de 2012
5.º – Tempo de Poesia

Os meus blogues

--------------------------------------------
Os meus filmes
1.º – As Amendoeiras em Flor e o Corridinho Algarvio.wmv           http://www.youtube.com/watch?v=NtaRei5qj9M&feature=youtu.be
2.º – O Cemitério de Lagos
3.º – Lagos e a sua Costa Dourada
http://www.algarvehistoriacultura.blogspot.pt              sobre o ALGARVE

http://www.passo-a-rezar.net/       meditações cristãs
http://www.descubriter.com/pt/             Rota Europeia dos Descobrimentos
http://www.psd.pt/ Homepage - “Povo Livre” - Arquivo - PDF
http://www.radiosim.pt/        18,30h – terço todos os dias
(livros, música, postais, … cristãos)
http://www.livestream.com/stantonius         16h20 – terço;  17h00 – missa  (hora de Lisboa)