VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À POLÓNIA
POR OCASIÃO DA XXXI JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
(27-31 DE JULHO DE 2016)
POR OCASIÃO DA XXXI JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
(27-31 DE JULHO DE 2016)
SANTA
MISSA NOS 1050 ANOS DO BAPTISMO DA POLÓNIA
HOMILIA
DO SANTO PADRE
Częstochowa
Quinta-feira, 28 de julho de 2016
Quinta-feira, 28 de julho de 2016
Das leituras desta
Liturgia emerge um fio divino que passa para a história humana e tece a
história da salvação.
O apóstolo Paulo fala-nos do
grande desígnio de Deus: «Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o
seu Filho, nascido de uma mulher» (Gal 4, 4). A história, porém diz-nos que,
quando chegou esta «plenitude do tempo», isto é, quando o Filho Se fez homem, a
humanidade não estava particularmente preparada nem era um período de
estabilidade e de paz: não havia uma «idade de ouro». A cena deste mundo não
era merecedora da vinda do Filho; antes pelo contrário, já que «os seus não O
receberam» (Jo 1, 11).
Assim a plenitude do tempo foi um dom de graça: Deus encheu o nosso tempo com a
abundância da sua misericórdia; por puro amor – por puro amor – inaugurou a
plenitude do tempo.
Impressiona sobretudo o modo como se realiza a entrada do Filho na
história: «nascido de uma mulher». Não há qualquer entrada triunfal,
qualquer manifestação imponente do Todo-Poderoso. Não Se manifesta como um sol
ofuscante, mas entra no mundo da forma mais simples, chega como uma criança
através da mãe, com aquele estilo de que nos fala a Sagrada Escritura: como a
chuva sobre a terra (cf. Is 55, 10), como a menor das sementes que
germina e cresce (cf. Mc 4, 31-32). Assim – ao contrário do que
esperaríamos e talvez quiséssemos – o Reino de Deus, hoje como então, «não vem
de maneira ostensiva» (Lc 17,
20), mas na pequenez, na
humildade.
O Evangelho de hoje retoma este
fio divino que atravessa delicadamente a história: da plenitude do tempo
passamos ao «terceiro dia» do ministério de Jesus Cristo (cf. Jo 2, 1) e ao anúncio da «hora» da
salvação (cf. v. 4). O tempo restringe-se e a manifestação de Deus acontece
sempre na pequenez. Assim «Jesus Cristo realizou o primeiro dos seus sinais
miraculosos» (v. 11), em Caná da Galileia. Não há um gesto estrondoso
realizado diante da multidão nem uma intervenção que resolva um problema
político flagrante como a subjugação do povo à dominação romana. Pelo
contrário, numa pequena aldeia, tem lugar um milagre simples que alegra o
casamento de uma jovem família, completamente anónima. E, contudo a água
transformada em vinho na festa de núpcias é um grande sinal porque revela o
rosto esponsal de Deus, de um Deus que Se põe à mesa connosco, que sonha e
realiza a comunhão connosco. Diz-nos que o Senhor não Se mantém à distância,
mas é vizinho e concreto,
está no nosso meio e cuida de nós, sem decidir em nosso lugar nem Se ocupar de
questões de poder. De facto, prefere encerrar-Se no que é pequeno, ao contrário
do homem que tende a querer possuir algo sempre maior. Deixar-se atrair pelo
poder, a grandeza e a visibilidade é tragicamente humano, resultando uma grande
tentação que procura insinuar-se por todo o lado. Ao passo que é
requintadamente divino dar-se aos outros, eliminando as distâncias, permanecendo
na pequenez e habitando concretamente a quotidianidade.
Por conseguinte, Deus salva-nos,
fazendo-Se pequeno, vizinho e concreto.
Antes de mais nada, Deus faz-Se pequeno.
O Senhor, «manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), prefere os pequeninos, a quem
é revelado o Reino de Deus (cf. Mt 11, 25); são grandes a seus olhos e,
sobre eles, pousa o seu olhar (cf. Is 66, 2). Prefere-os porque se opõem
àquele «estilo de vida orgulhoso» que vem do mundo (cf. 1 Jo 2, 16). Os pequenos falam a mesma
língua d’Ele: o amor humilde que os torna livres. Por isso, Jesus Cristo chama
pessoas simples e disponíveis para serem seus porta-vozes e confia-lhes a
revelação do seu nome e os segredos do seu Coração. Pensemos em tantos filhos e
filhas do vosso povo: nos mártires que fizeram resplandecer a força desarmada
do Evangelho; nas pessoas simples e, todavia extraordinárias que souberam
testemunhar o amor do Senhor no meio de grandes provações; nos arautos mansos e
fortes da Misericórdia, como São João Paulo II e Santa Faustina. Através destes «canais» do seu
amor, o Senhor fez chegar dons inestimáveis a toda a Igreja e à humanidade
inteira. E é significativo que este aniversário do Baptismo do vosso povo tenha
coincidido precisamente com o Jubileu da Misericórdia.
Além disso, Deus é vizinho,
o seu Reino está próximo (cf. Mc 1, 15): o Senhor não quer ser temido
como um soberano poderoso e distante, não quer permanecer num trono celeste ou
nos livros da história, mas gosta de mergulhar nas nossas vicissitudes de cada
dia para caminhar connosco. Ao pensarmos no dom de um milénio abundante de fé,
é bom, antes de tudo, agradecer a Deus que caminhou com o vosso povo, tomando-o
pela mão – como faz um papá com o seu menino – e acompanhando-o em tantas
situações. Isto mesmo é o que nós, também enquanto Igreja, sempre somos
chamados a fazer: ouvir, envolver-se e tornar-se vizinho, partilhando as
alegrias e as canseiras das pessoas, de modo que o Evangelho se comunique da
forma mais coerente e frutuosa, ou seja, por irradiação positiva, através da
transparência da vida.
Por fim, Deus é concreto.
Das leituras de hoje sobressai que tudo, na acção de Deus, é concreto: a
Sabedoria divina age «como arquitecto» e «brinca» (cf. Prv 8, 30), o Verbo faz-Se carne, nasce de
uma mãe, nasce sob o domínio da Lei (cf. Gal 4, 4), tem amigos e participa numa
festa: o Eterno comunica-Se transcorrendo o tempo com pessoas e em situações
concretas. Também a vossa história, permeada de Evangelho, Cruz e fidelidade à
Igreja, regista o contágio positivo de uma fé genuína, transmitida de família
para família, de pai para filho e, sobretudo pelas mães e as avós, a quem muito
devemos agradecer. De modo particular, pudestes palpar a ternura concreta e
providente da Mãe de todos que vim aqui venerar como peregrino e que saudamos,
no Salmo, como «a honra do nosso povo» (Jdt 15, 9).
É precisamente para Ela que nós,
aqui reunidos, levantamos o olhar. Em Maria, encontramos a plena
correspondência ao Senhor: e assim, na história, entrelaça-se com o fio divino
um «fio mariano». Se existe qualquer glória humana, qualquer mérito nosso na
plenitude do tempo, é Ela: é Ela aquele espaço, preservado liberto do mal, onde
Deus Se espelhou; é Ela a escada que Deus percorreu para descer até nós e
fazer-Se vizinho e concreto; é Ela o sinal mais claro da plenitude do tempo.
Na vida de Maria, admiramos esta pequenez amada por Deus, que «pôs os olhos na
humildade da sua serva» e «exaltou os humildes» (Lc 1, 48.52). E nisso tanto Se deleitou,
que d’Ela Se deixou tecer a carne, de modo que a Virgem Se tornou Progenitora
do Filho, como proclama um hino muito antigo que há séculos vós Lhe
cantais. A vós que ininterruptamente vindes ter com Ela, acorrendo a esta
capital espiritual do país, continue a Virgem Mãe a mostrar o caminho e vos
ajude a tecer na vida a teia humilde e simples do Evangelho.
Em Caná, como aqui em Jasna Góra,
Maria oferece-nos a sua proximidade e ajuda-nos a descobrir o que falta à
plenitude da vida. Hoje, como então, fá-lo com solicitude de Mãe, com a
presença e o bom conselho, ensinando-nos a evitar arbítrios e murmurações nas
nossas comunidades. Como Mãe de família, quer-nos guardar juntos, todos juntos. O caminho
do vosso povo superou, na unidade, tantos momentos duros; que a Mãe, forte ao
pé da cruz e perseverante na oração com os discípulos à espera do Espírito
Santo, infunda o desejo de ultrapassar as injustiças e as feridas do passado e
criar comunhão com todos, sem nunca ceder à tentação de se isolar e impor.
Nossa Senhora, em Caná, mostrou-Se
muito concreta: é uma Mãe que tem a peito os problemas e intervém,
que sabe individuar os momentos difíceis e dar-lhes remédio com discrição,
eficácia e determinação. Não é patroa nem protagonista, mas Mãe e servidora.
Peçamos a graça de assumir a sua sensibilidade, a sua imaginação ao servir quem
passa necessidade, a beleza de gastar a vida pelos outros, sem preferências nem
distinções. Que Ela, causa da nossa alegria e portadora da paz por entre a
abundância do pecado e as turbulências da história, nos obtenha a
superabundância do Espírito para sermos servidores bons e fiéis.
Pela sua intercessão, que se
renove, também para nós, a plenitude do tempo. De pouco serve a passagem do
antes ao depois de Jesus Cristo, se permanece uma data nos anais da história.
Possa realizar-se, para todos e cada um, uma passagem interior, uma Páscoa do
coração para o estilo divino incarnado
por Maria: agir na pequenez e acompanhar de perto, com coração simples e
aberto.
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1.º
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